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Três livros sobre redes com aplicações sociais

04 Jun

Quem ler o livro Redes sociais, segregação e pobreza, de Eduar­do Marques, professor do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole, depara-se com uma pesquisa de natureza empírica inovadora, de muita profundidade nas relações entre Redes sociais de indivíduos e condições de pobreza urbana (Editora Unesp 216 páginas). O livro feito com muita ênfase no caso paulistano, dedicou-se a mapear as redes sociais de centenas de indivíduos em diferentes situações de pobreza em diversas áreas na capital paulistana.  O livro não deixa de ver a importância da sociabilidade para a compreensão da pobreza contemporânea, isto é, a relação entre as pessoas e delas com o conjunto da sociedade.

Mas não caia em conclusões apressadas, o livro desmistifica uma série de teses aparentemente evidentes as sobre as causas e as características da pobreza.

O segundo livro é uma iniciativa aparentemente apenas empresarial é: “Redes de Desenvolvimento Comunitário: Iniciativas para a Transformação Social”, de Célia Regina Belizia Schlither (Global Editora, 2006), com uma visão nova e alternativa muito interessante para a empresa porque é uma forma de doar na qual se estabelece um laço de confiança com a rede, que decide coletivamente a melhor forma de distribuição do recurso doado. Deste modo há empresas que fazem parcerias com redes sociais para a realização de projetos de capacitação.

O terceiro é a aplicação da teoria das redes e da teoria da dádiva (Mauss, 2003) que encontra-se presente no livro “Redes Sociais e Saúde: Novas Possibilidades Teóricas” organizado por Paulo Henrique Martins e Breno Fontes ( ), com o capítulo intitulado: “As redes sociais, o sistema da dádiva e o paradoxo sociológico”, o único que já li (no Caderno CRH), e duas resenhas que podem ser encontradas no Jornal do Mauss.

O sentimento que as redes estão vinculadas não apenas a realização dos projetos sociais e as mais profundas relações humanas podem ser expressas em duas sínteses do livro de Martins e Fontes: “O enfoque de Mauss sobre o símbolo se articula claramente com o Sistema de Dádiva, quando o símbolo se identifica com o princípio do dom (Dar, Receber e Retribuir)” e ainda: “ela (a sociedade) só existe porque existe grande número de pessoas, só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem certas coisas, e no entanto sua estrutura e suas transformações históricas independem, claramente, das intenções de qualquer pessoa particular” (Elias, 1994, pg. 13) isto é, apesar da rede não ser uma realidade e de existir um forte individualismo e egoísmo social, a sociedade existe porque existem redes.

* Elias, N. A sociedade dos indivíduos, Rio, Jorge Zahar, 1994.

 

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  1. Lui dos Santos

    Monday June 6th, 2011 at 12:43 PM

    Anotado… vou ler com certeza!
    Na discussão suscitada no último parágrafo do texto é intrigante, estou inclinado a dizer que não é uma questão das características individuais, mas quando vc passa a olhar comportamentos sociais em uma estrutura de rede, indivíduos deixam de ser o foco e o que emerge é a coletividade, neste caso, ações egoístas individuais deixam de ter tanta relevância, o importante passa a ser o comportamento do grupo, o senhor não acha?

     
    • Marcos Mucheroni

      Monday June 6th, 2011 at 07:09 PM

      Oi Luiz é isto mesmo, quiz provocar usando o autor para os que olham para a coletividade e não sabem como realizá-la e os que olham para o indivíduo imaginando-o incompatível com o futuro “colaborativo”.

       
  2. Lui dos Santos

    Monday June 6th, 2011 at 12:43 PM

    Anotado… vou ler com certeza!
    Na discussão suscitada no último parágrafo do texto é intrigante, estou inclinado a dizer que não é uma questão das características individuais, mas quando vc passa a olhar comportamentos sociais em uma estrutura de rede, indivíduos deixam de ser o foco e o que emerge é a coletividade, neste caso, ações egoístas individuais deixam de ter tanta relevância, o importante passa a ser o comportamento do grupo, o senhor não acha?

     
    • Marcos Mucheroni

      Monday June 6th, 2011 at 07:09 PM

      Oi Luiz é isto mesmo, quiz provocar usando o autor para os que olham para a coletividade e não sabem como realizá-la e os que olham para o indivíduo imaginando-o incompatível com o futuro “colaborativo”.

       
  3. Breno Fontes

    Tuesday September 27th, 2011 at 10:27 AM

    Obrigado por citar o livro que organizei junto com Paulo Martins. Aproveito para informar a você e aos leitores do teu blog que lanço este ano um novo livro sobre redes:
    Redes, práticas associativas e poder local

    http://www.bn.br/site/pages/servicosProfissionais/agenciaISBN/images/DotsInfFbn.gif

    ISBN:

    978-85-64561-38-0

    TÍTULO:

    Redes, práticas associativas e poder local
    Breno Augusto Souto-Maior Fontes
    Curitiba, Editora Appris.

    ,,

     
    • Marcos Mucheroni

      Tuesday September 27th, 2011 at 10:51 AM

      Oi Breno, é um grande prazer, tive ótima impressão pelos assuntos abordados. É um ótimo livro.
      Estarei recebendo uma pesquisadora italiana chamada Licia Paglione, vou repassar seu comentário a ela, creio que ela gostaria de conhecê-lo quando vier ao Brasil, manteremos contato.
      Abs
      Marcos L. Mucheroni

       
  4. Breno Fontes

    Tuesday September 27th, 2011 at 10:27 AM

    Obrigado por citar o livro que organizei junto com Paulo Martins. Aproveito para informar a você e aos leitores do teu blog que lanço este ano um novo livro sobre redes:
    Redes, práticas associativas e poder local

    http://www.bn.br/site/pages/servicosProfissionais/agenciaISBN/images/DotsInfFbn.gif

    ISBN:

    978-85-64561-38-0

    TÍTULO:

    Redes, práticas associativas e poder local
    Breno Augusto Souto-Maior Fontes
    Curitiba, Editora Appris.

    ,,

     
    • Marcos Mucheroni

      Tuesday September 27th, 2011 at 10:51 AM

      Oi Breno, é um grande prazer, tive ótima impressão pelos assuntos abordados. É um ótimo livro.
      Estarei recebendo uma pesquisadora italiana chamada Licia Paglione, vou repassar seu comentário a ela, creio que ela gostaria de conhecê-lo quando vier ao Brasil, manteremos contato.
      Abs
      Marcos L. Mucheroni