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A clareira e a floresta

18 jun

A ontologia é aquela visão científica onde o Ser deve estar presente, mesmo que envolto e desenvolto em torno do ente, o ente é aquilo que designa tudo aquilo que “é” ou seja refere-se ao particípio presente do verbo ser, assim Heidegger vai pensar o que é o ser do ente, enfim tudo aquilo que está relacionado ao mundo que vivemos porém nunca se esquecendo que é nele que vive o Ser.

Assim o filósofo pensou a verdade a partir da palavra grega alétheia (a- não, lethe – oculto), assim é o ato de desvelar a verdade do Ser e sua relação com o ente no tempo, a verdade é então distinta do conceito comum que a considera como um estado descritivo objetivo.

Para Heidegger entretanto, há uma diferença fundamental entre o Ser e o Ente, o Ser se refere ao fundamento da existência e dos modos de existir, enquanto o Ente corresponde à existência concreta, ou, a realidade humana, enquanto presença no mundo, assim geralmente pensamos no Ser do Ente (a cacofonia é proposital aqui) e não o Ser enquanto Ser.

O Ser enquanto Ser é esse ser-aí (o dasein sem uma tradução exata, ao meu ver, para o português), esse que “existe” sendo o único ente que ek-siste, os outros são, mas não existem (enquanto consciência, ou de modo mais atual enquanto senciência) ainda que os animais possam ter emoções e reações de afetividade.

Ou seja, senciência é a capacidade dos seres de sentirem sensações e sentimento de forma consciente, assim podem evitar reações negativas, violentas ou temperamentais.

Assim a clareira é aquele encontro com sua própria verdade, em meio a floresta, há um espaço onde tudo se desvela e nosso verdadeiro Ser se encontra e encontra o Outro.

O ser do ente, projetado sobre as coisas apenas mundanas: dinheiro, facilidades e conquistas, encontra um espaço para sua vida ativa e contemplativa, tudo em volta se desvela, se reencanta e tem significado, não é fácil nem simples porque a floresta continua ali e continuamos a desbravá-la em busca dos “entes” e até os encontramos, mas novamente temos que ir em busca de novos porque ainda não é a clareira, é diferente do mito de Platão porque ali existe um mundo dual: o mundo das ideias e o mundo dos sentidos.

O homem moderno precisa se colocar  no centro do seu Ser e ter uma relação de posse transitória com os entes, as coisas do dia-a-dia e do mundo real.

Na narrativa bíblica devemos amar sempre o Outro, até mesmo pedir e orar por aqueles que não querem nosso bem, isto nos limita de atirar sobre os entes como sendo Ser.

 

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