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Generosidade e participação no mundo conectado

01 Mar

A medida em que cresce a participação no mundo conectado vai ficando mais claro, para estudiosos sem preconceito, que este mundo favore valores como generosidade e colaboração.

Estas são algumas das conclusões do livro “A Cultura da Participação” de Clay Shirky, lançado pela Zahar Editores no ano passado e cuja versão original de 2010 tem o título em inglês: Cognitive Surplus – creativity and Generosity in a Connected Age, o livro começa com algo que descobri num voo entre Madrid e Londres, numa das primeiras viagens ao exterior, o ingles toma gim e não wisky ou cerveja como pensamos, ele conta que em 1720 Londres estava ficando bêbada de tanto gim, e uma valvula de escape para os novos e profunos stresses da vida urbana e uma crescente abertura de cafés e restaurantes que ficavam até altas horas abertos.

Pulando o cinema, ao meu ver valeria a análise também veja-se os premiados pelo Oscar este ano, Shirky diz que a TV foi o nosso gim depois da década de 1950 e “não vemos apenas TV boa ou TV ruim, vemos tudo: novelas, sitcoms, comerciais, o canal de compras”, lembro quando ainda criança ficavamos até o sinal de TV sair do ar.

Ver TV cria, assim, uma espécie de monotonia, o autor cita um artigo de Luigino Bruni e Luca Stanca no Journal of Economic Behaviour and Organization, autores que tive o prazer de conhecer pessoalmente e atesto a competência e valores de ambos, enfatiza Shirky citando os autores “A televisão pode exercer um papel significativo no aumento do materialismo e das aspirações materiais das pessoas, levando assim, os indivíduos a subestimar a importância comparaiva das relações interpessoais para uma vida satisfatória e, consequentemente, a superinvestir em atividades geradoras de renda e subinvestir em atividades relacionais significa passar menos tempo com os amigos e a familia, … “.

O autor diz que “agora, pela primeira vez na história da televisão, alguns grupos de jovens estão vendo menos TV que os mais velhos”, e o autor cita um estudo de Paul Bond: “Study: Young People Watch Less TV, publicado no Hollywood Reporter.

Shirky mostra que está errado o raciocínio “que todos os desvios desta tradição sagrada [que nega o uso social das novas mídias] são tão repugnantes quanto nocivos”, pois ele atesta que mesmo a internet tendo 40 anos e a Web metade disto, “algumas pessoas ainda estão perplexas com o fato de que membros individuais da sociedade, antes felizes em passar a maior parte do seu tempo consumindo, comecem voluntariamente a fazer e a compartilhar coisas”.

É o que chamamos de transformação do consumidor em produtor, e como atesta Shirky “compartilhar é sem dúvida uma surpresa”, ao meu ver muito bem vinda. Compartilhemos.

 

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