Arquivo para June, 2012
Noosfera, o ômega e as redes
Teilhard concebeu a idéia do Ponto Ômega e desenvolveu com Vladimir Vernadsky o conceito de Noosfera, temos além das camadas da terra (Geosfera), da vida sobre o planeta (Biosfera), a Atmosfera (gases que envolvem o planeta), temos ainda esta camada que nos envolve e nos “liga” a todos, uma camada do espírito, a Noosfera.
O Ponto Ômega para ele significa o ponto supremo da complexidade e da consciência da natureza (da qual o homem é sua máxima complexificação), que é para onde o universo de cresce em complexidade e consciência, sendo também uma referência ao texto bíblico do Apocalipse (Ap. 1:8), no qual se lê “Eu sou o Alfa e Ômega”, no sentido segundos os biblistas de “início e fim” de tudo e de todo universo, mas é claro o Ômega refere-se ao ponto para o qual caminhamos.
McLuhan usou muitas vezes o raciocínio de Chardin para compreender a evolução da complexidade do momento que vivemos (Chardin morreu em 1955 mas viu a eletrônica nascer), viu o conflito entre o mecânico e o eletrônico por representarem culturas distintas: “A era eletrônica,conforme Teilhard de Chardin insistiu, não é mecânica, porém orgânica, e pouca simpatia sente pelos valores alcançados através da tipografia […]” (A galáxia de Gutenberg, Marshall McLuhan, 1972, p.189).
E Chardin, falecido em 1955 sem ver nenhum de seus livros publicados (todos publicados póstumos), via a conexão em rede provavelmente além da própria era eletrônica, e na qual Pierre Lévy buscou a “inteligência coletiva”, pode-se ler em uma das passagens de O fenômeno humano: “Ninguém pode negar que uma rede […] de filiações econômicas e psíquicas está sendo tecida numa velocidade que aumenta sempre, que abraça e constantemente penetra cada vez mais fundo em nós. A cada dia que passa, torna-se um pouco mais impossível para nós agir ou pensar de forma que não seja coletiva […] Nós chegaremos ao princípio de uma nova era. A terra ganha uma nova pele. Melhor ainda, encontra sua alma”. (O fenômeno humano, Teilhard Chardin, 1962)
A conexão eletrônica é apenas a parte visível de toda a conexão cósmica a que estamos submetidos, a ligação que temos entre os seres e tudo o que está no cósmo.
Não é por acaso a ligação de Chardin com o avanço da conexões tecnológicas atuais e sua compreensão por McLuhan e Pierre Lévy, estamos conectados e agora ainda mais sensívelmente, ou se pensarmos em coisas externas, sensóriamente.
Vint Cerf, pioneiro e o dia do IPv6
Os números de IPs (Internet Protocols) estão se esgotando, eles funcionam como um endereço de CEP postal para a internet, mas tem um número limitado, os cerca de 4,3 bilhões de endereços disponíveis não são suficientes, e esta quarta-feira é o Dia Mundial do IPv6, o novo protocolo mas as empresas e instituições precisam aderir a nova proposta.
Vinton G. Cerf junto com a Robert E. Kahn, são os criadores da Internet, uma vez que foram propositores dos protocolos TCP/IP, que são o alicerce da conexão à rede, sem eles a conexão não seria possivel mundialmente, mas apenas para um número limitado de pessoas.
O artigo original intitulado “A Protocol for Packet Network Intercommunication” foi essencial para estabelecer um padrão de intercâmbio de dados através da internet, que depois rapidamente se popularizou e trouxeram inúmeros benefícios, mais tarde foi acrescentado o número de IP para permitir a difusão em todo mundo.
Cerf trabalha atualmente na Google e foi um protagonista privilegiado da internet, viu nascer o e-mail, o e-commerce e os emoticons, e incentiva a adoção dos protocolos IPv6.
Ele afirmou para uma entrevista na Tech News que “é uma importante conquista para ISPs e provedores de aplicações em todo o mundo” este novo formato que usa 128 bits de comprimento, contra os limitados 32 anteriores.
Europa na frente para o IPv6
O novo esquema de endereçamento para a internet foi necessário porque o IPv4 está se esgotando (o número de possibilidades de endereços no sistema antigo), e amanhã haverá o dia mundial do IPv6, patrocinado pela Internet Society.
O superintendente da Europa de endereços de rede, o RIPE NCC, informou que a Europa está a frente dos países asiáticos e a Noruega em especial, onde o IPv4 não está mais disponível.
Compilado pelo superintendente da Europa endereço de rede, RIPE NCC, o relatório descobriu Noruega estava à frente de países asiáticos onde os endereços IPv4 não estão mais disponíveis, mas o Reino Unido ficou fora da lista dos top 20 do IPv6, uma vez que apenas 17,3% de suas redes podem trabalhar no novo protocolo.
As top 20 que já se preparam para o novo sistema e são encabeçadas pela Noruega, Holanda que ficou em segundo lugar (43,5%) e a Malásia em terceiro com (37,1%), na há nenhum país emergente, exceto a África do Sul com 20% justamente em 20º lugar.
No Brasil o NIC órgão responsável pelo controle dos endereços, realizou o II Fórum de Implementadores do IPv6 com intuito de acelerar o processo, e mantem um link com cursos, documentos e um blog sobre o assunto.
A USP terá uma palestra no dia 6 de junho, informações podem ser vistas no site do IPv6 e você pode olhar no canto direito desta página e ver se você já está usando o IPv6, o que é apontado com o globo girando dentro do ícone do IPv6 Brasil.
Mais uma do cara do ponto azul
Quem não conhece um aplicativo disponível para celular é o navegador GPS, em 2006 Sam Liang do Google trabalhou neste projeto que permitiu o pontinho azul no Google Maps e mais tarde permitiu que o outro aplicativo, o Latitude, fizesse o compartilhamento de localização disponível entre celular, agora ele criou um aplicativo chamado PlaceMe com geolocalização mais precisa.
Agora sua própria empresa, a Alohar mobile, usa o conceito de ambiente (anote aí é uma palavra chave em muitos aplicativos novos) que significa não apenas usar o GPS e um sistema de triangularização hot spot do Wi-fi, mas algoritmos estatísticos que Liang não faz muita questão de divulgar, com isto haverá sempre uma localização mais precisa de onde você está e não desviará mais para locais imaginários a sua localização.
Se você parar de se mover, PlaceMe irá desligar o GPS, até você começar a andar de novo, desta maneira tem sempre a melhor localização geográfica, com menos energia.
O objetivo é fazer com que dados de localização precisos estejam disponíveis para os aplicativos que desejar e autorizar o tempo todo, sem usar as baterias e sem “chutes” de localização. O aplicativo está disponível para Android e Apple.
Numa conferência em março, Liang já havia mostrado outra novidade, como um app novo como uma pessoa permitir que um telefone esteja em um acidente de carro, poderia enviar um alerta de emergência com o aplicativo OnStar automaticamente.
E-books chegam ao ensino básico
A editora moderna possui um site de redes sobre o avanço e a adoção da tecnologia no ensino fundamental e mostra inúmeras alternativas já consolidadas no ensino de matemática, leitura e ciências biológicas.
Os ebooks estão no formato epub ou animados, possuem narração (audio-book) mas o formato a narração pode ser desligada, a editora não abandonou o formato impresso.
No início do ano a Apple tinha lançado uma ferramenta grauita de auxílio aos editores chamada iBooks Author prometendo facilidade para desenvolver livros didáticos, para criar e-books, mas o código não é aberto e só funciona no sistema operacional da Apple
A concepção do iBooks já incorpora aspectos multimodais, você pode adicionar imagens, filmes e ainda podem ser criados pequenos questionários para testar o conhecimento do leitor, permite controlar o zoom e tem a opção full-screen, colocando todo o filme, imagem ou texto em toda a tela.
Outras três opções de software livre são MobiPocket Creator, que permite conversão direta de HTLM, imagens e sugestão de capa numa publicação, Natata Ebook Compiler que converte arquivos em diversos formatos HTML, CSS, WAV, TXT, GIF, JPG, MID, JavaScript, DHTML, Flash, PDF numa pasta .exe que tem interface ebook e, um terceiro que considero interessante é o Zinepal que converte páginas Web, feeds e logs em arquivos PDF, ePub, Amazon Kindle e Mobipocket, este último que é o formato de nossa primeira sugestão.
Para aqueles que querem pagar, existem alguns softwares não tão caros como o Easy Ebook Creator, um pouco mais caro o Ebooks Writer e carinho mas profissional tem o AntsSoft.
O mercado será aquecido com a chegada dos livros didáticos que atinge os nativos do mundo digital que são a grande maioria das crianças de hoje.
O futuro da liberdade na Web
O congresso americano começou ontem a discussão sobre o controle da Web, aquilo que até agora é um território para a liberdade pessoal poderá ser transformado em controle estatal.
Estas discussões vão preparar uma reunião que deve se realizar em Dubai no final do ano, onde delegações de 193 países discutirão se a ONU (leia-se os estados na ONU e não os cidadãos na ONU) poderá estabelecer impostos globais e empresas controlando a Web.
Isto feito apenas por representantes dos estados, cada um com um voto, significa que muitos países terão condições de silenciar seus dissidentes políticos, calar a oposição e controlar a opinião pública, a maneira como fazem muitos jornais e a grande imprensa hoje.
As palavras do republicano Robert McDowell são claras para bom entendedor: “O que defensores da liberdade na internet farão ou não farão entre hoje e a reunião [de Dubai] determinará o futuro da Web, afetará o crescimento econômico mundial e determinará se a liberdade política poderá proliferar”, numa alusão clara que a internet está dando mais possibilidade de livre expressão e isto preocupa aqueles que querem manter o autoritarismo.
Já houveram reuniões a portas fechadas nos EUA, garante a Reuters, como algumas semanas atrás com representantes da ComCast e advogados da Internet Society.
A maioria dos cidadãos mundiais, povos oprimidos e pessoas comuns ganharam um canal de manifestação, isto incomoda a muitos, mas agora a democracia real poderá chegar.