RSS
 

A volta do mal

19 set

Ainda que por ingenuidade ou por contexto social, de tempos em tempos demônios, existentes ou não, voltam a nos assombrar, há entre a realidade e a ficção uma verdade: ele existe, senão no imaginário (como pensam alguns) também como entidade real.

Os filmes de terror, quase todos mera ficção existem, e o seu público não é pequeno como o caso de “O exorcista” (1973) e “A hora do pesadelo” ( 1980) dois clássicos do gênero, porém há filmes que pode-se destacar como obras de arte: “Nosferatu” (1922 e remake 2018) e “Corra!” do diretor e roteirista Jordan Peele, que concorreu ao Oscar de melhor filme em 2018.

Na obra dirigida por F. W. Murnau (1922) há algo do expressionismo alemão, com técnicas do uso de sombras, tratado mais como uma loucura em torno do desconhecido,  lembre-se também que estamos num entre-guerras quando Alemanha e Rússia assinam o Tratado de Ropallo, tentando formar um contrapeso na geopolítica mundial da época, acordo que durará até Hitler.

Certamente há outros filmes, porém, reaparecem agora com tom e cores mais fortemente religiosas: “O exorcista do papa” (Julius Avery, lançado este ano) que fala de fatos acontecidos com o padre Gabriele Amorth que foi oficialmente exorcista de Roma reconhecido pela Igreja Católica, no filme encenado por Russel Crowe (Caras – Nice Guys, Promessas de Guerra – The Water Diviner), o outro filme de demônios é Nefarious (Chuck Konzelman e Cary Solomon, baseado no romance de 2016 de Steve Deace: A Nefarious plot).  

Enquanto Nefarious é mais uma ficção sobre a existência e artimanhas do Demônio, com algum contorno cristão, O exorcista do Papa é baseado em fatos reais narrados pelo próprio padre Gabriele, que realizou mais de 60 mil exorcismos e certamente alguns de destaque foram selecionados, entre as conversas que estão ali narradas, cito a mais importante, na qual numa possessão ele diz que o demônio só pode fazer aquilo que Deus permitiu, seu poder é limitado.

Não aprecio o gênero, porém tive mais paciência com “O exorcista do papa” por curiosidade e tentativa de entender a problemática, mas situada num contexto de confusa questão social e perigo de uma guerra ainda mais sangrenta do que as que estão em curso, mas sem maniqueísmo, a potência do mal não é superior a do bem, e seus efeitos não são comparáveis.

O mal tem existência real pela ausência do bem, assim pensava Agostinho de Hipona que foi maniqueísta na juventude.

 

Comentários estão fechados.