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A primeira mutação aórgica

03 mar

Como se originou exatamente a vida é ainda uma especulação, uma das teorias mais elaboradas foi feita por Lynn Margulis (1938-2011) primeira esposa de Carl Sagan famoso pela série Cosmos, a teoria dela chamada de Endossimbióse.

Nesta teoria as mitocôndrias e cloroplastos tornam-se organelos em uma célula, os primeiros por energia química e o segundo por fotossíntese, embora a teoria nunca foi comprovada em laboratório é interessante, Teilhard Chardin as chamava de “cadeia de moléculas carbonadas” (O fenômeno humano) e ATP (adenosina trifosfato) molécula transportadora de energia nos seres vivos, há outras teorias é claro.

Fundamentalistas de plantão fiquem calmos, também no Genesis da Bíblia está que Deus fez o homem do barro e depois soprou-lhe nas narinas, assim também a vida surgiu em determinado momento (Genesis 2,7), e o texto anterior diz que “mas subia da terra um vapor que regava toda a terra” (Gn 2,6), esse vapor bem que podia ser o CO2.

Talvez nunca saibamos exatamente como isto aconteceu, porém é certo que a Terra e a Natureza vieram antes que os organismos vivos e certamente depois deles (ou da maioria deles) apareceu o homem, porém a mutação aórgica não parou ai.

As mutações gênicas, embora raras podem acontecer, elas podem fazer surgir novos genes numa determinada população, por mecanismos de adaptação natural, se determinadas características forem favoráveis à sobrevivência e à reprodução em determinado ambiente, portanto se o ambiente muda as mutações podem tornar-se estáveis no novo ambiente.

A terra passou por diversas mudanças ambientais, e talvez a que estamos passando seja a que mais profundamente afeta a estabilidade do meio ambiente, pássaros e animais foram extintos e florestas e ambientes naturais devastados, assim é de se esperar que alguma mutação ocorra, porém será o ambiente o primeiro a mudar e reagir, assim fenômenos naturais podem ocorrer.

Isto levam muitos anos para ocorrer, mas de repente rompem-se numa cadeia de mutações, assim a descreve Teilhard Chardin: “os irresistíveis desenvolvimentos que se ocultam nas mais frouxas lentidões, – a extrema agitação que se dissimula sob um véu de repouso, – o inteiramente novo que se insinua no íntimo da repetição monótona das mesmas coisas” (Chardin, 1965, p. 8).

Em tempos de riscos pandêmicos, olhar ao universo da cosmogênese que vivemos é essencial.

CHARDIN, T. O fenômeno humano. BR, São Paulo : Herder, 1965.

 

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