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Felicidade, medo e serenidade

10 abr

Entre os principais convidados de “Fronteiras do Pensamento” está Luc Ferry, ainda pouco conhecido no Brasil, e já com um certo expoente na Europa ele também falou do medo, um dos nossos temas desta semana.

Defende uma espiritualidade laica, para mim e outros cristãos frágil, porém alguns de seus raciocínios e comentários são importantes, por exemplo sobre felicidade: “… não existe, temos momentos de alegria, mas não existe um estado permanente de satisfação …. podemos almejar é a serenidade, algo completamente diferente. Só se atinge a serenidade vencendo o medo” (entrevista ao Fronteiras do Pensamento).

Classifica o medo em três tipos: a timidez (surge em função do ambiente e da sociedade), a fobia (medo do escuro, de insetos, de ficar presos num elevador), ao nosso ver é o único que realmente se encerra dentro daquilo que o autor trabalha principalmente: a psicologia, e o terceiro é o medo da morte (das pessoas que amamos e de nossa própria morte), ao nosso ver este remete necessariamente a finitude da vida e do homem, só é possível transcender com uma espiritualidade não laica.

Cita um importante autor que é Hans Jonas, e seu livro O princípio da responsabilidade, onde há um capítulo chamado de Heurística do medo, descrito como uma paixão positiva e útil.

Através da leitura deste autor faz uma leitura positiva: “A ecologia inverte essa tradição filosófica ao sustentar que o medo é o começo de uma nova sabedoria e que, graças ao medo, os seres humanos vão tomar consciência dos perigos que existem no planeta. O medo não é mais visto como algo infantilizado, mas como o primeiro passo no caminho da sabedoria”.

Se não tivermos medo da guerra, de uma catástrofe atômica, de um planeta desertificado, da fome já presente em pessoas e países pobres, não teremos responsabilidade social, a maioria de nós (que não vivem estes medos) imagina que jamais serão atingidos, porém não é assim.

Reconhece que a religião também trabalho esta questão, mas sua espiritualidade laica afirma que: “só que as grandes filosofias são doutrinas da salvação sem Deus e sem a fé”, então fica a pergunta como vencer a finitude e a morte, e se a ressurreição de Jesus for verdadeira?.

Claro é uma pergunta a partir da fé, mas os homens daquele tempo viram, presenciaram e deram testemunho, então porque não apostar na fé como propunha Pascal, o que perderia com esta “aposta”, claro que é importante ir além, mas poderia ser um primeiro passo.

O que ganho hoje com esta aposta, é uma resposta simples, mais paz e mais convicção da possibilidade da paz, de não precisar destruir para descobrir que optamos pela morte e pelo medo?.

Luc Ferry – A boa vida – YouTube  

 

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