Arquivo para fevereiro 2nd, 2021
Mudança e cosmologia limítrofe
As mudanças de nosso tempo trazem preocupações e alguns contratempos, entretanto é perigoso e limítrofe o que pode acontecer no pensamento, se pensamos tudo ser muito simples, pois não o é, o que é a fé.
Olhar aquilo que não entendemos com desconfiança, significa como a mudança é complexa, o risco de uma análise inadequada e ver as mudanças mais essenciais como obstáculos, enquanto são elas as grandes impulsionadoras da mudança, a reação pura e simples a ela é o que promove em nossos dias a ignorância, a manipulação dela é a má política e o dissenso, cresce a ignorância.
Ninguém tem bola de cristal, mas os argumentos da fé e da esperança podem ser usados, se bem usados, para olhar para o futuro com generosidade e convicção de que ele será possível.
Já citado no post anterior, a mundialidade é um deles, e é o melhor exemplo, porque é ao mesmo tempo simples, termos a Terra como Pátria, como reivindica Edgar Morin, e muito complexo porque envolve culturas, interesses econômicos e complexidade social.
Uma esperança simples é que o homem sempre superou na história os obstáculos que surgiram, na antiguidade clássica as guerras Greco-Persas (449-499 a.C.), a decadência do império romano, o tratado de paz da Vestfália (24 de outubro de 1648) que pôs fim as guerras religiosas entre estados, e foi marco de direito internacional, e finalmente, as duas guerras mundiais, que fizeram emergir a ONU ainda que seu papel deva ser ainda maior neste tempo.
Não se pode dizer que caminhamos para uma guerra, talvez seja este o momento em que possamos tratar a possibilidade de conflito mundial de modo preventivo, existem muitos locais, e por eles deve se começar a tratar os aspectos fundamentais de nosso tempo: o bom uso dos recursos naturais, a cooperação entre nações, e maior mutualismo, a pandemia deveria ter despertado isto.
O perigo de uma noite nuclear existe, também o que chamamos aqui de mutação aórgica, o próprio planeta, a natureza ou o misterioso universo nos atingir com algo impensável.
O aspecto da fé é importante, porque ela mobiliza bilhões de pessoas, é preciso dar a ela um caráter cosmológico e unificador, diferentes povos têm diferentes crenças, e mesmo que seja a mesma é preciso permitir a expressão cultural de modo adequado a cada povo.
Em toda cosmologia há a consciência de uma essência cósmica maior, um Deus expresso como Ser ou como alguma forma física, mas sempre superior aos impulsos mundanos e imediatos, ele pode ser usado não como limítrofe de nossos pré-conceitos e interpretações, mas como aquele “Algo” maior que reúne nossas distinções e encurta as diferenças.
O apelo entretanto deve ser aos que tem fé, que ela seja ao menos do tamanho de um grão de mostarda, com afirma a referência cristã, e que todos sirvam a Deus, o trecho do apóstolo Lucas que fala da fé minúscula que os crentes deveriam ter, diz (Lc 17,6): “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.”
Mas o texto bíblico didaticamente logo em seguida explica que isto SÓ PODE SER feito pela força superior e não por habilidade, apelo humano ou manipulação da fé para uso impróprio, diz o trecho seguinte (Lc, 17, 8): “Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?”, para dizer que a fé serve ao Senhor, e não aqueles que se servem dela, serve para que o Planeta e todo o Cosmos possa ter harmonia.
É preciso ter fé e esperança verdadeiros no futuro humano e do planeta, ela não pode servir a manipulação religiosa, política ou social, deve servir a todos, em especial, aqueles que tem outro tipo de crença ou de cultura, é preciso respeito a diversidade.