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Posts Tagged ‘crise social’

O crise civilizatória e mudar de via

16 Apr

Há um espectro de tristeza e morte sobre a humanidade, foi só a pandemia causou isto?, penso que não, há sempre uma esperança viva e uma dose até de otimismo que não devemos abandonar, por mais ingênua que ela pareça significa que caminhamos cuidadosos, mas com passos seguros.

Assim está escrito no livro de Edgar Morin É hora de mudarmos de via: as lições do coronavírus: “corremos o risco de entrar numa era ciclônica do que ocorreu em Sarajevo em 1914 ou em Danzig em 1939 (atual Gdansk): a bomba e a reivindicação de um iluminado provocaram nas duas vezes, por reações em cadeia totalmente imprevistas, a deflagração de duas hecatombes bélicas mundiais” (p. 52, 53).

Para quem desconhece estes fatos históricos, o porto de Dantzig (Gdansk) como cidade-estado, foi criado pelo Tratado de Versailles de 1919 depois do fim da Primeira Guerra Mundial, como uma cidade estado independente, era ligada a Polônia pela importância portuária, mas tendo uma maioria Alemã se ressentia da separação da Alemanha, até que em 1933 o Partido Nazista foi eleito como governo local e a minoria polonesa passou a sofrer inúmeras perseguições.

Com a invasão da Polônia em 1939 os nazistas consideram a cidade como parte da “Prússia ocidental” e os cidadãos como propriedade do estado, subtendo-os a trabalhos forçados e humilhações.

O que ocorreu em Sarajevo que foi estopim da Primeira Guerra Mundial é mais conhecido, o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria, virando uma rede de intrigas e acusações (Há um filme na Netflix para quem gosta de História), a Sérvia e Áustria-Hungria disputavam a posse da Bósnia, e o objetivo sérvio era forma a “Grande Sérvia” e tinham apoio da Rússia.

O arquiduque era austríaco e foi assassinado por um nacionalista bósnio Gaurilo Princip, o pangermanismo nascia ali e ele iria alimentar não só a primeira, mas também a segunda guerra.

Como indaga Morin no referido livro, não sabemos se estes “processos retrocessivos” provocará a barbárie ou favorecerá a Constituição de Estados neoautoritários, podendo chegar a guerra.

Não devemos alimentar o ódio e o confronto planetário, ele só porá tudo a perder, e devemos ter um olhar sobre o sobre-humano, o sobre-natural de onde vem alimentos para a alma e o corpo também.

Morin lembra o Oráculo de Delfos, citado por Heráclito de Éfeso: “o deus cujo oráculo está em Delfos não explica nem oculta sua predição, mas dá uma indicação para compreendê-la” (p. 53) que é sua explicação para a necessidade de mudar de via, e escolher a paz e não a guerra.

A presença deste sobre a passagem bíblica em que os discípulos encontraram Jesus pelo caminho, inicialmente sem percebê-lo como o “mestre” e depois compreendendo quem era, inicialmente tomam um susto, imaginando que é um fantasma, mas Ele diz: “a paz esteja convosco” (Lc 24,36).

Após isto ele pede um peixe para comer, assim se alimentará de algo físico, e depois explica que tudo o que ocorreu era para se cumprir a lei de Moisés, dos profetas e nos salmos, como o oráculo de Delfos não diz o que vai acontecer, mas explica o que pode acontecer com o alimento da alma.

MORIN, E. É hora de mudarmos de via: as lições do coronavirus, Trad. Ivone Castilho Benedetti, Rio de Janeiro: Bertrad do Brasil, 2020.

 

O fracasso civilizatório e a saída

15 Apr

Estamos comentando o livro “Como viver em tempos de crise ?“,  de Edgar Morin e Patrick Viveret e como já foi dito é anterior a pandemia, mas traz luz para a crise que vivemos que tem raízes anteriores a este processo e que a pandemia apenas acelerou.

O esvaziamento do ser (ou na visão de Heidegger o “velamento”) tomou formas de “coisificação, seja em relação aos seres vivos em geral ou à própria humanidade, cuja mercantilização desenfreada se apresenta aqui apenas como um aspecto, expressam essa incapacidade de salvação pela economia” (p. 44), como já dissemos que é a proposta central da modernidade.

Dizem os autores: “o fim desse formidável período histórico que foi chamado de modernidade ocidental e que é bem caracterizado por Max Weber, em A ética protestante e o espírito do capitalismo, como a passagem da economia da salvação para a salvação pela economia” (p. 43).

No entanto perguntam os autores “como sair desse ciclo, preservando o melhor?” (p. 44) seria preciso (porque a pandemia parece ter exposto o lado mais cruel desta possibilidade) “entender, escutar, reencontrar o melhor das sociedades e civilizações tradicionais, ao mesmo tempo mantendo a lucidez de que nelas existe o pior?” (p. 44) a resposta parecia afirmativa. e não foi ou ainda não é o que está acontecendo em plena pandemia.

Esclarece um ponto importante ao criticar o individualismo de nossos tempos, “a individuação, que não se reduz em absoluto ao individualismo; os direitos dos homens e, nesses direitos, os direitos das mulheres? Em compensação, como romper com todas as formas de dominação, imperialismo, colonialismo, coisificação, nas relações com os seres vivos, nas relações com a natureza, nas próprias relações inter-humanas?” (p. 45), que se mantém na forma de dependência esclarecem, e a saída será um encontro da humanidade consigo mesmo.

Será necessário um diálogo “exigente entre civilizações e erigir um universal possível, não imposto de cima pelo modelo advindo da modernidade ocidental, mas como um mosaico inter-humano” (p. 46), e esclarece que num diálogo deste tipo que participou em Nova Delhi, a expressão “mosaico” ajudou a baixar a guarda e enfrentarem o pior de cada civilização e cita o caso da mutilação feminina na África.

O diálogo é necessário, mas quais seriam os pontos importantes neste diálogo?

MORIN, E., VIVERET, P. Como sobreviver na crise ? . Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2013.

 

A economia, a eleição nos EUA e as mídias

08 Nov

Desde que um marqueteiro de Bill Clinton criou o slogan “É a economia, estúpido”, ficou claro para a maioria dos americanos que é a política econômica que ganha lá, mas também é claro que Obama é um homem de mídia, a ponto de muita gente ficar perplexa com seu sangue frio tanto na eleição anterior quanto na atual, onde tudo indicava um empate.

Mas Obama ganha por popularidade de ser um homem mundo e de saber enfrentar grandes dificuldades como foi o caso do furacão Sandy, quer dizer é uma pessoa comum mas com grande capacidade de mídia e com imagem de estadista, e com ótima imagem no mundo.

Mas será que vai enfrentar os bancos e os monopólios que mandam muito lá, com uma economia crescendo apenas 2% ao ano (no Brasil 1,5% é comemorado!); o desemprego alto demais para uma potência, chegando a 7,8% da força de trabalho, e com um rombo anual do Tesouro Federal em torno de US$ 1,1 trilhão (quase metade de nosso PIB, 2.4 tri segundo o Banco Mundial) e um alto déficit no comércio exterior, enfim poderá virar este quadro ?

Outra análise interessante foi a feita por Pew Research Center, que revela a mentalidade por faixa etária também nas eleições, por exemplo, enquanto 45% das pessoas de 18 a 29 anos votam influenciadas pela família e grupos sociais, isto cai para 40% na faixa dos 30 aos 49 e 27% na faixa dos 50-64 anos, mas quando se fala simplesmente de anunciar o voto na mídia social dos 18 aos 49 é a mesma a tendência, pois são 29%, caindo para 29% na faixa acima.

 

Terremoto abala Itália

20 May

Com epicentro na cidade Finali Emilia, 36 km ao norte de Bologna, província de Modena, na madrugada deste domingo, um terremoto de magnitude 5,9 sacudiu o nordeste da Italia.

Os números dão conta de 50 feridos e 5 mortos, a ponte Rodoni di Bondeno em Modena desabou, mas as autoridades estão tomando medidas e tranquilizando a população, que tem neste domingo eleições administrativas nas cidades de Piacenza, Parma, Budrio e Comacchio.

As imagens difundidas pela TV e pela Web nesta manhã de domingo mostram igrejas com rachaduras, casas parcialmente destruídas, escombros nas estradas, estragos em torres antigos e moradores nas ruas com medo de novos desabamentos.

A Itália está numa situação desafiadora economicamente, o primeiro ministro Mario Monti após visita ao papa Bento XVI ontem reconhecia que a Itália vive uma situação de “descontentamento, insegurança, frustação e raiva”, conforme notícia no Corriere della Sera, que são combustíveis para uma profunda crise social emergente.

O terremoto desta madrugada é grave, mas passageiro o outro anunciado é mais grave e preocupante.