Tempo de mudança na esfera cósmica
Um tempo de mudança real é sempre um tempo em que a natureza e a própria vida se transformam criando uma cosmogênese mais profunda que se desenvolve também na consciência, já chegamos a Marte com nossos aparatos e nos aproximamos de Vênus, na vida terrena já sabemos como os dinossauros foram extintos e de fato foi um meteoro, estudos do cosmos avançam.
Isto acontece porque a vida está ligada a consciência, e em fenomenologia ela é sempre consciência de algo, mas não está separada da metafísica na qual a própria concepção de Ser, de Natureza e de Cosmos evoluem, também no aspecto espiritual.
Um dos teólogos que nunca desvinculou a evolução espiritual da evolução da “espécie” foi Teilhard Chardin (aqui usamos um termo aristotélico-darwiniano não para confundir, mas para explicar), para ele, entretanto seguir a trilha da Patrística (os santos sábios do início da igreja) e da Escolástica (Tomás de Aquino, Santo Anselmo e agora o recuperado e santo Duns Escoto), o que acontece é a complexificação da Natureza na sua hominização (O Fenômeno Humano).
Aqui iniciamos a explicação do que chamamos de mutação aórgica, que pode acontecer em nova escala neste momento presente, não por causa do vírus mas do universo e da Natureza (aqui em maiúscula para torna-la também sacra), afirma Chardin na terra jovem nascente: “nas rochas mais sólidas, é possível distinguir, em vaga simetria com a metamorfose dos seres vivos, uma perpétua transformação das espécies minerais” (Chardin, 1965, p. 51), isto num primeiro momento levou-o a ser condenado como “panteísta”, porém uma leitura mais atenta, ele explica o processo.
A pré-vida estava imersa (poderíamos dizer já em germe) no átomo, mas onde já há vida, localiza-a espectro de elementos químicos no qual seus elementos vão se diferenciando (o termo químico para isto é polimerização, formação de macromoléculas pela união das outras mais simples), esta pré-vida “sobre os abismos do passado, observemos sua cor, que vai mudando. De era para era, o tom aviva-se. Algo irá rebentar-se sobre a Terra, não mais nascente, mas juvenil: a vida! Eis a Vida!” (Chardin, 1965, p. 58), a Terra teria permanecido bastante fria para que pudessem forma e subsistir, á sua superfície, as cadeias de moléculas carbonadas (molécula orgânica).
A Terra era então aquosa e nela começa a se formar aqui e ali, seres minúsculos, e uma espantosa massa de matéria organizada surge a última (ou melhor a penúltima) camada na ordem do tempo, dos invólucros do nosso planeta: a Biosfera (Chardin, 1965, p. 63).]
Esta evolução do inorgânico ao orgânico é a mutação chamada de Aórgica, e ela continuará, um dia ela poderá mudar a face do planeta e isto é parte da evolução humana também.
Os perigos de mudanças existem, não apenas por um vírus que obriga a natureza humana se adaptar, mas um asteróide (a causa apontada pela extinção dos dinossauros) pode nos atingir, o asteróide temido Apophis (foto), formado por uma gigantesca rocha existe e está sendo observado por astrônomos, sua aproximação temida será em 2029, claro não é previsto que nos atinja.
CHARDIN, Pierre Teilhard de. O fenômeno humano. São Paulo : Herder, 1965.