A salvação do Belo
Leio a versão espanhola de mais um bom livro do coreano-alemão Byung-Chul Han, sem dúvida um tema urgente em tempos de feiura e de certa confusão entre a arte e o mau gosto.
Comenta obras de Jeff Koon, que chama se soteriologica, porque promete uma redenção diferente da redenção cristã, mas talhada entre a positividade e o hedonismo, a positividade que chama de o “mundo do polido” (página 16) dando como exemplo a escultura Balloon Vênus (foto), entre outras.
Para entendermos o que é positividade, o autor exemplifica a obra de Andy Wharol que mesmo se declarando partidário de uma superfície “bela e acetinada” (pag. 14), sua obra não deixa de ter a negatividade, por exemplo, em “Morte e desastre”,
Comenta através de Roland Barthes (a obra citada é Mitologias) relembrando o modelo tátil do carro Citröen , que lembra também a interatividade das mídias, porém procura enfatizar que o tátil é é o mais desmistificador dos sentidos, enquanto a visão é o mais “mágico”.
Comenta que ao chamar de “Batismo” uma exposição que faz contraste coma cultura cristã, a obra de Jeff Koons exerce uma sacralização do lido e impecável” (pag. 17), e apesar de parecer algo “novo” é idealista e procura esconder a “ferida”, essencial para a arte conforme afirma Gadamer citado por Chul Han, de onde surge o apelo para “mudar a vida” (pag. 17).
O autor afirma “hoje não só se volta o polido ao belo, mas também o feio” (pag. 19).
Sobre a diferença entre erotismo e hedonismo, o autor recorre a obra de G. Baittaile “o erotismo”, onde percebia que o feio é a dissolução dos limites e a liberação, lembre-se que o autor tem uma obra específica sobre o tema: “A agonia do eros”.
O perfeccionismo idealista é aparentemente pacificador e “belo”, mas é conservador porque deixa de apontar aquilo que pode e deve ser mudado, é a “ferida” que salva a arte.
HAN, Byung-Chul. La salvación de lo bello. Barcelona: Herder Editorial, 2015.