Arquivo para setembro 6th, 2021
A volta a frivolidade não será simples
Esta é a frase do mais respeitado filósofo alemão vivo Peter Sloterdijk, e muitas notícias indicam que talvez tenham que conviver com a covid por mais tempo que imaginamos, a festejada Nova Zelândia pelo combate a pandemia, anunciou na semana passada uma morte pela covid.
A vacinação continua ser importante porque há casos de mortes ainda, os números no Brasil até o final de semana são de 66.862.534 pessoas que completaram o esquema vacinal, isto corresponde a 31,34% da população do país, enquanto os que estão com a primeira dose são mais de 134 milhões, correspondendo a 62,90% da população, o que é insuficiente para flexibilizar as medidas.
Seria suficiente não fossem as variantes Delta e agora a Mu (já há 5 casos em Minas Gerais), que já chegou na Colômbia e é ainda mais letal, a delta já está presente em muitas regiões que é a provável causa de altas de mortes no Rio de Janeiro, Roraima e Espírito Santos, os outros estamos permanecem em queda, mas lenta.
A análise de Peter Sloterdijk para o jornal El Pais sobre uma improvável (visão dele) volta a antiga normalidade, o que chama de frivolidade é explicada ao conceber a realidade atual onde uma “gigantesca esfera de consumo se baseia na produção coletiva de uma atmosfera frívola. Sem frivolidade, não há público nem população que mostre a inclinação ao consumo”, e de certa forma a pandemia rompeu este vínculo.
Todo mundo espera agora, até mesmo concepções ditas progressistas, conforme afirma o filósofo: “que esse vínculo volta a ser reconectado, mas vai ser difícil”, muitas aprenderam a viver o essencial.
Usando um conceito moderno usado também para as tecnologias disruptivas, sua visão de uma antropotécnica é importante para uma análise mais sensata, explica a fase atual: “depois de uma disrupção tão grande, o retorno aos padrões de frivolidade não será fácil”, diz na entrevista a El Pais.
Compreendendo que o processo agora é global e isto é o “novo deste surto” atual, diz o filósofo, antes tínhamos “surtos relativamente regulares, mas, no passado, as pessoas tendiam a voltar aos seus hábitos comuns de existência”, ou seja, um pensamento, vida e consumos frívolos.
Enquanto não conseguimos elaborar alguma forma de mutualismo, que Sloterdijk defende, volta a usar seu conceito de comunidade, anterior a esta crise, e afirma: “essa crise revela a necessidade de uma prática mais profunda de mutualismo”.
Ele virá, mas a policrise, como Edgar Morin já chamava a crise atual antes da pandemia, vai se alargar, a ambiental, social e da justiça.