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Esquecimento do ser e a modernidade

24 jan

Vimos que Tomás de Aquino discerniu, mas também SerModernidadehierarquizou a questão do ser.

Sabemos que toda filosofia e vida ocidental teve influência da filosofia clássica, e ela vem de Aristóteles e Platão, essencialmente, mas uma ruptura aconteceria no fim da idade média, “subordinando o ´ser comum´ ao conhecimento ‘ipsum esse subsistens´, fim último da metafísica, porque causa absolutamente primeira não apenas na ordem da eficiência e da finalidade, mas ainda e sobretudo na ordem radical da existência.” (pag. 20)

Assim, conforme a Autora Mafalda F. Blanc que estamos lendo a Introdução à ontologia, “privilegiou o ente concreto existente como objeto da metafísica, sublinhando a originalidade e até prioridade da existência como ato relativamente ao plano formal da essência”, enquanto outro filósofo também escolástico Duns Scoto, “preferiu, com o Avicena, a aceção nominal do ente, mais universal do que aqueloutra participial, situando a metafísica no plano abstrato da possibilidade enquanto estudo da essência” (pág. 20)

A autora esclarece que isto foi transmitido a filosofia por Francisco Suarez em sua obra “Disputaciones Metaphysicae” de 1957, que sistematiza a escolástica medieval.

Isto é importante para entender que o possível, concebido logicamente como não-contradição, iria permitir à filosofia moderna, principalmente concernada com o problema do conhecimento e da ciência, introduzir alterações importantes no conceito de ontologia, que preparariam em grande medida a educação gnoseológica da mesma, efetuada no século XVIII por Kant”  (pag. 21), ao meu ver a mais importante assertiva da autora.

Estas alterações ainda eram terminológica, pois “se tinha chamado filosofia primeira ou metafísica para as designações de Philosophia entis, como Maignan, Ontosophia, com Clauber”, enquanto Christian Wolff, discípulo de Leibniz, no seu estudo Philosofia prima sive Ontologia, “traduz uma emergência de uma nova concepção de filosofia primeira.” (pag. 21)

Também estas concepções estavam presentes em Crusius e Baumgarten: “para o primeiro, a metafísica estuda as verdades necessárias da razão, para o segundo  ela é … ” (pag. 21), a própria autora abre aspas para citá-la: “ (…) scientia primorum in humana cognitione principiorum”.

Assim, “recebendo por intermédio de Baumgarten, a sistemática wolffiana, Kant, ao negar a intuição intelectual, ver-se-ia obrigado a remodelar aquela profundamente, consumando a redução gnoseológica da ontologia, antes somente esboçada.” (pag. 22).

Foi assim que Kant tornou o ser “em si” (an sich) das coisas incognoscível, restringindo a ontologia “âmbito subjetivo e fenomênico do conhecimento humano” e estabelecendo os princípios de uma razão pura e “encerrou-se no âmbito antropológico do conhecer finito, inviabilizando a metafísica” (pag. 23) e preparando campo para o idealismo alemão.

 

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