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A crise e a consciência planetária

29 nov

Se o quadro parece complexo para o homem do despertar do século XXI,Cultura não se podem fatores que aguçam a consciência planetária, Morin (2003) indica 6 processos nas páginas 36 e 37 do seu livro Terra-Pátria:
“A persistência de uma ameaça nuclear global A ameaça atómica foi e continua sendo um fator de consciência planetária. O grande temor virulento de 1945-1962, anestesiado sob o equilíbrio do terror, redesperta.”, por coincidência infeliz a Coréia do Norte acaba de lançar um míssil balístico no mar do Japão, a provocação permanece.
“A formação de uma consciência ecológica planetária O objeto da ciência ecológica é cada vez mais a biosfera em seu conjunto, e isso em função da multiplicação das degradações e poluições em todos os continentes e da detecção, desde os anos 1980, de uma ameaça global à vida do planeta”, dentre as muitas contestações do governo de Trump, a mais eficaz e contundente tem sido a questão ecológica porque ameaça até mesmo acordos com a Zona do Euro e também internamente, o governador da Califórnia Jerry Brown anunciou em vídeo que um grande encontro sobre mudança climática será realizado em San Francisco em 2018, numa clara contestação ao governo americano.
“A entrada no mundo do terceiro mundo A descolonização dos anos 1950-1960 fez surgir no proscénio do Globo 1,5 bilhão de seres humanos, até então refugados pelo Ocidente nos baixios da história”, note-se bem que Morin escreveu isto antes da crise humanitária provocada pela guerra na Síria, e a imigração africana e árabe é crescente na Europa.
“O desenvolvimento da mundialização civilizacional Esta se desenvolve, para o pior e para o melhor: para o pior, acarreta destruições culturais irremediáveis; homogeneíza e padroniza os costumes, os hábitos, o consumo, a alimentação (fastfood), a viagem, o turismo; mas essa mundialização opera também para o melhor porque produz hábitos, costumes, géneros de vida comuns através das fronteiras nacionais, étnicas, religiosas, rompendo um certo número de barreiras de incompreensões entre indivíduos ou povos”, a Europa vai mudando de feição e de costumes, enquanto os países do terceiro mundo adotam cada vez mais costumes mundializados.
“O desenvolvimento de uma mundialização cultural Enquanto a noção de civilização recobre essencialmente tudo o que é universalizável: técnicas, objetos utilitários, habilidades, modos e géneros de vida baseados no uso e consumo dessas técnicas e objetos, a noção de cultura recobre tudo o que é singular, original, próprio a uma etnia, a uma nação”, mas ao contrário do que se imaginava reapareceram nações como a Armênia e a Macedônia, diversas “antigas repúblicas soviéticas” e outras lutam para emergir: o Curdistão e a Chechênia,
Emerge um folclore planetário, como “o jazz que se ramificou em diversos estilos a partir de Nova Orleans, o tango nascido no bairro portuário de Buenos Aires, o mambo cubano, a valsa de Viena, o rock americano que por sua vez produziu variedades diferenciadas no mundo inteiro … a cítara indiana de Ravi Shankar, o flamengo andaluz, a melopeia árabe de Oum Kalsoum, o huayno dos Andes; suscitou os sincretismos da salsa, do rai, do flamengo-rock.” (Morin, 2003, pag. 39)
É inegável que a diversidade se afirmou, mas em sentido contrário a mundialização aconteceu, não só nos processos perversos econômicos, mas nos adversos da cultura.
MORIN,E. e KERN, A.B.Terra-Pátria. Traduzido do francês por Paulo Azevedo Neves da Silva. Porto Alegre : Sulina, 2003.

 

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