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A paz desejável

25 mar

A paz entre os povos deve vir a partir de uma profunda reflexão sobre as diferenças e a tolerância entre valores que são extremamente diversos e que não significam necessariamente a impossibilidade da paz, e quanto há cicatrizes antigas é preciso cuidado ao evita-las, elas existem porque alguma paz foi estabelecida sem que a dignidade dos povos fosse respeitada.

Edgard Morin em seu recente ensaio “A beira do abismo” (já foi feito um post aqui), diz “um dos aspectos da tragédia é que não podemos fazer uso da fraqueza nem da força separadamente e que estamos obrigados a navegar entre as duas de maneira incerta”.

Raymond Aron escreveu “Paz e guerra entre as nações” (Martins-Fontes, 2018) elabora um pensamento sobre isto, refletindo que cada povo deve ser fiel ao seu ideal como nação, não ignorar uma história conflituosa, e, pensar e agir com determinação de fazer que a ausência de guerra se prolongue até o momento em que uma paz seja possível e durável, imaginando que esse dia chegará.

É preciso sobretudo perdão entre povos e nações que viveram conflitos, como foi o caso da Alemanha, Itália e Japão, que estiveram na segunda guerra e conseguiram superar as próprias cicatrizes e manter firme os ideais como nações fortes, que hoje são.

É preciso que se comportem como o filho pródigo que ao retornar a casa, neste caso ao próprio território e as raízes saudáveis de seus povos, conseguiram reerguer as nações sob um manto novo de pacifismo, tolerância e desenvolvimento de suas nações.

Também é preciso que as nações conflitantes estejam abertas a este recomeço, na parábola bíblica, o irmão mais velho não entende que o pai faça festa ao irmão que gastou todo dinheiro da herança desperdiçando em coisas fúteis e passageiras, e agora retorna a casa, em termos da guerra o retorno ao seu próprio território.

Assim nem é a Pax Romana, de submeter os povos vencidos, nem a Pax eterna do ideal liberal, que não levou a uma paz duradoura e sim a duas guerras mundiais.

 

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