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Arquivo para outubro 13th, 2022

A crise civilizatória e o pensamento

13 out

Não é um tempo propício para o pensamento, disse Peter Sloterdijk, dito de outro modo Edgar Morin pedia uma revolução no pensamento passando pela educação, o que se observa são correntes cada vez mais dogmáticas (é diferente de ortodoxas) em duelo, sem que uma compreenda ou argumente em função do universo da outra.

O contorno desta crise tem origem na incapacidade de caminhar para frente, os modelos propostos dão sinais de exaustão, a mídia e o senso comum apelam para argumentos superficiais, sem referencial claro e por vezes apelativos, isto chegou ao corpo social e a política.

Culpam as novas mídias, elas são apenas veículos do pensamento, a sua base cognitiva está na educação e no que é digerido no dia-a-dia das pessoas, e desde o início do século passado já dava sinais de exaustão, não poucos pensadores sérios comentam isto, de Nietsche a Freud, passando por escritores conservadores à direita e à esquerda, porque ambos retornaram as suas origens.

Há uma crise social, sem dúvida,, mas ela existe por ausência de respostas consistentes que mobilize a todos, o pensamento é segmentado, os grandes modelos e teorias faliram e o sinal disto é a sua radicalização a níveis irracionais, e o horizonte de guerra se desponta.

Em A cabeça bem feita, livro de Edgar Morin, ele afirma que a reforma do pensamento permitiria o pleno emprego da inteligência para responder a estes desafios e uma ligação entre culturas que estão dissociadas, trata-se de uma reforma não programática, mas paradigmática, ou seja, no que concerne a nossa aptidão para organizar o conhecimento.

Colocar tudo junto, exercer uma transdisciplinaridade, como aquela foi descrita nas considerações iniciais carta de Arrábida (Morin, Barsarab Nicolescu e Lima de Freitas a subscreveram): “Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais cumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências, no plano individual e social, são incalculáveis.”(Feitas, Nicolescu, Morin, 1994).

Esta carta estabelece uma ética nova: “A ética transdisciplinar recusa toda e qualquer atitude que rejeite o diálogo e a discussão, qualquer que seja a sua origem – de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política, filosófica” (Freitass, Nicolescu, Morin, 1994).

Freitas, Lima; Morin, Edgar; Nicolescu, Basarab . Carta da Transdisciplinaridade de Arrábida, Portugal Convento de Arrábida, 1994.