O novo livro de Sloterdijk
O livro “Las epidemias políticas” de Peter Sloterdijk ainda está em andamento, porém já há citações e comentários sobre ele, onde se lê que há uma “quase perfeita sincronicidade da pandemia microbiana com a informativa, e acredita que a crise atual poderá levar “a uma consciência coletiva dentro do individualismo”, onde aparece um otimismo novo.
Um dos comentários mais lidos sobre o proto-livro é o que foi publicado em 26 de agosto de 2020 na por El Ciudadano, e que foi comentado pela revista brasileira IHU (Instituto Humanitas Unisinos).
Nele afirma que a sociedade ainda não está “em condições de olhar para além da pandemia” e prevê que pouco vai mudar pois “muitos aguardam com ansiedade o retorno à contidiana frivolidade do modo de vida consumista” e apenas com tempo e reflexões é que isto “levará a uma transformação da consciência coletiva dentro do individualismo.
O nome é porque vê os meios de comunicação como “portadores de infecções” e que a democracia atual é superficial para abrigar a troca de argumento e o diálogo, então estamos sempre “entre epidemias, estratégias e vacinas” num sentido mais amplo, onde a informação é apenas uma rede de “emoção, envenenamento e destruição do juízo público”.
A análise é precisa porque o dualismo e a polarização não tem só um lado, mas tem os dois igualmente e parece que estamos presos a esta lógica onde os argumentos pouco importam.
Aponta por exemplo sobre o discurso do ódio, o fato de que “as pessoas muitas vezes tendem a ver o outro como uma fonte de perigo não é uma consequencia da atual pandemia de coronavírus, nem é uma invenção do racismo pseudoobiológico do século XIXI, Claude-Lévy Strauss apontou, há muito tempo que uma dose de xenofobia faz parte da herança ancestral da espécie homo sapiens”.
Apesar dos sistemas que explicavam tudo terem fracassado detecta que “agora, quase nada é tão contagioso como o entusiasmo pelas ideias universalistas. Quando o universalismo fracassa, surge a crítica. Quando a crítica fracassa, surge furioso o ressentimento em massa” e conclui que é isto que leva as “epidemias da ira”, enfim nossa dificuldade de resignação e resiliência.
Faz sua síntese histórica analisando que “Na Europa, o Iluminismo começou com a afirmação de que o bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo. Existem muitas razões para duvidar da veracidade desta tese”, agora sabemos que seguranças e imunidades são mal distribuídas.