Que caminho encontrar numa situação confusa
Tanto Zizek quanto Dalrymple avançam no diagnóstico de uma cultura ocidental em crise,debatem-se apenas com aquilo que foi destruído a secularização e a luta ideológica ocidental, rebatem qualquer possibilidade de um novo patamar moral e ético, mas fica a pergunta de Zizek: “Como podemos encontrar um caminho nessa situação confusa? “ (pg. 41), certamente não serão mais os modelos já testados e falimos gestados no centro da cultura europeia, apelar para Descartes (Darlymple no seu capítulo sobre o Relativismo e o problema epistemológico, “volte Descartes precisamos de você”) ou Hegel que ocupa papel central nas leituras de Zizek junto ao hegelianismo novo de “Marx” sobre o qual o próprio Zizek aponta contradições.
Culpam os valores morais do cristianismo ou do islamismo que pouco ou quase nada influenciam na sociedade europeia contemporânea, ainda que por causa da imigração hajam mais árabes ou cristãos vindo de países com menor desenvolvimento, serão sempre camadas inferiores e subalternas no pensamento europeu, não há espaço para o novo, ele tem que se parecer com as velhas teorias de desenvolvimento, cultura e moralidades europeias, o cenário de crise evolui para o de confronto e de ódio.
Em todos os tempos houveram minorias que apontaram saídas, o grupo de filósofos em torno de Platão não gozavam de grande prestígio, e como dizemos esta semana a cultura ocidental é apenas uma “nota de rodapé” da cultura clássica, Aristóteles ganhou notoriedade por ser tutor de Alexandre, mas é preciso dizer que ensinou a ele e seus companheiros não a arte da guerra, mas ensinamentos sobre medicina, filosofia, moral, religião lógica e arte, e deu-lhe uma cópia que Alexandre levava em suas campanhas de conquistas.
Um novo pensamento não será nada daquilo que já envelheceu, e ainda que deva ser lido e analisado, o novo brotará de veredas mal exploradas e esquecidas, de clareiras que poderão abrir novos polos de real humanismo em meio a cultura da guerra e do ódio, nela não pode haver esperança e tudo que se espera é uma crise civilizatória, cujas nuvens pesadas já se vê no horizonte.
Na leitura bíblica são lembradas sempre Jerusalém, Belém e Betânia onde Jesus descansava, porém Cafarnaum é o verdadeiro lugar onde Jesus deu seus primeiros passos na sua missão, perto dali estava a casa de Pedro e como era perto do Mar, na verdade a beira do lago de Genesaré, é lembrada como “caminho para o mar”, onde estão Zabulon e Nefatali, e foi a vereda por onde Jesus encontrou seus primeiros discípulos, sua pregação e seus milagres.
Cafarnaum é próxima de Zabulon e Neftali, dela disse o profeta Isaias: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos” (Mt 4,15), assim é provável que uma nova Cafarnaum não será nenhuma terra “religiosa” no sentido de dominação da cultura cristã ou islâmica, mas de um lugar escondido onde uma nova civilização irá despontar.
A espera de uma Cafarnaum moderna, ou de uma Atenas, onde brote uma nova concepção de cidadania, o início do livro “A República” de Platão é sobre o justo e o injusto e suas reputações na sociedade.