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Os mapuches, a ontologia e a paz

18 mai

Um dos povos originários mais resilientes da colonização das Américas é o povo Mapuche, são mais de um milhão de pessoas e se estudem pelo sul do Chile e Argentina, e se veem mais uma vez traídos por governos que prometem liberdade para viverem como nação e serem respeitados.

Porém a interpretação mais verdadeira, que remete a uma espécie de ontologia originária, é Mapúmche, que significa todos os seres que habitam o cosmos: os seres vivos, as árvores, as pedras, a água, o vento etc. é provável que a chegada dos espanhóis reduziu a palavra para Mapuche, que significa apenas povos da terra.

Li com tristeza que o novo governo Boric que prometeu em campanha suspender as medidas restritivas na região que recebe o nome colonizado de “La araucanía” (nome dado pelos colonizadores espanhóis) voltou a ser militarizada por causa das reivindicações de terras indígenas.

Disse a ministro do Interior, Izkia Siches, ao enviar militares a região: “Decidimos fazer uso de todas as ferramentas para fornecer segurança” à região e o longa saga dos mapuches continua.

Os mapuches sempre souberam que a língua os unifica, diz a ontologia ocidental que a linguagem é morada do ser, e rejeitavam o nome araucanos, que lembra as araucárias e os transformam em povos aborígenes, também a exótica ideia que mapuche seria derivada do grego, de um historiador Kilapan Lonko, que escreveu “El origen greco de los Araucanos”, uma falsificação da história.

Muitas palavras Mapuches entraram na língua chilena, choclo (milho), huacho (filho ilegítimo), laucha (rato pequeno), quiltro (cachorro), ruca (casa), etc. e uma interpretação popular de mapuche é mapu (terra), che (gente no sentido de povo), assim vários locais e cidades do chile possuem o prefixo hue: Carahue, Colhue, Pencahue e outras.

O extrato do documentário “Los araucanos”, intitulado “Mapuches: idioma o espelho da alma” de 1978, que equivocadamente os chama de povos araucanos, mostra a importância do idioma que os mapuches sempre tiveram que remete a ontologia dos povos originários.

Também o historiador e professor pela Universidade do Chile, o mapuche Rodrigo Huenchún explica que a cultura tem sido cada vez mais apropriada como manifestação política, desde a ditadura de Pinochet, além dele outros nomes conhecidos na cultuar são os de David Aniñir, Roxana Miranda e Elisa Loncon e muitos outros.

O reconhecimento da cultura dos povos, se suas raízes originárias estão na raiz da paz verdadeira, este é o drama do homem moderno, do esquecimento do ser, de suas vivências e de suas raízes.

(18) Mapuches no Chile: idioma, o espelho da alma – YouTube

 

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