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Notícia boa, ruim e pós-trauma pandêmico

01 mar

A notícia boa é que a pandemia diminui no mundo todo, a má é que no Brasil pelo menos 7 estados com uma piora maior que os dados de 2020, é preocupante, porém o que já se começa a pensar é o que virá depois, nossa visão de mundo foi alterada e precisamos caminhar em nova via.

São eventos que acontecem individualmente quando sofremos um grave acidente, uma ruptura em relações pessoais, ou algo que cria um trauma, segundo David Trickey, psiquiatra e membro do Conselho de Trauma do Reino Unido, a ruptura do trauma é uma “construção de significado”.

Esclarece o psiquiatra: “a maneira como você se vê, a maneira como você vê o mundo e a maneira como você vê as outras pessoas” ficam abaladas pela reviravolta de um evento, surge uma lacuna em seu “sistema de orientação” e um simples estresse cotidiano transforma-se em trauma se são mediados por sentimentos fortes e prolongados de impotência e apreensão.

Será preciso olhar para a saúde mental das pessoas, estender nosso limite de tolerância e atenção, é neste momento que intolerâncias e práticas de pessimismo latente ou simplesmente de pouca

De que se trata este sistema de orientação e significado, todos possuímos uma espécie de “GPS pessoal”, ligado ao trabalho, a realização humana e suas necessidades, enfim a autoestima e a relação com os outros, tratamos demoradamente o assunto na semana passada.

A resiliência mental é uma espécie de bálsamo que movimenta nossa máquina cognitiva e nos faz seguir em frente ao estresse e se fica perto de um esgotamento cria um trauma psíquico, tão grave quando um trauma físico.

Lembrar as lições desta crise pandêmica e construir significados novos é mais difícil que ser apenas “otimistas”, porém a penúltima grande epidemia da crise espanhola mostrou que ela foi esquecida e as lições que podíamos tirar não foram tiradas.

Martin Bayly, um cientista social da London School of Economics (LSE), citado em reportagem da BBC, foi revisitar arquivos sobre a gripe espanhola no Reino Unido onde morreram 250 mil pessoas, e não conseguiu encontrar nenhuma evidência de homenagem pública, disse na reportagem “A ausência de memoriais fez com que desaparecesse da memória pública, na escrita da história”.

Isto afeta nossa preparação para crises futuras, quando ocorreu a pandemia de 1957 (a gripe asiática matou um milhão de pessoas), vários analistas destacaram conforme relato de Bayly “falhamos completamente em aprender as lições de 1918”, mas também a lição moral porque estávamos em meio a guerra.

Criar uma significação a partir de uma narrativa social, seria um passo importante destaca a reportagem, e um dos esforços no Reino Unido será o de lembrar a NHS (National Health Service) no caso brasileiro o SUS (Sistema Único de Saúde), além disto pensar em memórias e outros modos de lembrar e historiar esta crise serão alertas e preparação para o futuro.

 

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