Caos pandêmico e negacionismo estrutural
As medidas de restrições deveriam ter continuado, mas o que se observa é uma liberação de aglomerações e ausência de protocolos claros, em todo mundo há um aumento de caos, aproximando-se dos 3 milhões diários, no Reino Unidos há uma explosão de casos (ver gráfico), estudos da França revelaram 46 variantes, a ômicron ainda é predominante, porém há o risco de novas mutações se a pandemia não for contida e a única arma disponível é a vacinação, entretanto, medidas sanitárias rigorosas já deveriam ter sido tomadas, aos poucos: voos, restaurantes e aglomerações voltam a ser proibidas (lá), mas sem a força necessária das autoridades públicas.
Não é diferente no Brasil, onde chegou-se a mais de 56 mil internações só na cidade de São Paulo, porém o discurso público é que são apenas pessoas que não tomaram vacina ou que os casos não são tão graves, porém a própria OMS alerta para a gravidade da ômicron, sendo o primeiro efeito imediato colocar o sistema de saúde em colapso, em São Paulo a ABLOS (Associação Brasileira de Lojistas Satélites) pedirá aos shoppings redução de horário de funcionamento pela falta de funcionários devido a covid.
Estudo da Universidade de Washington indica que o Brasil poderá chegar a um milhão de casos diários, em curto prazo, até o final do mês de janeiro, a influenza H3N2 avança, no entanto, a maioria dos casos ainda é da covid 19 com a variante ômicron. A China estoca alimentos não está declarado que seja apenas pela questão da ômicron ou há algo mais.
O líder indígena Ailton Krenak, do povo da região devastada do rio Doce, disse em entrevista no programa Bom para Todos da TVT que falar em novo normal é muito próximo ao negacionismo, aquilo que precisa ser mudado e não é significa que achamos bom o estado anterior de despreocupação com a vida e com a natureza, é a própria natureza que nos impele a uma mudança de hábitos, a um novo modo de viver, e se não aprendermos rápido ficaremos presos a novas pandemias e crises cíclicas.
É assim mesmo, não tem como mudar, diz o discurso conformista, ou pior aquele que deseja devastando vidas voltar a uma normalidade ainda impossível não apenas devido a pandemia, mas agora também por uma realidade social sofrida e com apagões e dificuldades de reestruturação, como alerta Krenak não há novo normal é preciso lidar com a realidade por mais dura que ela seja.
Mesmo com a ausência de dados claros, desde o final de dezembro o Ministério da Saúde vive um apagão de dados, causado por hackers, porém não conseguiu se reestruturar, também a testagem e controle em atividades coletivas foram suavizadas, basta ir a qualquer evento social, a restaurantes ou igrejas, já não há medida de temperaturas e as necessárias observações de distanciamento, é o que chamamos aqui de negacionismo estrutural.
Espera-se alguma medida, mas de cima para baixo, parece uma política intencional, há um descontrole em ações e uma relativização da gravidade pandêmica.