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Filosofia do testemunho

10 ago

A filosofia do testemunho (também, epistemologia do testemunho) considera a natureza da linguagem e a confluência do conhecimento, que ocorre quando as crenças são transferidas entre falantes e ouvintes por meio do testemunho. O testemunho constitui palavras, gestos ou declarações que transmitem crenças.

Conforme Nick (2023) o que sabemos do mundo: história, ciência, política, uns dos outros, etc. vem do testemunho de outras pessoas, embora seja indispensável para o conhecimento, especificar exatamente como somos capazes de aprender com a opinião de um falante é uma tarefa muito difícil, o que aponto pessoalmente é nossa capacidade de abrir e ouvir (ou ler).

Ainda sobre o autor o testemunho é a fonte básica da justificação, porém ela pode ser pode ser reduzida a uma combinação de outras fontes epistêmicas, como percepção memória e interferência?

Outra questão é: o testemunho pode gerar conhecimento ou apenas transmiti-lo?  

Ela pode ser entendida como algo apenas individual (no sentido que a justificação testemunhal de alguém depende inteiramente de fatores relacionados a si mesmo), ou deve ser vista como anti-individualista (no sentido que a justificação testemunhal depende de alguém, ao menos em parte, de fatores que tenham a ver com consigo mesmo) ?

Como entender o testemunho entre um especialista e um novato?

Os grupos testemunham? E se sim, como podemos aprender com a opinião de um grupo?

O que é o próprio testemunho? (uma vez que não se confunde com narrativa, mas vivência).

Em seu trabalho o autor esclarece que não são as únicas questões, cita outros autores como M. Fricker (2007) que leva a questão do crédito de testemunhos que dão origem a uma injustiça epistêmica, também há questões interessantes quanto a testemunhos oculares e a lei (Wells & Olson, 2003) e (Burrogghs & Tollefsen, 2016), e ainda testemunho e afirmação (Pagin, 2007 [2016]).

Há ainda quilo que considero particularmente importante que é uma literatura crescente sobre testemunho moral e estético, e o autor dá o exemplo da opinião de um amigo que acredita que comer carne assada é moralmente errado apenas porque seu amigo lhe diz.

Porém o autor se concentra nas questões apontadas mais acima.

O testemunho deve ser fermento de verdade e ter vivência do falante para ter credibilidade.

Burroughs, Michael D. and Deborah Tollefsen, 2016, “Learning to Listen: Epistemic Injustice and the Child”, Episteme, 13(3): 359–377, 2016.

Fricker, Miranda, Epistemic Injustice: Power and the Ethics of Knowing, Oxford: Oxford University Press, 2007.

Pagin, Peter, “Assertion”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2016 Edition), Edward N. Zalta (Ed.), 2007 [2016].

Wells, Gary L. and Elizabeth A. Olson, “Eyewitness Testimony”, Annual Review of Psychology, 54: 277–295, 2003.

 

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