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Erro e procura da verdade

30 mar

A frase do escritor russo Mikhail Saltykov-Tcherdrine, que escreveu sobre o pseudônimo M. Nepanov (escreveu Contradições) sobre o erro: “quem nunca procurou a verdade com certeza nunca errou”, bem melhor que o adágio popular: “só não erra quem nunca tenta”, porque mesmo que seja de modo inocente sempre se tenta algo.

Completa este pensamento sua frase: “Há épocas em que a sociedade, tomada de pânico, se desvia da ciência e procura a salvação na ignorância”, algo que parece típico de nosso tempo: de início ignorar a pandemia e as vacinas, depois ignorar os perigos que dela decorrem e por fim tentar conviver como se a doença seja algo natural, e os remédios é vacinar quatro, cinco, … vezes, e esperamos que as cepas realmente sejam mais brandas.

Insensatez e frivolidade parecem ser reações a uma crise que se aprofunda, além da guerra, uma alta de preços e escassez de alimentos se avizinha, sim o que ocorre por enquanto parece contornável e quando não o for mais, o que seria sábio fazer, parece que poucos se preocupam.

Escolhi falar de um desconhecido autor literário do século XIX, ele não viveu o período da União Soviética, para atestar a ignorância de punir a cultura, a ciência e os esportes da Rússia, como uma punição de uma guerra, sem dúvida injusta, mas da qual também o povo russo é vítima.

Mesmo vendo os horrores acontecendo na Ucrânia, não podemos ignorar os horrores do Ocidente e a escalada bélica que poderá ter num futuro próximo outros capítulos tão dolorosos quanto os atuais, é uma escalada que parece não ter retorno.

Não se pode ignorar os erros da segunda guerra, os erros do período pós-guerra, as inúmeras intervenções no Oriente, na Ásia e na África que causaram guerras e mortes igualmente condenáveis.

É preciso reconhecer os erros, é preciso um doloroso perdão do período colonial, ainda em curso, e é preciso permitir aos povos que vivam sua cultura, seus ideais, como desenvolveu Raymond Aron (Guerra e Paz entre as nações) e em segurança, o autor cita Clausewitz em seu livro: “A “guerra é um ato de violência, e não há limites à manifestação desta violência” (Aron, p. 69).

É um momento difícil em que apenas apontamos aos outros nossos erros, sem olhar para os próprios.

 

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