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O pensamento complexo e o humanismo

02 set

Edgar Morin, Heidegger, Sloterdijk, e mais prematuramente Nietszche e Schopenhauer perceberam a crise daquilo que chamamos de humanismo e que se distanciava do homem.

Alguns aproximaram mais de uma perspectiva ontológica como Heidegger e Sloterdijk como crítico do humanismo de Heidegger, outros como aproximação e crítica do Niilismo como Nietszche, e Schopenhauer num propósito mais humano, são famosas suas frases: a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais e quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre.

Todos estes pensamentos merecem serem analisados na crise civilizatória que já entramos, ela não está mais a espreita, já penetrou, a nosso ver é no pensamento de Edgar Morin que é possível encontrar uma saída mais sólida para esta crise, embora estejamos caminhando no sentido oposto.

Segundo Morin o núcleo do humanismo que precisamos revitalizar é aquele descrito em seu Método II: «Não se trata de recusar o humanismo. É necessário, como veremos, hominizar o humanismo, e portanto enriquecê-lo, baseando-o na realidade do Homo complex» (Met. ll, p, 398).

Complexo, porque o humano não pode ser descrito numa lógica linear, e não se pode isolar em áreas delimitadas pelo saber (complexus: tecer junto), o todo é o homem, e isto é sua complexidade.

Isto surge desde a antiguidade com a emergência da problemática que será chamada subjetividade, Karl Popper chama atenção para o iluminismo pré-socrático, a visão naturalista da filosofia deste tempo teria submergido o homem na teia das leis do mundo material não configurando com precisão a noção de Ser, colocada em aspectos subjetivista (do sujeito) ou objetivistas (da  physis).

Morin promove uma revisão dos conceitos e métodos, tanto n´O Paradigma Perdido, e principalmente n´O Método, as recentes evoluções das ciências biológicas, da cibernética e das chamadas culturas do homem, passam por revisões, destacando os conceitos de “autonomia”, de “amor”, de “indivíduo” e consequentemente de subjetivo, e de “uberdade”.

Tecido na matriz judaico-grego-cristã da nossa cultura, atravessando a história do pensamento e do quotidiano ocidentais, o humanismo assume orientações não exatamente coincidentes como o homem, e que a nosso ver, deram uma visão idealista a princípios mais universais do humano.

Para Morin duas revisões são necessárias no humanismo que se entrelaçam e completam:

— O esboço do homo complex;

—-A hominização do humanismo.

Há uma frase de autor anônimo (não é de Einstein) que circula na internet: “não se pode chegar a resultados diferentes a partir dos mesmos pensamentos”.

 

Morin, E. O Método, vols. I, II e III, Europa-América, Lisboa. Edições francesas: Seuil, Paris, 1977, 1980 e 1986.

 

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