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Além da geopolítica, uma visão de mundo

24 fev

A falta de visão global, a ideia de uma cosmovisão que supere a cegueira foi tratada em vários campos da filosofia, vem desde o mito da caverna filosofia de Sócrates e Platão, onde aqui que os homens veem sem estar na luz são apenas sombras do que é realmente o mundo, mais modernamente Heidegger a ampliou para o “Weltanschauung” (uma espécie de mundovisão ou cosmovisão, mas toda tradução é pobre), uma visão fundamental porque deixa de ver o  mundo de modo bipolar ou unipolar para enxerga-lo como um todo onde se inclua o ser, tudo o que existe além de determinada forma particular de ver o mundo, incluindo a natureza e o cosmos.

Em termos da vida cotidiana isto é fundamental tanto na chamada “filosofia natural” (embora esta esteja viciada pelo idealismo contemporâneo), onde se incluem tantos os valores fundamentais, aqueles que já existem no direito internacional (direito a vida, a opção religiosa e cultural, etc.) ampliando o mundo da mera ética e moral para os valores existenciais, aqueles onde além da condição humana estão os direitos de povos e nações que tem determinada forma de ser e viver.

É preciso para isto uma visão de mundo que ultrapasse os limites do nacionalismo e do desejo egoísta de dominação dos povos, a decolonização, a limitação do poder das superpotências e um papel realmente efetivo da ONU, que deve ultrapassar a mera União das Nações, para uma verdadeira unidade e paz entre os povos.

Citamos o livro A peste de Camus, quando ele trabalhava clandestinamente no jornal Combat! na luta contra o nazismo escreveu> “Cartas a um amigo alemão” (1945), onde se lê: “Cartas a um amigo alemão” (1945): havia sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a colocar no primeiro plano as preocupações pessoais. Ninguém aceitara ainda verdadeiramente a doença”, neste caso não uma peste, mas a guerra, já postamos aqui a relação entre elas, e agora relacionamos ao medo que é existencial.

Ninguém mais que o povo ucraniano sente isto hoje, porém Alemanha e Reino Unido já estão envolvidos, o presidente da Ucrânia já se reuniu com a Lituânia e Polonia, também os russos, EUA e China e toda Europa sente isto de certa forma, mas dirão não é comigo é com os vizinhos, era isto que alerta a Carta de Camus, não é o vizinho, além das sanções econômicas que já farão reflexo na economia mundial, a expansão da bipolarização da tensão já se espalha aos poucos: a peste.

A relação com o vírus é parecida, vai entrando aos poucos, uma, duas, dezenas e depois centenas de pessoas contaminadas, até se tornar uma guerro-cídio, uma guerra geral senão em termos bélicos, seria um desastre devido as armas nucleares, em termos existenciais e de mundovisão, não há os limites do discurso do ódio, um ódio é um ódio, um não a paz.

Que seja possível enxergar além dos conflitos, a existência e o direito a vida dos povos e das nações, e que os conflitos fiquem nos limites da diplomacia (na foto Reunião do Conselho de Segurança da ONU).

 

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