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A lição de Esaú e Jacó
Há um livro de Machado de Assis sobre dois irmãos também chamados Esaú e Jacó os quais um era monarquista e outro republicano, e faziam sua mãe sofrer pela disputa entre os dois, a história narrada pelo alter-ego de Machado de Assis o conselheiro Aires, trata da luta dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo, em intermináveis conflitos e reconciliações desde o útero da mãe até o começo da idade adulta, e também o amor de ambos pela jovem Flora Batista.
Na narrativa bíblica Esaú é mais velho e diz também que Jacó nasce instantes depois segundo a interpretação bíblica “agarrado ao calcanhar do irmã”, por uma estratégia de engana o pai (veste-se com peles pois o irmão tinha mais pelo) e apesar do seu pai Isaque estar cego reconhece a voz, mas acaba enganado e abençoa o filho, na tradição judaica o mais velho é o patriarca que deve seguir o pai no comando do povo hebreu.
Mas Jacó passará muitos anos fugindo do irmão Esaú por tê-lo usurpado e quando vai ao encontro do irmão luta “uma noite inteira com um anjo” que ao final da luta fere-o no nervo da coxa e passa a mancar depois disto, mas ao final da luta consegue o que queria “ser abençoado” apesar do que havia feito (Gênesis 32:26).
Após a luta o nome Jacó será renomeado para Israel pelo anjo, que significa aquele que lutou com Deus e o lugar da luta que existe é chamado Penuel, próximo ao vau de Jaboque (passagem onde o rio é raso), um dos afluentes do rio Jordão (foto).
A figura de Jacó não tem comprovação histórica, porém as doze tribos que nascem de sua descendência, as famosas doze tribos de Israel, cujas mais conhecidas e citada na história e na narrativa bíblica são ao norte: Asser, Naftali e Manassés Oriental, ao centro Manassés, Dá, Zebulon e Efraim, ao sul: Judá, Rúben e Moab (do famoso deserto), dos filhos de Israel tem ainda José (seus Efraim e Manassés), Benjamin e Levi, que eram sacerdotes não tiveram herança territorial.
Formavam um Reino Unido com diferentes tarefas, a historiografia oficial registra como Reino Unido de Israel e Judá, já que da tribo de Judá sairá a descendência de David, e registra-o como no período de 930 a.C. a 730 a.C. quando foi conquistado pelos neoassírios do rei Salmanaser V, que cobrava pesados impostos dos israelitas.
A lição de Esaú e Jacó tanto pode ser relida para a atual polarização mundial, como para povos “irmãos” que lutam por pedaços de terra e poder.
Enxergando longe e cegando perto
Recentemente observatório especial James Webb enxergou a galáxia mais distante que o homem já pode observar, a galáxia chamada JADES-GS-Z13-0 (foto) está aproximadamente a 320 milhões de anos de anos do Big Bang, o que para nós é uma medida grande, para um universo de 13,5 bilhões de anos significa relativamente alguns segundo após o Big Bang (uma das teorias da formação do universo).
Por outro lado, assistimos a um mundo cada vez mais instável, mais injusto, impiedoso e perigoso, e com um perigo nuclear catastrófico próximo, parece que boa parte da humanidade trata como se tudo fosse uma normalidade, pouco se importando com o destino do planeta e do processo civilizatório que não está estagnado, mas regredindo em passos assustadores.
A estranheza desta descoberta do universo está ao mesmo tempo em que encontramos quantidades de Carbono e Oxigênio nestes corpos, o mesmo James Web descobriu um pouco depois que mais seis galáxias (Jades foi descoberta com outras três “perto”), que eram muito massivas onde se esperava no início do Universo corpos menores do que foram encontrados lá.
A descoberta mostrou que eles têm massas de aproximadamente 100 milhões de massas solares, enquanto o normal seria para galáxias mais jovens massas menores, a nossa Via Láctea por exemplo mais “velha” tem uma massa de 1,5 trilhão de massas solares.
Além disso é um berçário de estrelas, cerca de três sóis nascem lá todos anos, e suas massas são pobres em metais de substâncias químicas mais pesadas que o hélio e hidrogênio (lembremos que eles estão no topo da tabela periódica química a direita e a esquerda).
Se isto devolve a humildade ao conhecimento que temos do universo, o mesmo não acontece com cientistas sociais, antropólogos e paleontólogos, que quanto mais descobrem sobre a nossa origem no planeta, por exemplo que neandertais e o homo sapiens conviveram e até se cruzaram criando uma humanidade diversa, pouco tolerantes estamos com raças e culturas.
E a intolerância significa menos paz, mais perigos e agora não temos pedras, machados e arcos, temos armas nucleares e perigosas usinas atômicas que estão sujeitas não só aos limites humanos, mas também aos naturais e geológicos.
A geosfera e biosfera dependem hoje como nunca antes na história da noosfera e daquilo que cultivamos como cultura civilizatória e como visão das outras culturas e raças.
Os limites perigosos da guerra
Depois de um bombardeio matar civis na região de Lviv, na madrugada de ontem um bombardeio de avião atingiu um prédio escolar que era usado para ajuda humanitária na região de Zaporíjia, na Ucrânia, matando 4 pessoas e ferindo outras 13, desde o início da guerra a Rússia nega ter alvos civis, mas o massacre na região de Bucha ficará marcado na história (na foto a cidade de Mariupol atual).
Por outro lado, os Estados Unidos devem oferecer bombas fragmentadoras, que mutilam e matam na região onde são usadas, fazendo uma análise puramente militar que os avanços da contraofensiva ucraniana aconteceriam de forma mais rápida.
Na Espanha que terá eleições no próximo dia 23, a ministrada da defesa Margarida Robles se opõe ao envio deste tipo de munição enquanto a Alemanha se opõe a entrada da Ucrânia na OTAN, uma vez que em período de guerra um país não pode aderir ao tratado.
O primeiro ministro britânico acompanhou a posição espanhola, mas declarou aos repórteres que “continuaremos a fazer nossa parte de apoiar a Ucrânia contra a invasão ilegal”.
O ex-presidente e ex-primeiro ministro da Rússia Dimitri Medvedev voltou a referir-se a um “armagedom nuclear” devido ao apoio americano a guerra e a posição sobre bombas ilegais.
A polêmica com o grupo de mercenário russos Wagner continua, e o envio novas tropas russas na ordem de centena de milhares para a frente de combate indicada que a denúncia do grupo que os generais omitem o número de mortos é provavelmente correto, e o número de baixas da guerra pode maior do que o noticiado.
Certamente o número de mortes deverá continuar e o perigo nuclear entra cada vez mais nas reportagens mundiais, espera-se juízo e equilíbrio em meio a uma situação difícil da história mundial.
Mercenários, combates intensos e paz dificil
A guerra no leste europeu continua sendo centro de preocupação para a paz mundial, após alguns avanços do exercito ucraniano, a Rússia voltou a avançar no leste em combate descritos como “ferozes” e avanços lentos dos ucranianos no sul, porém são as ameaças em torno maior usina nuclear da Europa, a Zaporizhzhia que ainda preocupam.
Seguem os debates em torno do grupo Wagner, seus reais objetivos e os perigos tanto para os russos como para o ocidente, já que seus métodos e interesses são impiedosos e cruéis, e pensar que poderiam ter acesso ao arsenal nuclear torna o fato ainda mais perigoso.
O papa envio um bispo para conversas com a igreja ortodoxa russa, que pode ser mediadora também, uma vez que tem acesso a Putin e o diálogo religioso entre as igrejas pode favorecer um futuro acordo d paz.
O envolvimento da OTAN e de seus aliados europeus cresce a cada passo novo na guerra, e agora o chanceler russo Lavrov passou a dizer que Zelensky é uma marionete o que acirra o confronto com a Europa e eleva o nível de tensão.
Até o início do outono europeu (primavera aqui o sul do hemisfério) a guerra deve permanecer intensa, mas com poucos avanços de lado a lado, o problema do outono lá e a proximidade do inverno é que se tornam mais estratégicos devido ao clima, a dependência de energia e um crescente aumento de dificuldades de movimentação no solo, até lá é importante alguma estratégia de paz.
O mundo espera por alguma trégua, porém o cenário é cada vez mais complexo, uma vez que o ocidente, através da OTAN se envolve cada vez mais no conflito, enquanto o desprezo e a crueldade russa com a Ucrânia crescem a cada combate uma vez que as perdas de vidas acirram o clima de animosidade e a situação econômica se deteriora.
O mundo e as pessoas de bom senso esperam pela paz, por uma solução negociada e a retomada da vida pacífica na região, que também melhoraria a condição humana no mundo.
Tensão interna na Rússia e a Paz
No sábado (24/06) aconteceu um levante de tropas aliadas ao grupo mercenário Wagner, de Yevgeny Prigozhin, dono de restaurantes empresas de catering na Rússia, chamado de “Chef de Putin”, mas ele próprio gostaria de ser chamado de açougueiro pela crueldade de suas tropas.
Partindo da cidade estratégia militar de Rostov on-Don no sul da Rússia e próximo ao Mar Negro, portando perto da costa onde a Rússia invadiu o território da Ucrânia, após a tomada da base militar russa, o grupo caminhou em direção a Moscou e em poucas horas estava apenas a 200 km em Moscou, que já havia tomado providencias com barricadas e até houve uma explosão em tanques de petróleo, em Voronezh, próximo a Moscou (foto).
Também foi registrado o abate de pelo menos 6 aeronaves e um helicóptero, entretanto a entrada em Moscou não seria pacífica e outras bases viriam para combater o grupo rebelde, Putin considerou uma “punhalada pelas costas” e inicialmente condenou Prigozhin e seus aliados ordenando que fossem capturados e chegou a dar uma declaração em rede estatal.
Como intervenção do presidente da Bielorrússia Aleksandr Lukashenko foi feita uma negociação, cujos termos não são claros, porém que isenta Prigozhin e seus aliados de qualquer culpa e foi oferecido asilo político na Bielorrússia, e as tropas recuaram pra evitar “um banho de sangue” e na noite de sábado a rebelião já havia recuado as bases de Rostov on-Don.
Foi visto um avião presidencial russo indo em direção ao norte, mas a informação local é que Putin não estaria a bordo, houveram diversas análises e teorias da conspiração, mas o abate de aeronaves e exílio e acordo com Prigozhin demonstram uma fragilidade interna de Putin.
É bom pensar que uma eventual tomada de poder de Prigozhin é mais perigosa que a própria guerra travada por Putin, uma vez que teria um enorme arsenal bélico nuclear em suas mãos.
Em meio a uma contraofensiva da Ucrânia tudo isto significa mais guerra e distancia a paz.
Faltam pacifistas sinceros que não sejam aliados de ditadores e cruéis mercenários, mas temos esperança que ela virá se corações e mentes se desarmarem.
Fenomenologia e o outro
O Outro não é uma categoria contemporânea, entretanto como que ela se realiza a partir da fenomenologia husserliana é algo inteiramente novo, não por acaso Heidegger, aluno e discípulo de Husserl pensou a ipseidade pensou o enraizamento da alteridade na própria “ipseidade” (Selbstheit) (o que diferencia um ser do outro, recusando-se a pensar o “si-mesmo” (Selbst) segundo as categorias da substância e da “identidade” (Identität), assim sua ontologia do Outro é inteiramente nova (dentro da filosofia).
Se queremos tratar da identidade, categoria própria de um período do individualismo e de pretensas totalidades finitas, podemos dizer que numa antropologia moderna mais atual, a “teoria” da identidade deve ser vista como dando ao Outro o aspecto “semelhante” enquanto “ser humano”, mas definido como “diverso” e “desigual” no conjunto de relações interétnicas, interculturais ou interreligiosas.
É este contato entre diversas culturas, religiões e até mesmo posições identitárias ideológicas, que está em jogo o processo civilizacional, não faltam “influencers” e grupos a incentivar um tipo de cultura em repulsa a outro, tratar o desigual e o diferente como “inimigo” e isto nem quer dizer que eles inexistam, numa guerra por exemplo, mas a negação do Outro.
Não faltam filósofos que trataram o tema, aquilo destacamos a fenomenologia de Husserl e suas influências: Heidegger, Edith Stein, destaco Paul Ricoeur (O si-mesmo como um outro) e Emmanuel Lévinas (Ética e infinito) e Hans-Georg Gadamer (Verdade e Método).
Mas também Habermas (O discurso filosófico da Modernidade e A inclusão do Outro) e Byung-Chul Han (A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje) que são muito bons para análise da comunicação e sociedade nos dias de hoje, mas sem uma visão clara do Ser enquanto Ser como na ontologia heidegeriana.
Reconhecer o Outro como tendo uma dignidade e merecendo o respeito, mesmo que em posições diferentes da nossa é o remédio para a falta de empatia nos dias de hoje.
Esperança de paz e armas táticas
Em meio a tentativas internacionais de intermediar a guerra na Ucrânia, vários países africanos liderados pela África do Sul através de seu presidente, visitaram no final da semana passada a Ucrânia e a Rússia, os resultados não são esperançosos, mas cada tentativa de paz é um novo alento e cresce a opinião pública internacional por uma paz negociada e diplomática.
A missão além do presidente da Africa do Sul Ramaphosa, estavam também os presidentes do Senegal Macky Sall, da Zâmbia Hakainde e de Camores Azali Assoumani, além de altos representantes congolenses, ugandeses e egípcios.
Na Ucrânia além de conversas com o presidente Zelensky, visitaram o cemitério onde estão centenas de civis da cidade de Bucha, uns dos maiores massacres promovido pela invasão russa e lá depositaram flores.
No fim da semana visitaram Putin e ouviram a tradicional retórica que a Rússia não tinha outra saída para sua segurança, e que a negociação deve incluir os territórios conquistados na guerra.
A preocupação principal dos países africanos é a entrega de grãos tanto da Ucrânia quanto da Rússia e que uma crise internacional pode afetar a segurança alimentar, em especial, dos países mais pobres, o que inclui a África.
A Rússia concretizou o envio de armas “táticas” para a Bielorrússia, seu tradicional aliado nesta guerra, afirmando que o objetivo não é utilizá-las, mas tem o objetivo “tático” de defender as fronteiras incluindo a de seu Aliado.
O envio de caças e tanques para a guerra é um combustível a mais para a Ucrânia, e já mudou o cenário nuclear, países que optavam por desarmamento e politicas “verdes” abandonam esta perspectiva, um exemplo é a Alemanha que aumentou pela premira vez desde a segunda guerra mundial, seu orçamento militar.
Porém a propaganda interna de Estado, que domina praticamente todos meios de comunicação, é que com armas nucleares a Rússia é mais forte poderá usá-las se necessário.
O conflito já ultrapassou todas as fronteiras, poucos são os países que não se posicionaram, no entanto, a formação de um bloco que deseja a paz é fundamental para uma saída mediada.
Por onde resolver a crise civilizatória
Desenvolvemos durante esta semana a ideia que entre tantas sombras, ainda a luz e sal para dar sentido e vida ao processo civilizatório, é possível superar a cólera da guerra e o ódio das diferenças de opinião se introduzirmos na sociedade elementos novos de vida saudável.
Desde ONGs e voluntários que trabalham em campos de guerra, até pessoas que trabalham com determinação e autocontrole num cotidiano cada vez mais difícil e intolerante.
Não há regra geral, é preciso acelerar o processo diplomático para entendimento e superação de guerra, é preciso avançar um processo de educação de um homem integral que saiba lidar com diferentes fatores da vida social, incluindo as diferenças étnicas, políticas e religiosas.
O crescimento do círculo egocêntrico devido a ideologias e bolhas de círculos fechados, eles reforçam o pensamento individualista e grupal, pode ser alterado alargando os círculos de convivência e permitindo e dando pertencimento a grupos e pessoas excluídas.
Mas é preciso sobretudo fortalecer o tecido saudável, a pouca luz e o pouco sal que mesmo sendo pouco pode fazer a diferença e mudar ambientes, grupos e até nações inteiras lhes devolvendo a autoestima ao mesmo tempo que desenvolve a tolerância com outros povos.
O cenário trágico que se desenha pode ter seu curso alterado, porém é preciso primeiro salvar aquele tecido sadio onde ainda se respira o respeito, a tolerância e a paz social.
As religiões e os grupos sociais mais pacíficos e responsável, o descontrole preso ao ego é infantil como desenvolveu Freud, pode ceder lugar a relações maduras entre pessoas, grupos e povos.
Na passagem bíblica em que Jesus observa que as multidões estavam “como ovelhas sem pastor” (Mc 1,15) ele não apenas estimula os discípulos a ajuda-las, mas também lembra que que primeiro: “6Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel!” e diga que o “Reino dos céus está próximo” e ele não virá pela mão de poderosos e narcisistas, e sim da vida e da palavra destes seus seguidores.
Afastar o medo, sair do mal-estar civilizatório
Pode parecer adocicado ou até mesmo infantil, Freud diz o contrário, que adotemos atitudes mais reflexivas e tolerantes diante de dificuldades.
Os gregos sabiam que sem autodomínio os homens podiam se entregar a dois polos paralisantes: deimos e phobos (terror e medo), por outro lado é difícil refrear a reação imediata aguda, se não fomos educados para a decepção, a frustração e o diálogo.
Adam Smith, cujo pensamento influenciou a economia moderna incluindo Marx, também escreveu A Teoria dos Sentimentos Morais, que o autodomínio é fundamental diante de uma situação aterradora, e estabelece dois modos de autodomínio.
Teoriza que o “agir de acordo com os ditames da prudência, da justiça e da beneficência apropriada, parece não ter grande mérito se não existe a tentação de agir de outra forma”.
Deveríamos ser educados para a capacidade de empreendermos autodomínio diante dos pathós (afecções da alma) onde devemos pôr em relevo nossas maiores virtudes, ou sucumbiremos aos processos vexatórios e odiosos vícios, e por incrível que pareça, já domina a maioria das mídias sociais, chegando até as mais altas cortes do país.
Segundo o autor o segundo grupo das paixões sobre as quais convém que exerçamos autodomínio, levam ao contexto do “o amor ao sossego, ao prazer, ao aplauso e a muitas outras satisfações egoístas”.
Assim se compararmos as do primeiro com as do segundo grupo, podia parecer mais fácil dominá-las, pois essas inclinações nos concedem algum tempo mínimo de reflexão; ao menos, mais do que quando somos assaltados pelo medo e pela cólera (primeiro grupo), entretanto vivemos o contexto de reações imediatas ou paralisia, sem perceber que estes extremos se tocam.
Se cedemos a todos impulsos, se damos pouco tempo ou espaço a reflexão, ao silêncio e até mesmo ao cultivo da interioridade, o que externamos é quase sempre pouco empático, e no extremo oposto sobram a cólera e a barbárie.
A Inteligência emocional, desenvolveu métodos que sugerem como controlar suas emoções e ajuda a reconhecer mais facilmente quando ela melhora suas relações e empatia.
SMITH, Adam. The Theory of Moral Semtiments, 1ª. Ed. 1759.
Promover o bem e a paz
As convicções e teorias que levam os homens tanto ao processo civilizatório como ao seu oposto, a barbárie, partem de motivações interiores e elas tiveram diferentes contextos em momentos da história, acompanhado a reflexão de Freud em sua análise do “mal-estar” diz:
“vemos que esse sentimento do Eu que tem o adulto não pode ter sido o mesmo desde o princípio. Deve ter passado por uma evolução que compreensivelmente não pode ser demonstrada, mas podemos construir com certo grau de probabilidade” (FREUD, 2010, P. 12).
Mas antes de fazer uma análise histórica, ele parte da vida intrauterina, aquilo que também Peter Sloterdijck vê como esfera primordial, ele ainda não separa o Eu do mundo exterior, mas aprende a fazê-lo aos poucos, “em resposta a estímulos diversos”, mas parte de um interior.
Assinala Freud: “É assim que ao Eu se contrapõe inicialmente um “objeto”, como algo que se acha “fora” e somente através de uma ação particular é obrigado a aparecer. Um outro incentivo para que o Eu se desprenda da massa de sensações, para que reconheça um “fora”, um mundo exterior, é dado pelas frequentes, variadas, inevitáveis sensações de dor e desprazer que, em sua ilimitada vigência, o princípio do prazer busca eliminar e evitar”. (FREUD, 2010, os. 12-13).
Explicará assim o seu isolamento e egocentrismo, porém se não avança para a idade adulta e não sabe conviver com contradições e desprezares, permanecerá neste circulo “infantil”, na bolha onde tudo parece girar ao seu redor e feito para seu prazer.
E continua: “As fronteiras desse primitivo Eu-de-prazer não podem escapar à retificação mediante a experiência” (p. 13), senão surgirá a tendência de se isolar e nisto consiste a dificuldade de promover o bem e a paz social, que inclui o outro, a sociedade e os povos.
Assim são mais adultos, mais maduros aqueles que promovem a paz, o bem-estar e o diálogo social, e mais infantis aqueles que promovem a guerra, o ódio e a intolerância.
O fato que desde a educação familiar até a adulta não se imponha as dificuldades e ensine a conviver com eles, com o desprezar e as perdas criou um círculo vicioso e egocêntrico de bolhas, onde os povos e as culturas não podem conviver sem a guerra e sem a tolerância.
Continuam haver instituições, ONGs e pessoas que promovem o diálogo, a paz e se opõe de modo claro a guerra, a falta de liberdade de expressão, às ditaduras e culturas autocráticas.
Felizes os que promovem a paz, os que promovem o bem-estar social e cultuam a empatia.