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Hannah Arendt, Filosofia e Amor

19 Dec

Hanna Arendt é, a nosso ver, foi instigada no drama existencial, e dentro dele tomou a questão do Amor, desde cedo com uma questão essencial:

“Em começos de 1924 chegara a Marburg uma estudante judia de 18 anos querendo estudar com Bultmann e Heidegger. É Hannah Arendt. Vinha de uma boa família judia assimilada de Könisberg, onde crescera. Aos 14 anos, sua curiosidade já havia despertado. Leu a Crítica da razão pura, de Kant, dominava grego e latim tão bem que aos 16 anos fundou um círculo de estudos e leitura de literatura antiga. Antes mesmo de suas provas finais no liceu de Könisberg, passou uma temporada em Berlim, onde leu Heidegger e tomou aulas com Romano Guardini (especialista em Kierkegaard)”, escreveu Safranski sobre Hannah.

Ainda adolescente, a pensadora que já havia formado um círculo de filosofia ainda adolescente, escreve suas primeiras preocupações, Hannah Arendt redige o poema Consolo (Trost):

“As horas correm, Die Stunden verrinnen / Os dias passam, Die Tage vergehen, / Resta uma graça Es bleibt ein Gewinnen / O simples persistir. Das blosse Bestehen.” (Young-Bruehl, Hannah Arendt, Por amor ao mundo, p. 53).

Numa carta de Heidegger a ela, “E o que podemos fazer além de nos abrirmos, além de deixarmos ser o que é? Deixar ser de tal modo que o amor se torne para nós uma alegria pura/ casta (reine Freude) e a nascente de cada novo dia de vida. Ser elevado ao que somos. De qualquer maneira, seria possível que um de nós ‘dissesse’ e se abrisse ao outro. Só podemos dizer, contudo, que o mundo não é mais meu nem seu, mas nosso”.

Pensar o mundo como “nosso” e não meu é uma necessidade de nosso tempo, um passo essencial para nossos problemas mundiais.

A tese de doutorado de Hannah foi “O conceito de amor em Santo Agostinho” (ARENDT, 1998).

Ao ler santo Agostinho, objeto de sua tese de doutorado, ela observa a separação entre Amor e gozo: “essa alegria está em amar o amor sem inscrevê-lo em algo particular e passageiro”, e então enfatiza: “O amor espera encontrar com a eternidade a sua própria realização” (Arendt, O conceito de amor em Santo Agostinho, p. 35).

ARENDT, H. O conceito de amor em santo Agostinho. Tradução de Alberto Pereira Dinis. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.
SAFRANSKI, R. Heidegger, um mestre da Alemanha entre o bem e o mal (biografia). Tradução de Lya Luft. Apresentação de Ernilto Stein. São Paulo: Geração Editorial, 2000.

 

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