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Ulisses, o drama moderno e a guerra

11 mai

Toda estrutura do romance moderno se desenrola quase sempre em torno do herói romântico moderno, assim é preciso que ao final ele se realize dentro de seu objetivo pessoal e que tem a aparência de universal, o aforisma kantiano da ética: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei universal”, mas ela parte do indivíduo e não do todo.

O todo fica para o holístico, e de certa forma para o místico, assim devem ser entendidos desde os personagens míticos de Ilíada e Odisséia do Ulisses de Homero (928 a.C.-898 a.C.) aos personagens de Ulisses de James Joyce (1882-1941).

Em ambos há um herói o Ulisses de Homero e Leopold Bloom de Joyce, uma mulher Penélope de Homero e Molly Bloom de Joyce, um filho Telêmaco de Ulisses de Homero e Stephen Dedalus no romance de Joyce, que vai estudar em Paris e quando volta vai morar numa forte circular chamado Torre do Martello, com um rival e Malachi Buck Bullighan, o romance é escrito no período da guerra entre 1914 e 1921 e uma visão de fim de mundo é um cenário para Joyce.

Na Odisséia Ulisses ficará 10 anos fora do lar, deixando Penélope e Telêmaco, no romance de Joyce coloca Leopold Bloom em crise com as traições da mulher e a distância do filho, atualizando o amor filial (filia) e erótico (eros), porém o problema do amor agápe é colocado no centro da crise o que pode ser um fio condutor entre o romance clássico e o moderno.

Outro fio condutor é o tipo de herói, o herói épico é um guerreiro que vai a guerra por amor a seu povo enquanto o moderno enfrenta a guerra de modo individual, a moda de Dom Quixote e diante da ética Kantiana, a semana passada foram feitos post da Paz Perpétua de Kant e suas limitações, porém a raiz está no distanciamento dos ágape, um mundo de conquistas e poder onde o interesse prevalece sobre o bem comum.

O amor ágape não é apenas religioso ou mesmo altruísta, ele existe em instituições de acolhimento de pobres, exilados, tóxico-dependentes, emigrantes e esforços na Pandemia, sem eles o número de mortos e excluídos na sociedade já teria causado maiores crises sociais que as atuais e deixaria a civilização sem uma perspectiva e sem esperança.

JOYCE, J. Ulysses, Trad. António Houaiss. Portugal: Difel, 1983. (pdf)

HOMERO. Ilíada e Odisseia, trad. Carlos Alberto Nunes. Editora Nova Fronteira, 2015. (pdf)

 

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