Condenação da Rússia e deserto de soluções
A Assembleia Geral da ONU condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia por 141 votos a favor (foto) e 5 contrários (Belarus, Coréia do Norte, Eritréia e Síria, além da própria), porém a lista de abstenções é longa (35 países) e incluem os tradicionais aliados da Rússia: China, Venezuela e Cuba.
O Brasil votou a favor em contradição com a posição na OEA e a visita recente do presidente.
No discurso do chanceler da Rússia na ONU 100 países se retiraram da sala em boicote ao seu discurso, no final o Chanceler russo disse que as sanções econômicas do Ocidente são a única coisa possível ameaçando com armas nucleares qualquer outra solução de apoio militar.
Hoje se inicia a segunda rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia num deserto de soluções a não participação da Ucrânia na OTAN pode ser negociável, porém a Ucrânia já pediu o ingresso na União Europeia, e o discurso de Volodymyr Zelenski foi aplaudido de pé pela assembleia da UE que discutia incluí-la, mas o processo é longo e talvez em função da negociação não seja a hora.
Inicia-se hoje uma nova rodada de negociações para a paz, deve ser pensado um imediato cessar fogo, o deserto de ideias é amplo, no momento cada país apresentou apenas suas exigências, até a China se dispôs a intermediar, porém os dois países seguem um diálogo direto.
A Criméia já é um território anexado, entregar as duas regiões de Donetsk e Luhansk, para a Ucrânia significa ceder parte de seu território, um desarmamento unilateral da Ucrânia pode ser pensado se a questão da OTAN for negociável pelos russos.
Uma paz regional que não erga uma nova cortina de ferro parece distante, Putin está fragilizado dentro da Rússia devido as sanções, porém o impasse continua, a nível mundial segue uma bipolarização, embora diplomaticamente a Rússia sai da Assembleia da ONU muito fragilizada.
É preciso repensar a paz mundial, o conflito mostrou a fragilidade do equilíbrio nuclear, questões territoriais como Taiwan e parte das antigas repúblicas soviéticas seguem em desequilíbrio, e muitas abstenções escondem um apoio velado a Rússia e ao seu belicismo, do qual não escapam muitos países da OTAN sem deixar de incluir os Estados Unidos.
Há um deserto de soluções que não envolvam a solução armada e a indústria de guerra cresce.