Vaidosos e humildes
A palavra vaidade tem sua origem no termo latino, vanus, que quer dizer vão, vazio.
Em geral, diz-se que o contrário de vaidade é modéstia, simplicidade, porém é confundir vaidoso com orgulhoso, o orgulho imagina que todos depende de sua presença e qualidades, porém o vaidoso precisa de bajuladores e subservientes.
Prefiro dizer que o contrário de vaidade é humildade, que vem de húmus, adubo do qual brota a fertilidade, o humilde sabe de suas deficiências e por isto cresce em sua pequenez e atinge mais sabedoria que o vaidoso que tem dificuldade de ver suas limitações.
A razão da confusão da palavra humildade é que existe um superlativo absoluto sintético que é humílimo, este sim indica condição baixa, obscuridade e pobreza, mas veja é seu superlativo, ou seu exagero, o humilde sabe que tem também qualidades.
Sempre é possível a correção mútua para o crescimento, o vaidoso não sabe disto, como diz Exupéry: “mas o vaidoso não ouvi. Os vaidosos só ouvem elogios”.
Por isto o vaidoso, próprio de nosso tempo, gosta do consumo da liberdade plena sem restrições, Byung-Chul Han em sua análise do poder psicopolítico afirma: “Hoje, o poder assume cada vez mais uma forma permissiva. Em sua permissividade, ou melhor, em sua afabilidade, o poder põe de lado sua negatividade e se passa por liberdade.”
A fácil reconhecer os vaidosos: gostam de sentar na primeira fila, são sempre arrogantes em suas verdades e posições, não olham para o Outro e para o lado, e no caso das religiões acham-se santos, privilegiados ou unicamente amados pelo divino.
Qualquer literatura cultural ou religiosa demonstra que isto é uma fonte de erros e uma estagnação no desenvolvimento das pessoas e da sociedade, é o inverso do processo civilizatório, pois é a incapacidade de corrigir rotas e erros.