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A modernidade, a esfera pública e a internet

26 Nov

Iniciamos nosso programa de férias, com algumas pitadas de filosofia, é tempo de pensar refletir e sobretudo deseja um futuro melhor para a humanidade, nada melhor em tempos de “crise” ou mudança, como prefiro pensar.

Já dissemos algo de Edgar Morin, agora visitemos o pensamento de outro grande filósofo contemporâneo: Jürgen Habermas.

Como crente na modernidade, apesar de reconhecer sua crise evidente, ele revisita Hegel, ainda que reconheça Kant como um mero precursor do chamado “idealismo” alemão que contaminou todo pensamento moderno.

No´O discurso filosófico da modernidade, Jürgen Habermas elege Hegel como o filósofo paradigmático da modernidade e não Kant, considerado tradicionalmente, mesmo na interpretação hegeliana, como o nome central da modernidade filosófica, e Habermas assim afirma esta convicção:

Kant exprime o mundo moderno em uma construção intelectual. Isso significa, porém, apenas que os traços essenciais da época refletem-se na filosofia kantiana como em um espelho, sem que Kant tenha compreendido a modernidade enquanto tal. É somente de um ponto de vista retrospectivo que Hegel pode entender a filosofia de Kant como uma auto exposição da modernidade (Habermas, Der philosophische Diskurs der Moderne, p. 30).

Mas uma questão importante sua é o da “esfera pública” ao qual talvez possa se aplicar o direito de opinião na internet:

Por “esfera pública “, queremos dizer, antes de tudo o reino de nossa vida social em que algo que se aproxima a opinião pública pode ser formado … Os cidadãos se comportam como um organismo público quando conferir em um frashion irrestrita – ou seja, com a garantia da liberdade de reunião e de associação e a liberdade de expressar e publicar suas opiniões – sobre assuntos de interesse geral … “opinião pública” A expressão refere-se às tarefas de crítica e de controle que um organismo público de cidadãos … (citado em Habermas, 1964 citado em Pusey, 1987: 89).

Ao alterar esta hierarquia tradicional, Habermas elabora uma nova concepção de modernidade assim possível de sobreviver. Partiu da diferenciação sociológica entre modernidade e modernização, isto nos interessa a técnica e a tecnologia, ele procura restabelecer o vínculo, ausente nas teorias correntes da modernização, entre modernidade e racionalidade, no dizer filosófico reduz os processos de industrialização, das máquinas a vapor até a mídia digital, como algo secundário.

Destaca, assim, as relações internas entre o conceito de modernidade e a maneira como esta compreende a si mesma, inserindo-a no horizonte cultural do racionalismo ocidental, não vê assim, a condição material como algo tão importante quanto o pensamento, a crítica a tecnologia e a técnica só pode se consequência deste pensamento, em essência, ainda idealista, mesmo com a crítica a Hegel.

Pusey, Michael. Jürgen Habermas: sociólogos chave, Londres: Routledge, 1987.

 

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