Arquivo para dezembro 4th, 2020
Desertos e oráculos
Caminhamos como sonâmbulos no escura, aponta Edgar Morin, este não é um tempo propício ao pensamento afirma Peter Sloterdijk, Byung Chul Han diz que nosso tempo é o “deserto ou inferno do igual”, mas diria que o deserto ainda pode ser fértil, e ter um Oasis porem o igual estéril, é massificação, despersonali-zador e mais que autoritário nos identifica ao nada.
São algumas das vozes que identifico como uma busca desesperada para um retorno não ao antigo normal, mas a um realmente novo normal, não deverá ser este no fim da pandemia, e sim o inferno que nos nivelou todos por baixo, pelo desumano, pelo irracional e pelo consumo.
Edgar Morin aponta para a educação como um caminho para esta renovação, mas quem serão os professores com novo pensamento e nova mentalidade, Byung Chul Han aponta para o cuidado da terra, seu novo livro “Louvor da Terra” que aponta para um jardim comunitário, onde os ritmos e características de cada flor são registrados e acolhidos com sua atenção oriental, centrada nos elementos simples de cada flor.
Peter Sloterdijk já havia escrito Se a Europa despertar, poderíamos dizer agora se o mundo despertasse no pós-pandemia, se realmente olhássemos para o Bem Moral que propõe Morin, para uma fraternidade concreta e realmente universal como propõe o papa Francisco em sua encíclica Fratelli Tutti, mas penso eu são vozes que clamam no deserto como João Batista que morreu degolado pelo pedido de uma dançarina sensual que encantara Herodes.
Quando os fariseus foram a João Batista, que vivia no deserto, vestindo peles de camelos e comendo mel de abelha e cereais, ele respondeu (João 1,23): “Eu sou a voz do que clama no deserto: ´Fazei um caminho reto para o Senhor”, como disse o profeta Isaías”.
Quando há oráculos, pensadores e sábios que falam no deserto uma mudança está próxima.