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Serenidade, originário e paz

19 mai

Serenidade remete a ideia de uma super qualidade do Ser, vem do latim serenus, que é diferente de paciência que vem de patientia, “resistência e submissão” e é antes confundida com sereno.

Três qualidades do Ser podem ser diretamente ligadas a serenidade: tranquilo, significa resolver os problemas com a paz, calmo que significa manter seu interior em Paz e claro significa expressar e comunicar a paz com clareza.

Heideger escreveu um opúsculo sobre Serenidade, no início termina o capítulo com uma frase que expressa em filosofia uma síntese da serenidade: “quando a serenidade para com as coisas e a abertura ao mistério despertarem em nós, deveríamos alcançar um caminho que conduza a um novo solo. Neste solo a criação de obras imortais poderia lançar novas raízes” (HEIDEGGER, 1959, p. 27).

Falta-nos na concepção de Ser e que Heidegger destaca em sua ideia sobre o originário a ideia de Região, assim como foi traduzido do alemão, mas poderia ser o locus (horizonte)de pertencimento uma nação como Ser em sua verdadeira identidade originária, escreveu Heidegger:

“Não estamos nem nunca estamos fora da Região, uma vez que como seres pensantes […] permanecemos no horizonte […] O horizonte é, porém, o lado da Região virado para o nosso poder de re-presentação (Vor-stellen). A região rodeia-nos e mostra-se-nos como horizonte” (HEIDEGGER, 1959, p. 48).

Aqui é preciso voltar a um dilema do pensamento de Heidegger, tendo em vista que estar em meio à Região é permanecer no horizonte: estar, mas não estar nessa senda originária, significa que é uma re-velação da Região, que se faz visível ao ente, nela seu Ser é.

O filósofo afirma que a serenidade pressupõe o estar liberto (Gelassensein) e a Região a-propria (Ge-eignet) e confia ao ente sereno (gelassen) a guarda da serenidade.  ora, se o aguardar é então fundamental e decisivo do qual falamos é a a-propriação ao qual “nós pertencemos àquilo que aguardamos” (HEIDEGGER, 1959, p. 50)

Não ignora o autor a ausência deste conceito no Ocidente, um desconhecimento histórico: “a essência do pensamento não pode ser determinada a partir do pensamento, isto é, a partir do aguardar enquanto tal, mas sim a partir do outro de si mesmo (Anderer seiner selbst), ou eja, a partir da Região, que é na medida em que se religionaliza” (HEIDEGGER,           1959, P. 51).

Nisto de fundamentam as guerras contemporâneas, sem esquecer que muitas delas tiveram origem na disputa dos territórios de povos originários onde seu Ser foi completamente ignorado.

 

HEIDEGGER, M. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget, 1959.

 

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