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Heidegger e a clareira

08 jan

O termo é recorrente na filosofia, Platão falava de sair da caverna para aaClareira luz, na modernidade surgiu o iluminismo, e mais recentemente Heidegger falava  da clareira, significando uma abertura no meio da floresta, portanto, a questão da falta de luz e noite escura não é nova.
Mas estudando a etimologia da Clareira, retirando-a da filosofia de Heidegger, ela vem da palavra alemã Lichtung, onde além do significado de clareira na floresta (ele próprio viveu alguns anos na floresta negra da Alemanha), enquanto Licht é a palavra para luz, significará coisas ocultas, ou entes cuja verdade deve vir à tona, assim alguns tradutores usam desvelar.
A clareira é neste contexto o que está oculto dentro de um todo, onde deve emergir o ser, e isto parece mais apropriado a modernidade, visto que a fragmentação onde apenas emerge a parte, é na maioria das vezes oposta ao todo ao qual o ente pertence, assim a questão do Ser.
Assim a verdade, para os dias atuais, existe na abertura da parte para o todo, e é sensível o total fechamento da parte ao todo, não apenas como contexto, mas como parte integrante do Ser, e ao qual é preciso abertura para se chegar a verdade, não a afirmação referente ao objeto, mas a noção primordial da verdade que é a descoberta do ente em si mesmo.
O ente que se descobre, enunciou o próprio Heidegger: “deixa-se ver em seu ser e estar descoberto. O ser-verdadeiro (verdade) do enunciado deve ser entendido no sentido de ser-descobridor” (Heidegger, 1986, 219).
Primeiro vemos esta verdade ontológica como Ser, e não mais como lógica, segundo vemos esta relação entre conhecer o objeto e a própria relação com o Ser, o que na filosofia moderna poderia ser chamada de subjetividade, mas não é porque não são instâncias separadas.
O que se teoriza aqui, em conformidade com a teoria antropotécnica em extensão a sociotécnica, é que ao invés de  tratar a diferença entre pensar o homem como o ente que “tem” objetos, no sentido de ser ele possuidor como as capacidades de falar, e construir objetos “externos”, a concepção ontológica que pensa o homem como “sendo” por meio dos objetos (a linguagem e a produção da sua própria vida e dos meios necessários a ela), permite entender todos os meios não apenas como veículo de transmissão de informações, mas como o modo no qual se manifesta o próprio existir humano, chamamos isto de onto-antropotécnica.
Na foto, artigo de  Andrew Kessel para a revista SingularityHub, faz experimentos de recriação de objetos na vida real por computadores, em impressoras 3D, que é uma recriação dos objetos já ontologicamente criados.

HEIDEGGER, M. Sein und Zeit. 17 ed. Tübingen, Niemeyer, 1986.

 

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