RSS
 

Posts Tagged ‘pandemia’

Equilíbrio e calma em tempos de crise

08 mai

Visto o agravamento da crise pandêmica no Brasil e alguns países das Américas, a chegada do frio neste hemisfério e o esgotamento do Sistema de Saúde, sem o #LockOut preventivo, teremos que fazer agora uma intervenção emergencial, com as consequências que ela traz.
É preciso nesta situação uma disciplina que culturalmente não temos, uma consciência que nem sempre se entende bem o que é, só há a consciência de algo, e neste caso é a saúde pública e os cuidados extremamente necessários e urgentes para que a curva inicie um processo de recuo.
Aquelas pessoas que têm alguma espiritualidade, que conseguem nesta situação equilíbrio precisam ajudar o conjunto da população, defender os médicos, enfermeiros e pessoal de apoio que trabalham na saúde (motoristas, secretários, socorristas etc.) para ter condições de trabalho.
Existem diversas formas de encontrar o equilíbrio pessoal, exercícios físicos e respiratórios, leitura, música e relaxamento, porém o estado da alma é que conta mais, e na turbulência do perigo de uma pandemia, é essencial encontrar uma forma de espiritualidade, de pensamentos e de Ser.
Para os cristãos que creem na existência de um Deus onipotente e soberano sobre todas as coisas que regem suas vidas, sabe que a atitude interior é de passividade, de tolerância e de um profundo Amor a todos que o cercam, e nesta pandemia ter atitudes de proteção a todos.
O consolo de suas almas, para espiritualidades cristãs verdadeiras, é a crença no Amor de Deus.
Está escrito pelo evangelista João (Jo 14,1-2): “não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também [Jesus]. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós”, e sua morada terrena agora é refúgio.

 

Como reagir ao medo e a evolução da pandemia

07 mai

Conhecer nossas fragilidades e angústias é um caminho do autocontrole, porém digo o que é o medo e como podemos controlá-lo numa pandemia em que todos nos descobrimos frágeis podem ser pensados em 7 aspectos que são essenciais.
Uma reflexão do que causa estes sentimentos em nós é importante e a primeira atitude, um pouco de meditação e silêncio e nos perguntar qual a consciência que temos dos perigos e as atitudes frente a eles é fundamental, assim além das atitudes sanitárias corporais existem as mentais e/ou espirituais, sem as quais ficamos apontando culpados fora de nós.
A segunda já apontada na primeira é a consciência, lembrando que consciência é sempre, diz a fenomenologia, consciência de algo (ou da coisa do fenômeno) que significa o que nos causa medo, qual a sua origem, as fobias do passado, entes perdidos, relações sociais, etc.
O terceiro é entender que existe uma “coisa” na relação entre você e o outro que está na fronteira do seu medo, atribuí-lo ao outro é um escapismo, estudo o que causa o medo e não antecipe percepções, é o que se chama na fenomenologia de epoché, neste caso, colocar entre parêntesis.
Medos e fobias desembocam em ansiedades, e se ela já está presente como consequência do medo, controle das emoções e não torná-las caóticas e irracionais, é fundamental, dê um passo atrás, note se a relação com os outros não está indo para este caminho.
Compartilhe o medo com o outro, mas com mansidão e clareza, isto não me dá segurança ou não é aquilo que penso (não é sua consciência sobre a coisa), mas respeitando a visão do Outro.
Por último é claro um especialista pode ajudar, não sei o quanto eles estão inseridos no sistema de saúde, mas no momento de pico da pandemia estas sensações podem vir a tona e talvez seja o caso de solicitar ajuda de especialistas.
O importante também neste caso é o isolamento social, dar espaço a cada um, não cutucar as feridas e fragilidades do outro, ou o que é mais indigno, explorar justamente a fragilidade do outro desconhecendo que também temos a nossa e gostaríamos que fosse respeitada.

 

O medo entre a filosofia e a realidade

06 mai

É preciso diferenciar medo, angústia e ansiedade, aqueles que culpavam o mundo “virtual” (o virtual vem de virtus que é a raiz também de virtude) devem perceber na pandemia que não estavam corretos, é a situação de inapropriação que leva ao medo.

Também a angústia, outro sentimento típico nesta pandemia, é um sentimento ligado a não pertença ou não compreensão da realidade que se vive, pode-se dizer que é quase o contrário do medo já este gera uma impropriedade, isto é, não enfrentamos o problema ou o adiamos ou saímos pela positividade, assim ou aceleramos a vida, como um correr do “perigo”, ou somos otimistas, “isto passa” como se diz aos pequenos.

Deixamos a ansiedade para o fim, ela é o final de um ciclo, fizemos um post muito tempo atrás para explicar que não era correto atribuí-la a tecnologia a ela, há um livro chamado Ansiedade da Informação (Wurman, 1989) que trata o tema, entretanto, na psicologia ela é o final deste ciclo: medo, angústia (liga a um sistema de crenças ou outro) que chega a ansiedade e pode levar à síndrome do pânico ou à de Burnout, que realimenta o ciclo com o medo.

A primeira questão portanto é tratar o medo com a impropriedade combatendo-o com a-propriação, isto é, entender o que o causa, torná-lo consciente e com isto a etapa seguinte da angústia possa ser bloqueada, porque não fugiremos da realidade, a ideia de esconder ou ignorar os fatos é que realimenta este ciclo.

Não precisamos ser especialistas ou médico no caso da pandemia, para entender que algumas medidas são necessárias, que sem elas entramos uma angústia e isto sim pode levar ao stress do pânico, conscientes enfrentamos até mesmo o problema da internação ou das dificuldades sociais causadas pelo isolamento.

Também isto explica porque algumas pessoas que fazem apenas um raciocínio primário, caem no lugar comum de encontrar inimigos fictícios (a inapropriação os leva a angústia por estarem sem respostas) e na última etapa quando as fatalidades chegam, os levam ao pânico ou a síndrome de Burnout, assim faz todo sentido algumas claques que saem as ruas pedindo o fim do “isolamento”,  já é o pânico no estágio primário.

Como são as crenças e sistemas que levam a última etapa, trato o problema religioso, que nada tem a ver com espiritualidades que buscam o equilíbrio, e até mesmo em sugestões de psicólogos você vai encontrar tais como, faça uma autoanálise e tenha autocontrole, uma boa espiritualidade ajuda, um fanatismo religioso prejudica e acelera este processo.

 

#LockDown já

06 abr

Entramos numa semana decisiva da pandemia, em especial no Brasil, mas também em muitas partes do mundo o contágio chegará a zonas e países mais pobres, onde as condições sanitárias e a concentração de pessoas podem levar a maior tragédia humana, mas é semana da Páscoa e tenho esperança.
Um imenso #LockDown poderia produzir um efeito fulminante contra o contágio e isto auxiliaria o combate a pandemia, estudos de redes (no sentido da relação entre dois nós, neste caso é a proximidade de pessoas) mostram que o efeito rede existe, e a única possibilidade de interromper é criar clusters, setores isolados da sociedade e um único nó de contato produz efeito viral.
Carl Latkin além de ser um eminente infectologista que trabalha em programas de saúde Globais, é também um dos mais produtivos pesquisadores em Redes Sociais, nosso estudo de co-citações em trabalhos de Redes Socais demonstrou isto (um doutorado em andamento), porém um dado importante deste pesquisador é o que mostra a presença do HIV em homossexuais afro-americanos.
Este estudo feito com uma amostragem de 234 homens afro-americanos, mostrou que o fato de estarem em redes sexuais mais densas, estão mais propícios ao contágio.
A analogia com o COVID-19 é que as populações de periferia estão em redes populacionais mais densas e a relação no âmbito familiar é mais forte, por serem famílias mais numerosas, como não temos tempo para fazer amostragens locais, além do período de quarentena, estamos fazendo uma simulação e o risco é real, mesmo a equipe do ministério admite uma explosão do Covid-19.
Acontece que trabalhadores de apoio aos serviços essenciais: caminhoneiros, funcionários de limpeza e assistentes de centros médicos, secretárias, etc. vem da periferia e já o deslocamento é um problema, andam em ônibus lotados e sem condições necessárias de higienização.
A necessidade é urgente de um #LockDown durante esta semana do final da quaresma, não só os feriados podem ajudar, mas uma atitude política de enfrentamento frontal pode ajudar muito.
Carl Latkin, Cui Yang, Karin Tobin, Typhanye Penniman, Jocelyn Patterson, Pilgrim Spikes, “Differences in the Social Networks of African American Men Who Have Sex With Men Only and Those Who Have Sex With Men and Women”, American Journal of Public Health 101, no. 10 (October 1, 2011): pp. e18-e23.