José do Egito e Moisés na Noosfera
José do Egito antes do Êxodo dos Israelitas no Egito, teve dois sonhos o primeiro que os irmãos identificados como “feixes” que se curvavam a ele, e o segundo que a Lua e onze estelas (simbolizando as 11 tribos) se curvavam a ele, e os irmãos e até Israel não acreditam nisto, esta cosmogonia está presente nas três grandes religiões monoteístas abraâmicas.
Será José no Egito que os alimentará no tempo das vacas magras (o sonho do Faraó que José desvenda), não há relatos precisos, porém, o mais provável é que isto tenha se realizado no tempo do faraó Sheshi I, e a história registra um período de fome e escassez na região.
Porém com a morte de José a narrativa bíblica, agora do êxodo diz que o Faraó sucessor não conheceu José e começa a temer, mandando que se estabeleça trabalhos pesados aos hebreus até que manda atirar todos os recém-nascidos no rio Nilo, e ai começa a saga de Moisés.
Moisés nasceu da tribo dos levitas, que eram sacerdotes e não tiveram território em Israel, ele era neto de Coate, filho de Anrão, com Joquebede sua tia e meia-irmã de Coate, devido a morte dos recém-nascidos, ele é criado em segredo e depois de 3 meses quando não é mais possível esconde-lo é lançado num cesto preparado com piche e betume e joga-o no Nilo, sua irmã mais velha fica a espreita e vê que a princesa Henutmire junto com Yunet ao ouvirem choro de criança o resgatam, elas sabem que é uma criança hebraica, mas decidem cria-lo.
Será através de Moisés agora, que o povo hebreu irá voltar a Israel, na narrativa bíblica é quando Moisés estava próximo ao monte Horebe que vê uma sarça queimando (mas não se consome) e veste-se de um véu porque não consegue olhar de frente para ela, que recebe a missão de levar seu povo a Israel.
Este período é chamado de Império médio, de 2.100 a.C. até 1580 a.C., quando a palestina e a Núbia foram conquistados e onde encontraram metais preciosos que estabilizou a economia.
Os egípcios eram politeístas, e Moisés se casa Zipora ou Séfora (Êxodo 2,21) que era uma filha de Jetro, um sacerdote druso, que reivindicava a crença num deus único, porém para os drusos é um tipo de mente universal, algo próximo da noosfera de Chardin, porém reduzida a “mente”.
Depois disto seguiu-se na narrativa bíblica as pragas do Egito e depois de muitos anos, os hebreus passam a pé enxuto pelo Mar Vermelho.
A paz que poucos desejam
Enquanto se desenrolam batalhas sangrentas sem grandes avanços da contraofensiva ucraniana, de lado a lado, percebe-se o que a guerra produz: a falta de princípios e um crescente ódio entre as partes os envolvidos, que hoje escapam poucos países.
Do lado russo, cresce a desumanidade com as próprias tropas, o general Ivan Popov, comandante do 58º. Exercito de Armas Combinadas, que atua na frente de combate de Zaporizhzhia, foi demitido pelo ministro Sergei Shoigu por acusa-lo de traição e pouco apoio as tropas em combate, outros generais também estão afastados ou “descansando”.
Isto certamente não é contrapropaganda, uma vez que também o líder mercenário o acusou das mesmas coisas, e dizia que as tropas estão sendo mortas por pouco apoio logístico.
Do lado ucraniano, após reunião da OTAN dia 12 de julho, há um aceno claro para a entrada da Suécia no bloco, lembramos que a vizinha Finlândia já está, quanto a OTAN continua apenas o apoio e promessas futuras de adesão, no entanto o ministro da Inglaterra declarou que Zelensky deveria demonstrar mais gratidão, Zelensky reagiu perguntando ao seu ministro da defesa que estava na plateia se tem boa relação com o britânico Ben Walace, e depois pediu que fizesse uma ligação a ele.
O preocupante do lado ucraniano é a entrega de bombas fragmentadoras que são proibidas em acordos internacionais, e que os EUA se propõem a fornecer ao aliado.
Seja por interesses ideológicos e econômicos, seja por não acreditarem numa escalada de uma terceira guerra mundial, que seria o maior desastre civilizatório da humanidade, há pouco desejo e empenho pela paz, alguns países e liderança que tentaram não conseguiram ser resilientes a decisão e transparece que também eles têm interesses ocultos nesta guerra.
Os sinceros e verdadeiros humanistas não podem desejar que a escalada desta guerra continue, e não é “mais uma guerra” uma vez que envolve pesados interesses e ameaças.
O medo de mudar e não evoluir
A grande lição de José do Egito é que debaixo de uma aparente “escravidão” ou dificuldade se esconde uma mudança necessária para que povos e nações se desenvolvam, na história a saída do povo hebreu da “terra prometida” é mesmo desejada por Deus conforme a própria bíblica no Genesis (Gn 46,4): “mesmo descerei contigo ao Egito e te reconduzirei de lá quando voltares; e é José que te fechará os olhos”, diz a Jacó (Israel) e pede que leve todos parentes.
A Civilização Egípcia formou-se a partir da mistura de diversos povos, entre eles, os hamíticos, os semitas e os núbios, que surgiram no Período Paleolítico, e é provável pelas pesquisas arqueológicas recentes que os judeus foram realizar seus assentamentos na região dos hicsos que foram derrotados pelos egípcios.
No ano 3200 a.C. Menés unificou os reinos do baixo e alto Egito formando o Império Egito e foi seu primeiro imperador e faraó, os judeus foram para lá mais tarde no ano de 1750 a.C. e ficaram até 1250 a.C. como escravos pois eram temidos pelos faraós.
O mais provável é que foi durante o reinado do faraó Ramsés era filho do faraó Sehti I e da rainha Tuya. Foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia. Com 10 anos de idade Ramsés teve certeza que assumiria o trono ao ser reconhecido como “filho primogênito do rei”, tendo lutado ainda jovem ao lado do pai na conquista do Líbano (veja no mapa entre as linhas azul e vermelha).
O último faraó foi Xerxes I, famoso pela batalha das Termópilas, onde o general grego Leônidas teria lutado com apenas 7000 homens, e preparado uma emboscada nesta passagem esreita dentre montanhas, porém os gregos foram traídos e a estratégia foi descoberta.
Deste período também o arrependimento dos irmãos de Jacó (Israel) que luta “com Deus”, e dos irmãos, em especial de Judá, que se arrepende de ter vendido o irmão José como escravo, mostra como na história de um mal pode-se tirar um bem se forem reconhecidos os erros.
Mesmo a semente má pode florescer ainda que plantada em terreno ruim, mas adubada.
A venda de José, filho de Jacó
A história de Esaú e Jacó tem continuidade na geração seguinte, entre os filhos de Jacó, agora Ismael depois que lutou com o anjo, José era o mais amado o que gerou inveja nos irmãos que planejam mata-lo mas depois decidem vendê-lo a uma caravana egípcia a um chefe da caravana chamado Potifar, mas José no Egito torna-se prisioneiro porque a mulher de Potifar gostava dele e o envolveu em uma cilada por se recusar a trair seus ensinamentos.
Na prisão ele consegue desvendar os sonhos de um prisioneiro que era copeiro-mor e diz que ele será libertado e torna-se copeiro no palácio do Faraó que também tem sonhos estranhos, e então o copeiro lembra-se de José e ele desvenda o sonho do Faraó que era para armazenar alimentos (na foto como era o mapa deste período).
Os irmãos de José recorrem ao Egito devido a escassez de alimentos e se deparam justamente com José, que os reconhece e manda-os para a prisão, mas acaba por perdoá-los e providencia o trigo que precisavam e diz que tudo aconteceu para que ele pudesse socorrê-los,
Em uma obra de 4 volumes, o famoso escritor Thomas Mann (autor de A Montanha Mágica) escreveu a história de José, filho de Jacó que é vendido pelos irmãos, por inveja, como escravo aos egípcios por 20 moedas de prata, a questão histórica das moedas é importante porque elas apareceriam somente mais tarde, porém ouro e prata já eram usadas nos negócios de escambos.
A obra de Thomas Mann foi escrita para lutar principalmente ao Hitlerismo que crescia em seu país, não se tratava de lutar apenas contra o antissemitismo, mas principalmente percebia um crescente discurso autoritário presente na Alemanha de sua época.
Também o brasileiro Oscar Pilagallo em seu livro “A Aventura do Dinheiro” cita Thomas Mann e também Fausto de Goethe em sua obra, e com isto conta a história de José.
No contexto que desenvolvemos, a evolução da noosfera, a importância do texto de Thomas Mann é que ele consegue entender a influência babilônica nos contos judaicos, assim como depois do Exilio no Egito também sofrerão influências, e posteriormente dos gregos e romanos.
A lição que podemos tirar de José do Egito é que Deus tirou de um mal, um bem maior e redimiu os irmãos de José apesar do crime que cometeram, a história bíblica não é serve para aos que pensam em vingança ou ódio, é puro amor a humanidade.
A lição de Esaú e Jacó
Há um livro de Machado de Assis sobre dois irmãos também chamados Esaú e Jacó os quais um era monarquista e outro republicano, e faziam sua mãe sofrer pela disputa entre os dois, a história narrada pelo alter-ego de Machado de Assis o conselheiro Aires, trata da luta dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo, em intermináveis conflitos e reconciliações desde o útero da mãe até o começo da idade adulta, e também o amor de ambos pela jovem Flora Batista.
Na narrativa bíblica Esaú é mais velho e diz também que Jacó nasce instantes depois segundo a interpretação bíblica “agarrado ao calcanhar do irmã”, por uma estratégia de engana o pai (veste-se com peles pois o irmão tinha mais pelo) e apesar do seu pai Isaque estar cego reconhece a voz, mas acaba enganado e abençoa o filho, na tradição judaica o mais velho é o patriarca que deve seguir o pai no comando do povo hebreu.
Mas Jacó passará muitos anos fugindo do irmão Esaú por tê-lo usurpado e quando vai ao encontro do irmão luta “uma noite inteira com um anjo” que ao final da luta fere-o no nervo da coxa e passa a mancar depois disto, mas ao final da luta consegue o que queria “ser abençoado” apesar do que havia feito (Gênesis 32:26).
Após a luta o nome Jacó será renomeado para Israel pelo anjo, que significa aquele que lutou com Deus e o lugar da luta que existe é chamado Penuel, próximo ao vau de Jaboque (passagem onde o rio é raso), um dos afluentes do rio Jordão (foto).
A figura de Jacó não tem comprovação histórica, porém as doze tribos que nascem de sua descendência, as famosas doze tribos de Israel, cujas mais conhecidas e citada na história e na narrativa bíblica são ao norte: Asser, Naftali e Manassés Oriental, ao centro Manassés, Dá, Zebulon e Efraim, ao sul: Judá, Rúben e Moab (do famoso deserto), dos filhos de Israel tem ainda José (seus Efraim e Manassés), Benjamin e Levi, que eram sacerdotes não tiveram herança territorial.
Formavam um Reino Unido com diferentes tarefas, a historiografia oficial registra como Reino Unido de Israel e Judá, já que da tribo de Judá sairá a descendência de David, e registra-o como no período de 930 a.C. a 730 a.C. quando foi conquistado pelos neoassírios do rei Salmanaser V, que cobrava pesados impostos dos israelitas.
A lição de Esaú e Jacó tanto pode ser relida para a atual polarização mundial, como para povos “irmãos” que lutam por pedaços de terra e poder.
Enxergando longe e cegando perto
Recentemente observatório especial James Webb enxergou a galáxia mais distante que o homem já pode observar, a galáxia chamada JADES-GS-Z13-0 (foto) está aproximadamente a 320 milhões de anos de anos do Big Bang, o que para nós é uma medida grande, para um universo de 13,5 bilhões de anos significa relativamente alguns segundo após o Big Bang (uma das teorias da formação do universo).
Por outro lado, assistimos a um mundo cada vez mais instável, mais injusto, impiedoso e perigoso, e com um perigo nuclear catastrófico próximo, parece que boa parte da humanidade trata como se tudo fosse uma normalidade, pouco se importando com o destino do planeta e do processo civilizatório que não está estagnado, mas regredindo em passos assustadores.
A estranheza desta descoberta do universo está ao mesmo tempo em que encontramos quantidades de Carbono e Oxigênio nestes corpos, o mesmo James Web descobriu um pouco depois que mais seis galáxias (Jades foi descoberta com outras três “perto”), que eram muito massivas onde se esperava no início do Universo corpos menores do que foram encontrados lá.
A descoberta mostrou que eles têm massas de aproximadamente 100 milhões de massas solares, enquanto o normal seria para galáxias mais jovens massas menores, a nossa Via Láctea por exemplo mais “velha” tem uma massa de 1,5 trilhão de massas solares.
Além disso é um berçário de estrelas, cerca de três sóis nascem lá todos anos, e suas massas são pobres em metais de substâncias químicas mais pesadas que o hélio e hidrogênio (lembremos que eles estão no topo da tabela periódica química a direita e a esquerda).
Se isto devolve a humildade ao conhecimento que temos do universo, o mesmo não acontece com cientistas sociais, antropólogos e paleontólogos, que quanto mais descobrem sobre a nossa origem no planeta, por exemplo que neandertais e o homo sapiens conviveram e até se cruzaram criando uma humanidade diversa, pouco tolerantes estamos com raças e culturas.
E a intolerância significa menos paz, mais perigos e agora não temos pedras, machados e arcos, temos armas nucleares e perigosas usinas atômicas que estão sujeitas não só aos limites humanos, mas também aos naturais e geológicos.
A geosfera e biosfera dependem hoje como nunca antes na história da noosfera e daquilo que cultivamos como cultura civilizatória e como visão das outras culturas e raças.
Os limites perigosos da guerra
Depois de um bombardeio matar civis na região de Lviv, na madrugada de ontem um bombardeio de avião atingiu um prédio escolar que era usado para ajuda humanitária na região de Zaporíjia, na Ucrânia, matando 4 pessoas e ferindo outras 13, desde o início da guerra a Rússia nega ter alvos civis, mas o massacre na região de Bucha ficará marcado na história (na foto a cidade de Mariupol atual).
Por outro lado, os Estados Unidos devem oferecer bombas fragmentadoras, que mutilam e matam na região onde são usadas, fazendo uma análise puramente militar que os avanços da contraofensiva ucraniana aconteceriam de forma mais rápida.
Na Espanha que terá eleições no próximo dia 23, a ministrada da defesa Margarida Robles se opõe ao envio deste tipo de munição enquanto a Alemanha se opõe a entrada da Ucrânia na OTAN, uma vez que em período de guerra um país não pode aderir ao tratado.
O primeiro ministro britânico acompanhou a posição espanhola, mas declarou aos repórteres que “continuaremos a fazer nossa parte de apoiar a Ucrânia contra a invasão ilegal”.
O ex-presidente e ex-primeiro ministro da Rússia Dimitri Medvedev voltou a referir-se a um “armagedom nuclear” devido ao apoio americano a guerra e a posição sobre bombas ilegais.
A polêmica com o grupo de mercenário russos Wagner continua, e o envio novas tropas russas na ordem de centena de milhares para a frente de combate indicada que a denúncia do grupo que os generais omitem o número de mortos é provavelmente correto, e o número de baixas da guerra pode maior do que o noticiado.
Certamente o número de mortes deverá continuar e o perigo nuclear entra cada vez mais nas reportagens mundiais, espera-se juízo e equilíbrio em meio a uma situação difícil da história mundial.
A gênese semítica do ocidente
Geralmente intitula-se nossa cultura e sociedade de judaico-cristã, porém se olharmos a história mais profundamente, a cultura judaico-cristã descende da semítica, e assim tanto árabes como judeus descendem dos semitas, assim como boa parte do norte da África.
Na raiz de três grandes religiões está Abraão: judeus, árabes e cristãos, sua peregrinação começa na Babilônia dos Caldeus, a narrativa Bíblica situa em Ur dos Caldeus, então ali está a neogênese destes três grandes povos, dos quais ficam fora apenas alguns povos orientais onde estas religiões já penetraram e também alguns povos originários onde ainda há sua religiosidade inicial.
Abraão passa por duas grandes crises civilizatórias a queda babilônica e depois de sua peregrinação para a antiga Assíria chegando a cidade de Alepo, que sob escombros da guerra e o terremoto ainda existe na Síria hoje, e depois desde até o vale do Hebron, onde passou por uma segunda crise civilizatória nas cidades de Sodoma e Gomorra, onde havia orgias e decadência.
Retira-se dali e vai em direção ao Egito, e seu filho Isaac continuará também nômade, é famosa a luta de seus dos filhos Esaú e Jacó, Machado de Assis tem um livro com este nome e poderíamos dizer que a polarização da humanidade é mais antiga do que pensamos.
De Jacó se estabelecerá a linhagem das 12 tribos a partir de seus filhos, e da linhagem de Judá sairá David, enquanto da linhagem deste sairá José filho de outro Jacó, e de José nasce Jesus.
A compreensão desta descendência abraamica, com todas as lutas e contradições que aconteceram na história é fundamental para entendermos tanto a cultura cristã, quanto a islâmica e judaica, um diálogo inter-religioso e multicultura é possível se entendermos que a história de um Deus único, assim como um passado histórico longínquo une estes povos.
O fundamentalismo religioso impede este diálogo, o evangelista Mateus que era um cobrador de impostos inimigo dos judeus, refere-se a sua própria conversão assim (Mt 9,10): “Enquanto Jesus estava à mesa, na casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos” e Jesus dirá “são os doentes que precisam de médicos’ e completa o ensinamento dizendo “eu quero misericórdia e não sacrifícios”.
Quanta divisão, ódio e violência em nome de Deus, isto não é religião, é apenas fanatismo.
A noosfera e a cultura oral
O período da cultura oral predominava antes de 3.000 a.C., embora tenham existido escribas no Egito, a escrita cuneiforme na Mesopotâmica e Babilônia antiga, também havia escrita na China Antiga e também nas civilizações originárias das américas: maias, astecas e incas.
A forma de divulgação da cultura e, portanto, da evolução da noosfera foi através de profetas e oráculos, cuja função principal era a transmissão da cultura oral e precede ao ensino letrado e filosófico, até que temos uma virada mais notadamente na cultura Greco-judaico-romana.
Em termos bíblicos, de acordo com relatos do Gênesis, usando genealogias apresentadas na bíblia podemos dizer que tem no mínimo 6 mil anos, porém se percebemos a narrativa, Abel era pastor e Caim era agricultor, então esta narrativa começa no momento em que o homem se torna mais sedentário e o processo civilizatório torna-se mais claro, o fato de Abel ser pastor é simbólico para a linguagem bíblica.
Se este é um fato sem comprovação histórica e também Noé e o dilúvio ainda sejam uma eterna busca de documentação, porém seus filhos Sem e Cam já podem ser encontrados na história, uma vez que os povos semitas e camitas estão registrados na história, e Jafé que devia habitar nas tendas de Sem.
Os semitas foram o alvorecer das culturas mesopotâmicas com o auge na Babilônia (1792–1000 a.C.) e que depois foram dominados pelos persas.
Os profetas e os oráculos serão fundamentais nas culturas antigas, eles deviam ter certa iluminação “divina” para que a história não se corrompesse e os costumes fossem alterados.
Segundo o Gênesis 11, do Dilúvio até Abraão passaram cerca de 292 anos, e do nascimento de Abraão ao estabelecimento de Jacó no Egito passaram cerca de 290 anos, ´de Abrão até a vinda de Cristo são cerca de 2 mil anos, e então começa uma era da cultura escrita, e assim surgem os evangelhos enquanto na Grécia antiga as escolas Socrática e Platônica, já que sabemos de Sócrates através de Platão e depois a escola Aristotélica, período que as escolas e escritas se fixam.
Não se trata de superar a cultura oral, mas ela aparece junto com a escrita, os livros manuscritos, que depois se tornarão famosos pelos monges copistas, este período é chamado scriptorium.
A cultura oral permanece junto a povos originários, também entre povos africanos, a escrita impressa será uma conquista da modernidade, assim falar de escolaridade é falar de modernidade, e agora estamos em nova transição devido a novas mídias.
Noogêse e a mente
Neogênese como processo de formação e evolução da mente humana é um termo cunhado pelo filósofo e antropólogo Teilhard Chardin em seu livro “O fenômeno humano”, a terra já havia passado pela era pré-Cambriana da formação geológica da Geosfera e da Biosfera da formação da vida unicelular, multicelular até surgirem animais da era Mezozóico cujo último período é o Jurássico conhecido pelas fantasias cinematográficas dos dinossauros.
A esta terra juvenil, como a chama Teilhard Chardin, sucede o período Cenozóico, onde ocorreu um evento chamado K-T (Cretácio-Terciário), que fo uma extinção em massa e que alterou a biodiversidade da Terra, a aproximadamente 65,5 milhões de anos, e que alterou a biodiversidade da Terra com a extinção de grandes animais como os dinossauros e répteis gigantes.
Assim descreve Chardin: “a célula, grão natural da vida, assim como o átomo é o grão natural da Matéria inoganizada. É cegamente a célula que temos de tentar compreender se quisermos avaliar em que consiste especificamente o Passo da Vida.” (CHARDIN, p. 84).
Mesmo sem conhecer “os limites da física relativística”, Chardin explica nossa diversidade se fundamentando nela: “devo reconhecer que a consideração de um meio dimensional onde Espaço e Tempo se combinem organicamente é o único meio que até agora encontramos para explicar a distribuição das substâncias materiais e vivas ao nosso redor” (CHARDIN, p. 87).
Foi Alexei Eryomin, em sua monografia Neogênese e a Teoria da Inteligência que atualizou o conceito de noogênese: “é o processo de desenvolvimento de sistemas intelectuais e de implantação dos mesmos no espaço ao longo do tempo” (Enyomin, 2022), conceito que não é contraditório com Chardin, conforme a citação anterior.
Assim Enyomin vai traçar a velocidade através da membrana de um organismo unicelular (de 10 graus metros por segundo), do citoplasma (2-10 a -5 graus por segundo), do organismo multicelular (0,05 metros por segundo) até o impulso de células nervosas humanas (100 metros por segundo, ligações quântico-eletrônicas dentro de uma população, e chegamos ao mundo feito como artefato humano onde a velocidades das ondas, correntes elétricas, luzes, vídeo ou opto-eletrônicas chegam a 3×10 a 8 graus por segundo (figura acima).
Compreender a biogênese, como uma certa sequencia de transformações regulares, inter-relacionadas, em processos espaços espaços-temporais ajuda-nos a compreender a vida e também a origem humana sem abolir o aspecto espiritual-metafísico que ela envolve.
CHARDIN, T. O fenômeno humano. Trad. José Luiz Archanjo, São Pualo, editora Cultrix, s/d.
ENYOMIN, A. L. Biophysics of Evolution Intellectuais Systems, Biophysics, 2022, Vol. 67, n. 2, pp. 320-326.