As organizações como organismos vivos
Há uma grande mudança de enfoque de relevância no panorama atual da ciência, esta mudança é da Física para as ciências da vida. Diz Fritjof Capra:
“Mesmo que a mudança de paradigma em Física ainda seja de especial interesse porque foi a primeira a ocorrer na ciência moderna, a Física perdeu o seu papel como a ciência que fornece a descrição mais fundamental da realidade. Entretanto, hoje, isto ainda não é geralmente reconhecido… Hoje, a mudança de paradigma na ciência, em seu nível mais profundo, implica uma mudança da Física para as ciências da vida”.
A visão de Gareth Morgan no seu livro “Imagens da Organização” parte de uma constatação na natureza:
“As organizações, como organismos da natureza, dependem, para sobreviver, da sua habilidade de adquirir adequado suprimento de recursos necessários aos sustentos da existência. Nesse esforço, tais organizações enfrentam a competição de outras organizações e, uma vez que comumente exista escassez de recursos, somente os mais adaptados sobrevivem”.
Os mecanismos da natureza, entretanto são espontâneos e rizomáticos, os humanos nem tanto seguem hierarquia, estruturam poderes e isolam as influências externas recebidas. Os organismos sociais foram teorizados como autopoiéticos por Luhmann.
O conceito de autopoiese foi cunhado na década de 1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a capacidade dos seres vivos de produzirem a seus próprios sustentos e manterem a vida estável.
Um elemento central na teoria de Niklas Luhmann é a comunicação, ao desenvolver a autopoiése ela adapta-a ao social e mantém a comunicação como elemento essencia.
Mas há uma evolução, pois muitos estudos sobre os formatos atuais das organizações apontam para uma privilegiada aproximação entre elas formando uma ecologia sistêmica, uma vez que é sabido que elas não conseguem prosperar isoladamente.
Portanto, a evolução dos formatos organizacionais tem privilegiado a aproximação, mostrando as vantagens de verem-se como “ecologia” e isto favorece uma visão de organismos vivos.
A teoria de redes pode trazer uma luz alguns conceitos que ajudam a visualizar as organizações de maneira distinta das tradicionais perspectivas, é portanto, vital dar uma maior importância para uma consolidação da teoria organizacional em rede.
O trabalho de Jorge Britto sobre “Cooperação Inter industrial”, explica os fluxos tangíveis (insumos e produtos) transacionados entre os diversos agentes da rede e fluxos intangíveis (informações), que conectam os agentes inseridos na rede.
A proposta da Economia de Comunhão pode dar luz nestas relações e ampliar não só a visão do funcionamento da rede, mas descobrir a íntima dinâmica destes fluxos, as relações entre pessoas e os “bens relacionais”.