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O fracasso civilizatório e a saída

15 abr

Estamos comentando o livro “Como viver em tempos de crise ?“,  de Edgar Morin e Patrick Viveret e como já foi dito é anterior a pandemia, mas traz luz para a crise que vivemos que tem raízes anteriores a este processo e que a pandemia apenas acelerou.

O esvaziamento do ser (ou na visão de Heidegger o “velamento”) tomou formas de “coisificação, seja em relação aos seres vivos em geral ou à própria humanidade, cuja mercantilização desenfreada se apresenta aqui apenas como um aspecto, expressam essa incapacidade de salvação pela economia” (p. 44), como já dissemos que é a proposta central da modernidade.

Dizem os autores: “o fim desse formidável período histórico que foi chamado de modernidade ocidental e que é bem caracterizado por Max Weber, em A ética protestante e o espírito do capitalismo, como a passagem da economia da salvação para a salvação pela economia” (p. 43).

No entanto perguntam os autores “como sair desse ciclo, preservando o melhor?” (p. 44) seria preciso (porque a pandemia parece ter exposto o lado mais cruel desta possibilidade) “entender, escutar, reencontrar o melhor das sociedades e civilizações tradicionais, ao mesmo tempo mantendo a lucidez de que nelas existe o pior?” (p. 44) a resposta parecia afirmativa. e não foi ou ainda não é o que está acontecendo em plena pandemia.

Esclarece um ponto importante ao criticar o individualismo de nossos tempos, “a individuação, que não se reduz em absoluto ao individualismo; os direitos dos homens e, nesses direitos, os direitos das mulheres? Em compensação, como romper com todas as formas de dominação, imperialismo, colonialismo, coisificação, nas relações com os seres vivos, nas relações com a natureza, nas próprias relações inter-humanas?” (p. 45), que se mantém na forma de dependência esclarecem, e a saída será um encontro da humanidade consigo mesmo.

Será necessário um diálogo “exigente entre civilizações e erigir um universal possível, não imposto de cima pelo modelo advindo da modernidade ocidental, mas como um mosaico inter-humano” (p. 46), e esclarece que num diálogo deste tipo que participou em Nova Delhi, a expressão “mosaico” ajudou a baixar a guarda e enfrentarem o pior de cada civilização e cita o caso da mutilação feminina na África.

O diálogo é necessário, mas quais seriam os pontos importantes neste diálogo?

MORIN, E., VIVERET, P. Como sobreviver na crise ? . Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2013.