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Posts Tagged ‘peace’

A cultura e mal estar civilizatório

13 jun

Em análise do livro mal estar da civilização, Freud analisa corretamente aquilo que é instintivo de querer dominar sobre o outro, em sua análise psicológica é com o id que prevalece na infância e é possível demonstrar que todo processo civilizatório de alguma forma privou a satisfação dos seres humanos e dos povos de alguma forma.

Esclarece no início de sua obra: “é difícil escapar à impressão de que em geral as pessoas usam medidas falsas, de que buscam poder, sucesso e riqueza para si mesmas e admiram aqueles que os têm, subestimando os autênticos valores da vida” (Freud, 210, p. 10), esclarecendo a seguir que deve se evitar a generalização.

Ainda que negue de início um juízo sobre a religião, em um suposto diálogo de cartas com algum interlocutor, ele descreve o que “gostaria de denominar a sensação de ´eternidade’, “um sentimento de algo ilimitado, sem barreiras, como que ‘oceânico’.  Seria um fato puramente subjetivo, não um artigo de fé; não traz qualquer garantia de sobrevida pessoal, mas seria a fonte de energia religiosa de que as diferentes igrejas e sistemas de religião se apoderam, conduzem por determinados canais e também dissipam, sem dúvida” (idem).

O autor faz uma constatação antropológica, sociológica e até certo ponto clínica que demonstra tanto a natureza construtiva como destrutiva do homem em função das pulsões de vida e de morte, escrita no período entre guerras (1918-1939), revela o esforço para evitar que os ímpetos hostis a espécie humana ultrapassassem a barrira do superego da civilização.

Freud expressava assim o medo da guerra em seu tempo: “[…] os seres humanos atingiram um tal controle das forças da natureza, que não lhes [seria] difícil recorrerem a elas para se exterminarem até o último homem” (FREUD, 1930, 2010, p. 79), assim o sistematizador da psicanálise parecida enxergar além de seu tempo, vendo os limites do horror em nossos dias.

De fato, o desejo humanizador civilizacional não é específico desta ou daquela religião, mas quando o cristianismo chama homens e mulheres a serem “Sal da terra e luz do mundo” é para que além do poder, da capacidade destruidora que povos e nações tem, estas forças sejam usadas para o progresso de toda a humanidade e não de determinado grupo ou visão social.

As tecnologias e forças vitais retiradas da natureza não podem servir a outro intuito que não seja o de propiciar o bem-estar ao maior número de pessoas possíveis, este é o sentido da vida e nela se fundamentam o sal que dá gosto ao alimento e a luz que ilumina os povos (na foto o sal do Himalaia).

 

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (1930). In: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização, novas conferências introdutórias e outros textos (1930 – 1936). Obras completas volume 18. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

 

Guerra e ações humanitárias

12 jun

A explosão da barragem na região de Nova Kakhovka, região de Kherson, despertou um sentimento humanitário mais forte devido ao desastre que é também ambiental e que afeta todos os moradores daquela região, incluindo a Criméia que é domínio russo.

Apesar de ser um desafio enorme e perigoso, a Ucrânia é vitima de bombardeios quase todos os dias, muitas organizações humanitárias ajudam as pessoas que vivem lá ou que estão retornando (é grande o número que resolveu correr o risco), segundo a ONG Zoa, a ajuda de diversas ONGs já atingiram cerca de 5,5 milhões de pessoas.

Uma das regiões destruídas ao norte, que faz fronteira com a Rússia e a Bielorrússia é Cherniguive ou Chernigov, lá a ONG Zoa ajuda a reconstruir a vida e dá assistência às pessoas, isto é um modo de encorajar as pessoas a continuarem vivendo lá (foto créditos da ZOA).

A Islândia rompeu relações diplomáticas com a Rússia devido a guerra, Putin promete retaliar.

Certamente a vida na Ucrânia nunca mais será a mesma, e gerações lembrarão deste horror como lembram do Holodomor (1932-1933) no período stalinista, um dos motivos que separa povos que do ponto de vista étnico são próximos.

A guerra entra num período de possibilidade de escalar para outros países e explodir numa nova catástrofe mundial de uma guerra global, a Rússia já deslocou armas nucleares “táticas” para a Bielorrússia, uma ameaça clara aos países que ajudam a Ucrânia.

As tentativas de estabelecer a paz ou um cessar fogo são cada vez mais desesperadas e com poucas chances de sucesso, porém elas continuam acontecendo, neste momento são heroicas.

A etapa dolorosa e perigosa que representa a contraofensiva ucraniana e as ameaças russas, representam os limites de uma guerra total ainda mais cruel e perigosa, muitos países já se posicionam por uma intervenção possível e apoio a um dos lados nesta guerra insana.

O apelo deve ser ao bom senso, aos verdadeiros valores humanitários e ao perigo de uma crise civilizatória sem precedentes.

 

Dialogo e diversidade

09 jun

O choque entre duas concepções hegelianas de estado e a ausência de diálogo e novos horizontes estão entre as causas da crise civilizatória.

Tanto os velhos hegelianos modernistas quanto os novos revolucionários apontam uma visão de estado com um discurso único, ausência de diálogo e tolerância, esta é a raiz da crise.

O que notamos é a superficialidade deste problema de fundo, cada qual criando verdade que pensam ser universais e as vezes são até mesmo bizarras, como elas estão apenas no nível das ideias e não correspondem ao real não contribuem para uma saída real da crise civilizatória.

Todo dia despontam “sábios” de algum tipo que já tem a saída para grandes problemas que envolvem lideres, nações e culturais que se desenvolveram, em general já criaram raízes e tem grande dificuldade de dialogar com outras visões de mundo.

A convivência na diversidade é fundamental para uma sociedade democrática, quando só uma visão de mundo e uma forma de administrar o estado é imposta uma parte da população está fora deste diálogo e não verá oura saída a não ser a rebelião, ao nível do estado significa guerra.

Vivemos duas guerras mundiais fruto de uma concepção colonialista de estado, entretanto a atual é mais grave porque se trata de uma visão de hegemonia imperialista de forças opostas.

É verdade que há forças sociais se esforçando para abrir um caminho de diálogo, porém no campo diplomático ela tem fracassado, não por falta de propostas, mas por alinharem-se de modo discreto a um dos lados em conflito.

No campo religioso isto também ocorre, a visão farisaica que não é possível dialogar e ver como importante a convivência com “pecadores” e “cobradores de impostos” (os que gerem mal o estado ou se corrompem hoje) está descrita em Mateus 9,11-13:

“Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício.’ De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.

O sacrifício de milhões de inocentes ocorre numa guerra porque não há força que dialogue com o pecado do conflito, do ódio e da guerra sem limites humanos e morais (na foto a explosão da barragem em Nova Kakhovka, região de Kherson).

Sem tolerância e diálogo nenhuma paz é possível, e neste momento a civilização vive a crise.

 

Círculo hermenêutico e diálogo

07 jun

Antes do diálogo o círculo hermenêutico de Heidegger é construído um conceito de fusão dos horizontes, parece idealista, mas é justo o oposto, o conhecimento não se dá pela revelação do objeto ao sujeito, como entendia Kant, não é mera projeção do sujeito sobre o objeto como pensava o idealismo de Kant.

Sujeito e objeto possuem horizontes próprios, pois ambos são dotados de historicidade, exemplifico com um exemplo muito presente: a guerra, não basta olhar sobre os sujeitos em guerra nos dois lados de uma disputa, há a guerra como instrumento de ódio e opressão, e ela própria tem sua historicidade, claro os sujeitos em guerra também.

O conhecimento então se dá a partir da fusão dos horizontes dos sujeitos, daí se falar da superação do esquema sujeito-objeto, ele é dualista e nele o diálogo fica segmentado.

Ao perceber um objeto o sujeito sempre contribui com sua pré-compreensão, sua interpretação é parcial, assim é preciso entender a outra pré-compreensão, na hermenêutica filosófica embora sejam chamados de pré-conceitos, ela tem um aspecto positivo, o ponto de partida do diálogo e o passo seguinte é a fusão de horizontes.

Se ambos desejam a paz, e isto não pode ser só uma retórica, é preciso saber o preconceito.

Gadamer critica a historicidade romântica de Dilthey e esclarece: “[…] a ideia de uma razão absoluta não é uma possibilidade da humanidade histórica. Para nós a razão somente existe como real e histórica, isto significa simplesmente: a razão não é dona de si mesma, pois está sempre referida ao dado no qual se exerce.” (GADAMER, 1998).

Kant proporcionou a superação do paradigma objetal, com sua visão espiritual foi para a filosofia da subjetividade, no entanto hoje, com os estudos pertinentes à virada linguística já há uma visão de superação da subjetividade pela intersubjetividade, manifestada na linguagem como condição de possibilidade do conhecimento e não apenas como uma terceira coisa entre sujeito e objeto ou a simples oposição e confronto.

A hermenêutica filosófica está pautada não na dualidade de significados, mas na sua ampla e plural visão de significados possíveis, a possibilidade criada pela compreensão que se dá na fusão de horizonte que não é “qualquer coisa sobre qualquer coisa”, e sim penetrar naquilo que a fenomenologia de Husserl chamava de “a coisa em si”, aquela do Ser do ente.

O diálogo de posições em confronto não é senão outra forma de guerra, não há uma análise que vá ao fundo de cada pré-compreensão dos sujeitos e daquilo que estão nos objetos.

Uma dialogia sincera é necessária para um novo passo civilizatório, um “outro” diálogo.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. Trad. Flávio Paulo Meurer. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

 

A civilização e o dissenso

06 jun

Há “Um Mal na civilização” escreveu Sigmund Freud em 1929, depois de seu apelo chegou onde previa a 2ª. Guerra mundial, neste momento extrapola o cultural e é quase só psíquico, a razão e o pensamento elevado não andam em moda, invertem-se valores, resta o divã.

Num momento assim tudo em volta piora, não é só a economia e a política, os gastos com medicamentos e médicos aumentam, distorcem-se as capacidades educativas e de justiça em defesas e acusações com auxílio de advogados ou defensores públicos sem alterar o rumo do dissenso, reduz-se o tempo e os conteúdos para educar o diálogo, o critério e a razão.

Também nas áreas educacional e social; o excesso de ações e tentativas de modelos, que são motivadas por incompreensões de parte a parte, modelos teóricos e métodos didáticos, vivem com a dificuldade de encarar o dissenso e  resultam muitas vezes pela perda total da hierarquia ou senso de valor, pela dificuldade de aceitar (ou exercer) o que seria autoridade.

Ao mesmo tempo que a autoridade se confunde com autoritarismo, desorganiza a missão escolar e impede muitas vezes que discursos públicos de discussão e dialogo responsável sejam exercidos, os valores, até mesmo espirituais desmoronam, tudo parece ruir em cascata, mas há esperança.

As vezes resta só ouvir e ficar em silêncio, as vezes é preciso corrigir com coragem, porém o diálogo é sempre possível, e a escuta paciente pondera mesmo quando diverge.

É preciso modelos que correspondam a vida, ao convívio social ético e moral, salvar a empatia e o respeito mútuo, quando apenas alguns querem respeito que não oferecem aos outros, não há como iniciar um processo de diálogo profícuo.

Há nichos de convivência civilizatória, há povos e locais onde o dissenso não se instalou, onde o ódio não venceu e a esperança ainda vive.

Encontrar e dar valor a estas pequenas luzes que iluminam a noite civilizatória é fundamental, senão médicos, psiquiatras e métodos educacionais não serão funcionais, não terão vida.

 

A guerra saindo dos limites territoriais

05 jun

Com as tentativas de paz muito limitadas, a guerra no leste europeu ameaça sair das fronteiras, o que torna os limites perigosos, tanto a tentativa de invadir o território russo como desestabilizar a Moldávia, que agora cogita ser um pais membro da OTAN (sua constituição impede).

A Rússia já tem armas e tropas na Transnístria, uma estreita faixa no norte da Moldávia, enquanto grupos soviéticos com apoio da Ucrânia começam a fazer ataques dentro do território russo.

Embora o acesso por terra e mar da Rússia a Moldávia seja limitado, o governo do presidente do país, Maia Sandu, acusou a Rússia de usar “sabotadores” disfarçados de civis para atiçar a agitação em meio a um período de instabilidade política, porém a Russia ganharia um acesso ao sul da Ucrânia, deixando-a mais cercada e frágil.

A contraofensiva ucraniana até o momento parece não ter se efetivado, a região de Donesk que seria um possível alvo não tem se mostrado frágil, com a Rússia defendendo suas posições.

No plano da diplomacia internacional, começa a crescer um alinhamento ideológico, a chamada terceira via, que a China e também o Brasil seria parte, mostram-se cada vez mais próximas do discurso russo de territórios “conquistados” e o discurso da paz fica fragilizado.

A Europa fará nova reunião para a discussão da entrada da Ucrânia na zona do Euro, parece mais plausível que a entrada na OTAN, já que em seu estatuto nenhum país em guerra pode entrar, seria uma exceção grave e a Rússia entenderia uma declaração de guerra aberta.

Aberta porque o envio de caças e armamentos a Ucrânia já é um apoio declarado, os países, entretanto alegam que é para “defesa” do território, e por isto a entrada em território não é bem vista pelos países da OTAN, era condição inclusive para o envio de aviões de caças para a Ucrânia.

A semana será decisiva com a discussão dos países da zona do Euro, e a contraofensiva da Ucrânia, por enquanto muitos ataques a Kiev, alguns atingiram crianças e uma clínica.

Os acenos da paz são cada vez mais difíceis e menos eficazes, o que ocorre é um alinhamento forte em todos os níveis, do econômico ao político, cada lado tenta se fortalecer.

 

A contraofensiva e a ameaça russa

29 mai

A semana promete ser tensa na guerra do leste europeu, a Ucrânia anunciou o início de sua contraofensiva e a Rússia ameaça retaliações pela ajuda do ocidente em armamento para esta nova fase da guerra.

A paz está muito distante, agora trata-se realmente dos territórios ocupados o ponto de discórdia, e toda a questão da ameaça das fronteiras e avanço da OTAN não é mais o ponto, ainda que seja tocado, os quatro territórios parcialmente ocupados: Lugansk, Donesk, Zaporizhzhia e Kherson são reivindicados por ambos países em guerra, além da Criméia.

Após vários países anunciarem armamentos e apoio financeiro a Ucrânia, as ameaças russas subiram o tom e ameaçaram com armas nucleares “estratégicas”, porém qualquer guerra a um dos países da OTAN é declarada imediatamente guerra a todos e o conflito poderá escalar.

Na província (oblats) Belgorod em território russo foi o primeiro conflito no interior do país nesta guerra, grupos anti-Putin anarquistas e de direita apareceram no cenário, indicando que algo já acontece dentro da Rússia, o governo russo diz estar sob controle, porém evacuou a região.

O cenário é bastante preocupante, porque uma escala da guerra e um possível conflito em solo de países da OTAN poderá significar um início aberto de uma terceira guerra mundial, as ameaças russas não parecem um blefe, mas uma resposta a ajuda do ocidente que prolonga a guerra e dá uma sobrevida para as forças ucranianas em conflito.

O deslocamento de armamentos nucleares da Rússia para a Bielorrússia e navios de guerra nos oceanos indicam que o perigo de resposta ao Ocidente é real e poderá acontecer.

Ainda que na guerra da Ucrânia tenha sido demonstrado que há capacidade bélica para interceptar os misseis hipersónicos russos, com cargas nucleares não importam onde sejam detonadas elas causarão um efeito devastador ao meio ambiente e a vida humana.

Restam aos que desejam a paz pedir que cessem os conflitos e que os homens retornem a serenidade e ao respeito da vida humana e da natureza.

 

Reunião do G7 e avanço russo

22 mai

Reunidos em Hiroshima realizou-se a reunião do G7: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Japão, França e Alemanha, para o qual foram convidados alguns países entre eles Brasil, a Austrália, a Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Vietnã, Ilhas Cook (presidente do Fórum das Ilhas do Pacífico) e Comores (presidente da União Africana), a presença de Zelensky foi como convidado especial.

Os países reafirmaram o apoio a Ucrânia condenando a invasão, mas a esperada reunião de Zelensky com o presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva não aconteceu, de concreto sobre a guerra apenas o apoio americano prometendo mais financiamento para as armas.

No campo de batalha, a Rússia registrou avanço em Bakhmut com apoio do grupo mercenário Wagner, que foram elogiados por Putin, porém a tomada real da região ainda é polêmica, a Ucrânia afirma que ainda há batalhas nos arredores, enfim a guerra continuará e não s e sabe de fato os limites que ainda terá.

Os ucranianos haviam comemorado a intercepção dos temíveis mísseis hipersônicos, sendo que apenas um atingiu o solo do país, ainda é incerta que tipo de contraofensiva será feito, a batalha de Bakhmut pode ser apenas uma isca já mordida pela Rússia, os caças e tanques poderosos ainda não foram usados.

O que preocupa é tanto do lado russo quanto do lado ucraniano há um perigo real de uso de armas químicas e até nucleares, Zelensky disse que ganharia a guerra antes “daquele acontecimento” e do lado russo se fala abertamente da batalha de Armagedon, a Rússia condenou a entrega de caças à Ucrânia.

No campo diplomático poucos avanços, a Rússia quer os territórios que já conquistou, incluindo Mariupol e uma faixa do leste da Ucrânia, além da Criméia que já é considerada território sob administração russa desde 2014.

Os mísseis hipersónicos com cargas nucleares, o maior recrutamento de efetivos do exército, a segurança alimentar e o alinhamento da China preocupam.

O cenário ainda é de guerra e não houve uma proposta mais enfática para a paz, o mundo segue com temores de uma guerra mais ampla.

 

Visita a Roma, Contraofensiva e Prêmio Pulitzer

15 mai

A semana foi toda protagonizada pela Ucrânia: visita a Roma e ao papa, avanços em Backhmut e fotos da guerra chamaram a atenção ao ganhar o prêmio Pulitzer, as fotos são chocantes e talvez digam mais que palavras, já que hoje há até retóricas incompreensíveis a favor da guerra.
No plano estratégico, não há o analista português Germano Almeida apontou: “aqui no Ocidente não temos ainda conhecimento dos planos, portanto há uma ideia ucraniana de isto é só o começo e ninguém sabe onde é que na verdade essa contraofensiva pode ser feita porque a questão de Bakhmut pode ser uma primeira manobra de diversão [despiste] e o essencial e a ofensiva em massa ser noutro local”, disse Germano.
A visita a Itália, além do apoio já declarado do país, as visitas ao presidente italiano Sérgio Mattarela e com a primeira-ministra Giorgia Meloni, também participou de um talk show da TV italiana, sobre o papa tudo que se sabe é de um acordo humanitário a refugiados.
As imagens que ganharam o prêmio têm também a de um brasileiro na lista: o carioca Felipe Dana que filmou e fotografou cenas de Bucha, a mais cruel e violento massacre feito pela Rússia na ucrânia (primeira foto abaixo), vale lembrar que também a guerra do Vietnã teve prêmios sobre os horrores lá.
Algumas imagens do prémio Pulitzer 2023 (no total foram 30) dada a vários fotógrafos da Associated Press, incluindo o brasileiro, se palavras não comovem talvez as imagens o façam. 

 

 

A ausência de Areté

09 mai

As virtudes e formação educacionais gregas, através da paideia referia-se a formação total do homem grego, assim a Areté era este cume (traduzido como ideal, porém o ideal moderno refere- se mais ao dualismo subjetivo x objetivo do que ao Eidos grego, que está mais ligada a ter visão, dar-se-a-ver a realidade).

Assim estão visão total (para a época, mas menos segmentada que hoje), indicava um homem cidadão da polis com atributos virtuais (este é o verdadeiro sentido, vindo de virtus), que o colocavam em conjunto harmônico com as cidades-estados e seus estatutos.

Tanto na cultura, como principalmente na política de hoje, estes atributos estão pouco em falta, trata-se mais de construir uma narrativa que justifique todo poder brutal sobre o cidadão, assim as leis são feitas de modo a proteger a oligarquia no poder, é verdade também que na época dos gregos os que eram cidadãos eram limitados aos homens livres (haviam escravos) apenas.

O agravamento da bipolarização, onde não é possível a convivência tem uma vertente perigosa para os autoritarismos exclusivistas onde uma parte da sociedade deve ser segregada.

A areté está em falta, assim é impossível pensar em estadistas, líderes que pensem no conjunto da sociedade, porque sua cultura e conceitos estão fundamentados naquela parte que pertecem e arrogam em dizer que seu modelo é universal justificando assim sua barbárie.

Já na leitura dos históricos livros “Ilíada” e “Odisséia” registramos este ideal de areté como força, destreza e heroísmo dos guerreiros, qualidades que eram incomuns aos homens daquele tempo, assim é fato que na origem serviam também ao propósito da guerra.

Porem uma areté moderna que nos levasse a honestidade, ao espirito de diálogo, não a hipocrisia de falar apenas com os que nos convém, poderia nos levar a um novo eidos civilizatório.

Uma cultura que não ignore a história e o que há de bom e de lição através dela, uma visão da polis que ultrapasse o egoísmo partidário e o jogo de interesses, uma política que pudesse “ver”.

A cegueira mundana leva mais e mais o processo civilizatório ao colapso, a barbárie e ao ódio.

Somente uma areté moderna que leve os homens a uma cultura de paz, reverterá o processo civilizatório ao bem comum.