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Antropologia, presentes e Natal

11 Dec

A antropologia de Marcel Mauss, herdeiro filosófico e sobrinho da filosofia de Durkhein, estuda profundamente a teoria antropológica da “dádiva” (dom ou presente, mas fico com o original em francês ‘don’) sobre as trocas gratuitas, típicas do Natal, mas que existem em muitas outras realidades humanas.

Mauss, ao cunhar o termo não deixou desconhecido um tema que para nós é muito importante, a relação objeto e sujeito, dentro da tradição histórica, como nos nossos posts anteriores, estudando tribos de ameríndios, observou:

O prestígio nasce da dádiva e relaciona-se àquele que toma a iniciativa: ao doador, para constituir seu próprio nome, sua fama, o valor de ‘renome’ (Mauss, 2003, p. 258).

Mas isto tem sim ligação com o Natal e com espiritualidade, mas relembra o autor o problema de nosso tempo que separa sujeito e objetos, materialidade e espiritualidade:

[…] a materialidade e a espiritualidade não estão mais ligadas a um estatuto comum de objeto, são opostas mediante dois estatutos, conjugados por uma relação de contradição: o espiritual aparece adquirido pelo doador, enquanto o material é adquirido pelo donatário. (Temple e Chabal, 1995, p. 26)

Inúmeras são as pessoas que são tomadas por esta forma profundamente humana e esquecida pela sociedade atual, que lembra só a materialidade, o econômico, em uma palavra: o dinheiro.

Mas o ‘don’, o presente, o sentimento e a generosidade humana estão aí presentes, e convenhamos é bom dar e ganhar, aliás Jesus também ganhou presentes.

TEMPLE, Dominique & CHABAL, Mireille. La réciprocité et la naissance des valeurs humaines. L’Harmattan: Paris, 1995.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. Cosac e Naify: São Paulo,2003.

 

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