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A clareira de Chardin

12 mar

A palavra está na filosofia heideggeriana, porém estudando a etimologia alemã chegamos à palavra Lichtung, onde o significado é de uma clareira na floresta, enquanto Licht é a palavra para luz, ou seja, retirar as coisas ocultas e desvelá-las para que a verdade venha a tona.

Em Chardin significa olhar para o Cosmos em sua complexidade e adquirir a consciência de um universo imenso e infinito no qual estão presentes Alfa (origem) e Ômega (fim), porém com o significado de dar a consciência-complexidade a luz necessária para entender o processo da vida.

Começa no Fenômeno Humano e estará mais claro no seu livro “O meio divino” onde fala da vida interior, não no sentido intimista, mas no sentido de religá-la a Deus e ao próximo.

Explicando melhor pela leitura de Chardin:: “no seu esforço em direção à vida mística, os Homens cederam muitas vezes à ilusão de oporem brutalmente o espírito e a carne, o corpo e a alma, como se tratasse do Bem e do Mal. Apesar de certas expressões correntes, esta tendência maniqueísta nunca foi aprovada pela igreja… “ (p. 117), porém que é resistente e é sempre presente no discurso religioso cotidiano, . as visões meramente econômicas e políticas da religião levaram a este estado.

Por isto Chardin insistirá em uma vida “interior”, aquela capaz de alcançar os desígnios divinos dentro das realidades humanas, por isto “o meio divino”.

Mas o que é o meio divino, é aquela tensão permanente: “lentamente acumulada entre a Humanidade e Deus atingirá os limites fixados pelas possibilidades do Mundo, e então será o fim” (pag. 177), devemos esperar não como uma catástrofe ou um grande sinal, e sim uma ´saída´ para o mundo que se encaminha para uma crise civilizatória, e para a qual devemos colaborar que ela passe, com todas as nossas forças cristãs, de outras religiões ou de “boa fé”, sem receio do mundo,

A luz veio ao mundo, diz o evangelista João (1,20-21), mas quem pratica o mal a rejeita, “Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”, e assim realizar nossas ações dentro do “meio divino” onde tudo é religado ao Cosmos.

CHARDIN, Teilhard. O meio divino: ensaio sobre a vida interior. Lisboa: Editorial Presença, s/d.

 
 

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