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Arquivo para agosto 3rd, 2015

Utopias, a república e as redes

03 ago

O nome “utopia” é devido a uma delas, talvez a maior de todas, a de ThomasUtopia Morus (1516), que abriu o segundo livro de uma Utopia, com a recomendação do discípulo Mateus: : “O que vos digo em voz baixa e ao ouvido, pregai-o em voz alta e abertamente”. Os livros “imaginários”, já que Utopia é de Morus, a Cidade do Sol (1623) de Tommasio Campanella, a Nova Atlântida (1627) de Francis Bacon, a Panorthosia (1657) de Comenius e o Complemento à Nova Atlântida de Glanvill (1675), colocam desejos de diversos tipos numa linguagem fácil a todos os leitores.

Nos escritos de Bacon e Campanella há uma ênfase na instrução, enciclopédica e lúdica; a valorização das ciências naturais e das artes embora com um sentido instrumental a um fim místico; o uso de uma linguagem é apenas ao conjugar a simbologia cristã e hermetista, estariam mais próximas a Panorthosia da Cidade do Sol mais do que dos dois relatos sobre a Nova Atlântida.

Um ponto específico em todos, exceto o de Morus, é o do progresso que caracteriza a modernidade está intimamente associada ao avanço do conhecimento técnico e científico, enquanto Morus desejava isto no terreno moral, político e religioso, mas não descartava que o conhecimento fosse percebido, mas, sobretudo nas artes. A inspiração da Nova Atlântica serviu para a construção das primeiras academias científicas, entre elas as primeiras academias científicas, expressa no Royal Society, e será também o ponto de partida do completo de Glanvill, um dos seus Ensaios sobre importantes assuntos em filosofia e religião, ele retoma alguns traços da descoberta de Bensalém, como sua casa de Salomão, já referida como Royal Society em outras obras.

Porém Panorthosia, não tem um locus como as outras utopias, é mais um desenho de um mundo reformado, não põe em cena personagens particulares, cujas vivências testemunhariam atrativas diferenças, mas era por isto continuísta. Descoberto somente em 1935, Panorthosia é a descrição de uma república ideal, pela qual tomamos conhecimento de suas leis, instituições e costumes.

A utopia é parte da obra incompleta Deliberação universal acerca da reforma das coisas humanas (De rerum humanarum emendatione consultatio catholica) que seria constituída por sete partes: Panegersia (Despertar Universal);Panaugia (Iluminação Universal);Pansophia (Sabedoria Universal); Pampaedia (Educação Universal); Panglottia (Língua universal); Pannuthesia (Exortação Universal), e a Panorthosia (Reforma Universal) qualquer semelhança com órgão de hoje não é mera coincidência. Morus era mais renascentista, desejava uma avanço humano mais que técnico, a cultura é necessária para isto, mais que as estruturas do estado moderno, falta uma utopia moral de massa, ou talvez não faltem mais: as redes estão aí.