Arquivo para junho 16th, 2016
Ética, a Moral e a conjuntura
A palavra “ética” vem do grego “ethos”, que poderia ser traduzida como “morada”, “habitat”, “refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam, no entanto, para os filósofos gregos, este termo também se refere a “modo de ser”, “caráter”, “índole”, “natureza”.
Mas a ética e a moral estavam no mesmo plano na antiguidade, para o filósofo Aristóteles a ética era caracterizada pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, que seria viver bem, ter uma boa vida, juntamente e para os outros, portanto era tanto o caráter pessoal quanto social.
A modernidade se caracteriza entre outras coisas pela divisão entre as esferas públicas e privadas, embora o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk fale de outras esferas, e o místico católico Teilhard Chardin fale da noosfera (a esfera do espírito), estamos presos a duas dimensões ética: a social e a privada.
Já a palavra “moral” é originária do termo latino “Morales”, que significa “relativo aos costumes”, isto é, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação, seria portanto algo cultural, e aqui aparece a confusão, o que a modernidade considerada “natural”, como tirar vantagens pessoais em torno de questões públicas, se refere também ao plano ético e cultural, assim tirar vantagens dentro da lei, poderia ser ético, mas jamais seria moral.
O filósofo Adorno escreveu sobre a moral, em “Mínima moralia”, onde afirmava que mundo é este onde até uma criança ao receber um presente poderia se perguntar porque o estaria recebendo, e portanto, não é assunto restrito ao privado ou ao religioso.
É preciso afirmar sobre a conjuntura nacional, tanto no plano ético quanto no plano moral há uma falta de valores, o que se designa muitas vezes como “caráter”, isto é, aquilo que caracteriza o Ser social, como ser responsável perante o outro, perante não apenas o diálogo, a condições de dignidade humana e equidade, mas principalmente o respeito ao diferente e ao Ser presente em cada pessoa.