Crise da Razão Cínica
A razão foi e é ainda o grande motor da modernidade, a falta de consciência do que seja isto levou a uma análise superficial chamada “líquida”, no qual tudo o que sólido vai se liquefazendo, sem dizerem qual o liquidificador que faz isto, nem a raiz primária do líquido. O quadro “mascaras” do alemão Heinrich Hoerle Malscaras, de 1929, parece detectar este movimento de cinismo envolto em máscaras humanas vidas, o homem do pré-guerra.
A ideologia e a forma de dominação das diversas organizações e hierarquias que se instalam no tecido social são o suco deste líquido, querem dominar e não conseguem mais, aquilo que o filósofo alemão chamou de o naufrágio do humanismo na escola da domesticação. Sloterdijk escreveu também a “Crítica da Razão Cínica”, um volumoso trabalho que ainda não o digeri completamente, mas com uma tese central: a razão tornou-se cínica para explicar o inexplicável, e o filósofo alemão consegue mostrar o que os “liquidificadores” não mostram: a raiz da liquefação moderna.
Parte da crítica da razão pura de Kant, desenvolve e recompõe o legado da filosofia ocidental de cunho humanista e progressista, mas rompe com Adorno, Horkheimer e Sartre.
O que está por trás do líquido moderno, é que a ideia da substituição do saber para a superação do mito, a da ordem estabelecida pelo estado como superação da natureza humana, e por último o humanismo da domesticação humana, cujo ápice foram duas guerras mundiais, não parece ter sido uma boa fórmula, então ela se liquefez.
O cinismo é justamente tentar reestabelecer uma ordem já perdida, que a humanidade fatigada não aceita mais, quer um humanismo novo: de todo homem, não dos chefes.