O mal e as guerras de Dario
A separação entre a história humana laica e a religiosa nem sempre é possível sem uma adulteração de ambas por parte de quem a faz de modo particular.
Neste processo também se insere a questão do bem e do mal, é pensamento comum que serão “salvos” aqueles que estão nesta ou naquela confissão religiosa, ou ainda, que de alguma forma aceitaram Deus em suas vidas, esta é só uma parte da verdade.
Diz a leitura bíblica: “nem todo aquele que diz ‘Senhor Senhor!!’ entrará no reino dos céus” (Mt 7,21) e assim a compreensão do que significa de fato fazer um bem agradável aos céus, não é nem de longe o simples compromisso religioso formal ou nominal, é preciso a vontade.
A vontade também não é como uma crença que se espalha nos dias de hoje a reafirmação diária do desejo de determinada coisa, chamada de lei da atração ou “o mistério”, nem é também a vontade de potência como pensou Nietzsche, para o filósofo tudo no mundo é Vontade de Potência porque todas as forças procuram a sua própria expansão.
Vontade é num sentido espiritual aquilo que está em consonância com a potência que somos e que devemos desenvolver, dir-se-ia uma vocação, porém em atos cotidianos e que exigem a capacidade de discernir entre a própria vontade, muitas vezes impetuosa, e aquela que é um bem.
Aquilo pode-se distinguir melhor o mal, ausência do bem, e este mal, é o que desenvolvemos na semana passada como a inadequação do bem: enriquecer de modo ilícito, ser superior aos outros, julgar por critérios próprios não universais, enfim uma infinidade de questões são um mal não aparente, mas real.
Uma história universal e citada na bíblia é a de Dario no Império Persa, não sendo religioso ele chegou a nomear o profeta Daniel a uma de suas províncias (chamadas sátrapias), determina que o povo hebreu seja repatriado e autoriza a reconstrução do templo, conforme narra o livro de Esdras.
Sem ser religioso reconhece o povo hebreu, assim Dario tem um lugar privilegiado na história bíblica e religiosa, também um outro evento curioso é a guerra dos medos e lídios, após uma batalha indecisiva, no dia 25 de maio do ano de 585 a.C., ambos exércitos encerram a luta por um sinal no céu, que na verdade era um eclipse lunar anular.
Esta data foi confirmada por cálculos científicos, sendo uma das primeiras de eclipse anular registrado, outro igual acontecerá dia 14 de outubro próximo.
Assim pode-se entender os desígnios históricos e divinos mesmo sem uma crença, como fez o rei Dario e fazer aquilo que é justo e bom para os povos e a humanidade.
Em tempos de ameaças de guerra, encontrar este bem pode evitar grandes desastres.