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Olhar mais profundo sobre a guerra

01 fev

Em tempos de crise o mais difícil é entender a profundidade e a extensão da crise: social, política, ecológica e humana, a pandemia acelerou a níveis maiores e não há grandes análises nem pensamentos que deem conta da realidade, na verdade, muito achismo e sofismo, saídas fáceis para problemas complexos, o pior deles uma possível guerra.

Karl Kraus reclamava do jornalismo e da mentalidade de sua época sobre a possibilidade de uma nova guerra, que de fato aconteceu a Primeira Guerra mundial, em sua ironia assim se expressava: “existem imbecis superficiais e imbecis profundos”, e pouco a pouco a guerra de fez.

A crise instalada entre a Rússia e os Estados Unidos retorna a tensão sobre a qual a humanidade viveu todo o período da guerra fria, que aparentemente havia se afastado, mas lembramos da crise de 2014 na própria Ucrânia onde a Criméia voltou a ser posse russa, as várias crises com o Irã e o Afeganistão, a crise com a Coréia do Norte e a permanente crise com a China, que vai desde o campo comercial até o bélico.

Em meio a uma crise humanitária sem precedentes, já é tão grave quanto a gripe espanhola e a peste negra, a covid 19 agora se aproxima de uma endemia, uma doença com a qual teremos que conviver, mas é bom lembrar que os cuidados devem ser mantidos, e as autoridades de saúde não podem perder de vista o controle e medidas preventivas.

Peter Sloterdijk e Edgar Morin reclamam uma maior profundidade no olhar sobre a crise humanitária, já reclamavam antes da pandemia, certamente agora tem um olhar ainda mais aguçado e crítico sobre a superficialidade com que tratamos de temas tão graves e com necessidade de uma análise profunda, neste momento: uma possível guerra.

Olhando as análises parece que a mídia está interessada em possibilidades de vitória de um dos lados, de estratégias e posicionamentos que cada lado pode tomar, um possível corte no gás russo que abastece a Europa que está em pleno inverno, mas as consequências humanitárias e mundiais para todos, com maior gravidade para Rússia e Ucrânia é claro, pode ter consequências que tornem o próprio planeta e a civilização irreconhecíveis se o alarme de guerra soar, todos perderão e os mais pobres serão levados a penúria total com aumento de preços e escassez de alimentos.

Sim as etapas de negociação continuam, a Rússia reafirma que não invadirá, mas o acúmulo de forças em torno da Ucrânia é uma escalada proporcional apenas ao período da segunda guerra mundial, o posicionamento é também estratégico para uma guerra, o conselho de segurança da ONU que no processo de revezamento agora tem a Rússia na presidência, se reúne para tentar viabilizar a via diplomática.

Quem cederá, o que é possível cada lado ceder, a OTAN não tornar a Ucrânia país membro e a Rússia deixar de dar apoio as forças que atuam internamente na Ucrânia, porém o raciocínio de que há uma polarização ideológica planetária não pode ser deixado de lado, a origem da tensão é esta polarização e ela está presente hoje em todos país, uma nova cultura de paz é necessária para a humanidade, e esta profundidade da reflexão não pode ser deixada de lado.

 

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