A fenomenologia como método para o diálogo
A fenomenologia é essencial para um verdadeiro diálogo porque ela pressupõe um partir do zero, dito de forma filosófica, pressupõe um epoché (uma suspensão de juízo no sentido grego) porém a epoché fenomenológica é um colocar entre parêntesis, isto é, admite o diálogo com a tradição ou com o leitor ou interpretante do texto.
Ela surgiu como método em contraposição ao pensamento positivista, através dos estudos de Edmund Husserl (1859-1938), e como método de investigação filosófico vai captar a essência e o significado de determinada coisa, dito por Husserl: “não há consciência, apenas consciência de algo”, e isto vem de uma subcategoria que é a intencionalidade, Franz Brentano e Tomás de Aquino havia trabalho isto porém apenas com sentido psicológico ou mental.
Dito por Husserl ela é: “a descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição”, assim parte da ideia que projetamos nossa intencionalidade ao descrever.
Heidegger vai colocá-la retomando a ontologia agora num plano diferente do psicológico e colocando-a como um método: “a expressão ‘fenomenologia’ significa, antes de tudo, um conceito de método”, neste sentido será também uma ruptura com o idealismo e o racionalismo tradicional.
“Uma das contribuições da fenomenologia para a filosofia está no modo de tratamento de juízos e significados. Martín Heidegger não separa a razão da emoção, nem o sujeito do objeto”.
A questão da existência do Ser volta-se para a preocupação com o modo de vivência humana, ou nossos pré-conceitos ou ainda nossas racionalizações, ela não pode isolar-se do relacionamento com o mundo e com os Outros, toda filosofia contemporânea busca um modo de Ser coisificado, isolado, seja objetivo ou subjetivo, pois também no campo da poética, da subjetividade e da religião este desvio é observado.
O Ser deve representar uma presença, um manifesto, ou uma relação com o Outro, e uma exigência é a simetria desta relação, onde cada um é capaz de fazer um “vazio” para conter o Outro, um epoché de seus pré-conceitos, sem o qual não há diálogo.
Uma primeira vista sobre este diálogo, está o círculo hermenêutico proposto na figura acima.