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Escatologia apenas humana

08 dez

Dois equívocos sobre o Natal é que se trata apenas do nascimento de Jesus, ao menos o Jesus histórico deve ser admitido como homem que existe pois houve um recenseamento quando ele nasceu, a segunda é o que veio e o que virá, o advento é assim aquilo (ou aquele) que vem e virá.

Relendo a obra Homo sapiens de Yuval Noah Harari apresenta uma perspectiva evolucionista darwiniana colocando como o homem impôs sua vida no planeta, contemplando três fases: a coletora, a agrícola (e sedentária), a fase industrial e a moderna de informação intensiva, e busca alinhar os elementos estruturais que conectam com a ordem cultural e com os seus alicerces.

No plano da cultura desta as crenças gerais compartilhadas em cada fases, que chama de mitos ficcionais, aos quais atribui a indispensável coesão social e os empreendimentos de cada período.

Mesmo sendo judeu, que possui uma escatologia forte abramica, recusa a existência da alma, da consciência e da individualidade, tendo como perspectiva que a ciência não detectou isto, e que as notáveis conquistas da ciência contemporânea dispensam estas existências.

O seu longo e elaborado trabalho que ao negar estes fatos existenciais metafísicos, envereda pelo mesmo caminho dos neologicistas, de algoritmos que regulariam a vida inclusive biológica, porém é a consciência algo assim desconectado da inteligência e será que organismos são só algoritmos.

O sentido clássico de cosmos, explorado desde Platão, a energia requerida para acionar um algoritmo da criação, a energia sem a qual a própria ideia de algoritmo não se sustenta, é algo que já pré-existia antes da hominização do cosmos (a natureza tornou-se homem) e o que será o futuro deste processo sobre o qual o próprio Harari indaga, sem alma e consciência deste fim.

Estas perguntas apontam para uma escatologia, princípio e fim, e não temos uma aposta num fim longínquo ou próximo se não tivermos respostas sobre um princípio, o escato-lógico do Ser.

Ainda que a escatologia de Harari não seja completa, não há transcendência, ele percebe que estamos próximos de um limiar civilizatório bastante perigoso, tanto no aspecto humano quanto do equilíbrio da natureza, e que o homem poderá realizar esta tarefa sozinho sem algo superior.

 

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