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Hacker faz scraping com dados de políticos
Nesta última terça, um hacker divulgou telefones e endereços de José Dirceu, do deputado federal José Genoino (PT-SP) e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenados no processo do mensalão, além de Lula, Aécio Neves (PSDB), Maluf(PP), do senador Renan Calheiros (PMDB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.
Scraping tem como possível tradução “raspagem de dados”, o termo é usado em termos digitais para descrever atividades de extrair dados de sites e torná-los mais “amigáveis” de forma que uma pessoa leiga em contabilidade e direito, por exemplo, possa entender.
O hacker, identificado como @nbdu1nder parece estar ligado ao grupo que derrubou várias páginas governamentais e de bancos em 2011 e 2012.
Entre os dados divulgados estão supostos endereços de Lula em São Bernardo do Campo (SP), Sertãozinho (SP) e Natal (RN), bem como celulares e supostas empresas pertencentes ao ex-presidente.
O Instituto Lula informou que endereços de empresas e até a própria residência do ex-presidente já são públicos, já os dados telefônicos a Folha confirmou.
Divulgar dados sem o consentimento dos proprietários é considerado crime, mesmo que sejam verdadeiros e com intensão de ajudar a transparência pública.
Enquanto isso o Cachoeira curte sua lua de mel nas praias da Bahia, e os dados públicos que o envolvem talvez nunca conheçamos de fato.
Habermas: entre o iluminismo e a esfera-pública
As questões de esfera-pública de Habermas estão ligadas à ideia que é possível pensar graças a evolução tecno-social em novas estruturas.
Habermas (1995) ao estudar Kant, no seu livro “O que é o iluminismo”, destacou o que Kant entendia pelo que era então o uso público:
“por uso público da própria razão entendo aquele que qualquer um, enquanto erudito, dela faz perante o grande público do mundo letrado. Chamo uso privado àquele que alguém pode fazer da sua razão num certo cargo público ou função a ele confiado (Kant, 1784: 13).
Será o uso desta noção kantiana de uso público da razão (veja a questão do Outro no post anterior) que é feita por indivíduos privados onde Habermas viu o que era pensado como esfera pública burguesa dos séculos XVIII e XIX.
Habermas está preocupado, ainda que faça uma crítica a Hegel com as questões do estado, orienta-se não num dilema, mas num “trilema” da razão moderna que o conduz a reconstrução da filosofia do direito contemporâneo, mas rejeita tanto uma antropologia filosófica, como uma crítica da razão à la Nietszche,
Ao adotar sua teoria da ação comunicativa, substitui tanto a razão prática (kantiana) como a teleologia positivista “dos direitos individuais” por uma razão comunicativa definida assim:
A razão comunicativa, importante neste tempo de novas mídias, difere da razão prática antes de mais por já não estar ligada ao ator individual ou a um sujeito coletivo como o estado ou toda a sociedade (Habermas, 1992: 3).
Se por um lado Habermas critica as formas de organização do estado, ao criticar Luhmann, por exemplo, de incorrer numa “fraqueza metodológica de um funcionalismo sistémico absolutizado” (Habermas, 1986b: 312), busca ainda salvar um estado que ele julga “ter em conta os efeitos laterais patológicos de uma estrutura de classes que não podem ser compreendidos apenas por recurso a uma teoria da ação” (Habermas, 1986: 303).
Mas o problema é ainda como fica a pessoa comum em todas estas coisas, agora que esta pessoa tem mecanismos (mídias) para dar visibilidade ao seu pensamento, não sem referência ao Outro, mas justamente compartilhando e colaborando com ele.
Kant, I. A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1784 (1992).
Habermas, J. Between Facts and Norms: Contributions to a Discourse Theory of Law and Democracy, Cambridge, Polity Press, 1992.
Habermas, J. The Theory of Communicative Action: Reason and the Rationalization of Society, (vol. 2), Cambridge: Polity Press, 1986.
Mais sobre Bauman, o sujeito e as redes
Sobre Bauman afirmamos que o mal-estar atravessa a pessoa humana, isto porque a relação do sujeito com seus bens e com as pessoas que convive, isto é, com os objetos e pessoas que dão sentido e prazer de viver ao ser.
Neste sentido não podemos deixar de pensar nos processo de fantasias, no imaginário e até na religiosidade das pessoas sua volta, mas sem perder a capacidade de reflexão e crítica além de manter a velocidade e a mobilidade inerentes à comunicação e cultura modernas, vistas por muitos autores como “superficial”, “alinenante”, “cultura light”, “geração superficial” e outras rotulações pouco apropriadas e profundas.
Esta fantasia pode fornecer ao sujeito alguma segurança em uma época tão insegura, devolver-lhe a capacidade de pensar, sonhar, refletir, criticar e ser feliz, principalmente.
Mas este sentido da fantasia pode ser ideológico não no sentido de que nos impessa a ver o todo do real de nossa época, mas que elimine a parcialidade e o sectarismo tão presentes nestas relações.
Queremos expressar nossa opinião sobre a busca do real, nesses tempos de virtualidade, isto significa um bom questionamento da fantasia e da magia, com a tentativa de compreender o sentido de crítica ao capitalismo.
O sujeito tenta preencher seu desejo, todavia, o desejo é por definição não-preenchível, por isto vai buscar no imaginário e na relação com outro e então pode encontrar o que deseja, na “relação”. Neste contexto os bens e o dinheiro principalmente não podem ocupar o lugar do Outro, para poder retornar para si o papel daquele que preenche os desejos humanos e que pode encontrar um lugar de “relação”, de “dádiva” justamente com o Outro.
Que é esse Ser e este sujeito, fazendo uma analogia assimétrica ao Homem Vitruviano, podemos compô-lo em oito dimensões: Original (antropológica e histórica), Intencional (livre arbítrio e subjetivo),Corporal (biológica e genética), íntima (afetiva e familiar), Cultural (raças, credos e sociais), Interioridade (condicionamentos, necessidades e desejos), Material (sócio-econômico e circunstancial) e Espiritual (crenças, condicionamentos sociais e/ou políticos).
Concluímos que existe uma ligação entre o desejo e a subjetividade do sujeito com o Outro, aspecto negado em muitas filosofias e posturas atuais, e cuja dificuldade encontrada na relação do sujeito com o real pode ser tratada tanto no sentido ideológico tradicional, como através do fetichismo da relação de pessoas e com os objetos, aí sim alienantes.