A fadiga da pandemia e a pressa da vacina
A OMS em seu escritório da Europa lançou um documento que explica a “fadiga da pandemia” estimando que 60% da população já esteja neste estágio.
O médio Hans Henri Kluge, diretor regional da OMS para Europa, diz que o cansaço já era esperado nesta fase da crise: “desde que o vírus chegou ao continente europeu, há oito meses, os cidadãos fizeram enormes sacrifícios para conter a covid-19, o custo foi altíssimo, algo que esgotou todos nós, independentemente do que vivemos ou do que façamos. Nessas circunstâncias é fácil e natural sentir-se apático, desmotivado, sentir cansaço”, afirmou.
As medidas que aponta para continuar os esforços encontram um centro comum de buscar o senso comunitário na solução da questão: compreender o que as pessoas estão fazendo regularmente e envolver a comunidades em debates e decisões, permitir que as pessoas vivam suas vidas, mas reduzindo riscos e buscando soluções criativas, como tem sido as reuniões virtuais, as entregas de alimentos e produtos de consumo, em especial, para pessoas vulneráveis.
O outro polo preocupante é a corrida para a vacina, que deveria seguir rumos exclusivamente médicos, mas já apontam para uma competição visando o lucro com as pessoas, assim a primeira vacina a chegar no mercado não será necessariamente a melhor, e para piorar os políticos tentam tirar proveito desta corrida.
Médicos brasileiros são cautelosos, como o dr. Álvaro Furtado costa, médico infectologia da HC-FMUSP: “está todo mundo muito otimista, mas o estudo da vacina é algo muito complicado, a maioria deles para na fase 3, de testes clínicos, pelos problemas que aparecem. É importante discutir essa possibilidade (de não se ter uma vacina)”, e chegar na fase 3 não significa que está perto do final, pois a maioria das vacinas param nesta fase, como são os casos de HIV e chikungunya.
O que deve-se fazer neste caso é continuar a busca por medicações que diminuam a taxa de mortalidade e, portanto, recuperam os infectados, por exemplo, pelo vírus SARS-Cov-2, e o ensaio clínico é desenvolvido também no Brasil pela FioCruz, que faz parceria com o International Solidarity, da OMS, e no país estão em 18 hospitais de 12 estados, com pesquisa de diferentes medicações.
O estágio final da fase 3 é bem mais difícil de ser atingido e não é a propaganda política que o resolve, mas os órgãos de controle sanitário dos medicamentos.